A
NACIONALIDADE PORTUGUESA
DE
CRISTOVAM COLOMBO
NACIONALIDADE PORTUGUESA
DE
CRISTOVAM COLOMBO
Texto Integral
PALAVRAS DE ABERTURA
A importancia que de longe vem tomando o problema da nacionalidade de Christovam Colombo, disputada por genoveses e espanhoes, levou-nos com certo fundamento, baseados nos conhecimentos que os portuguezes sempre revelaram desde o inicio das descobertas realisadas atravez do mar mysterioso, e da primazia no encontro das terras mais remotas a lançar á publicidade esta obra, por todos os motivos notavel.
Não ha dúvida sobre a reputação creada na Europa pelos navegadores portuguezes desde os meados do seculo XV e o estabelecimento scientifico creado pelo genio do Infante D. Henrique, no Promontorio da costa do Algarve; como tambem é certa a estada cm Portugal, — centro e origem dos mais arrojados empreendimentos, de navegadores estrangeiros como Americo Vespucio, vindo aqui adquirir conhecimentos, sem os quaes, dificilmente poderiam exercer a profissão a que se destinavam.
Com a publicação do trabalho de Patrocinio Ribeiro, em portuguez e inglez, para mais largo conhecimento das suas deduções, cuidamos prestar um alto serviço á sciencia e verdade historica nem sempre respeitada e talvez, tendenciosamente deturpada.
O publico e o juizo critico dos historiadores, poderão avaliar melhor do que nós o fazemos, do criterio e razão scientifica contidos nos factos, mais que simples coincidencias, para levarem o malogrado e erudito escriptor a sustentar a nacionalidade portugueza de Christovam Colombo. Já em 1915 fôra apresentada à Academia de Sciencias de Portugal pelo mesmo auctor, uma memoria intitulada o Caracter mysterioso de Colombo e o problema da sua nacionalidade, estudo sensacional, mais tarde ampliado e admiravelmenie refundido, estudo que o notabilissimo publicista sr. Julio de Lemos, ilustre secretario perpetuo do Instituto Historico do Minho, considerou explendido titulo de imortalidade do seu modestissimo auctor. Por sua vez, aquele Instituto, dirigia a Patrocinio Ribeiro e á Academia, a par de agradecimentos as mais calorosas felicitações por tão brilhante como notavel escrito.
O trabalho presente, aumentado com outros estudos e novamente refundido, deverá constituir um glorioso padrão do patriotismo e profundo saber do eminente escritor.
Os espanhoes, provaram já, não ser Christovam Colombo, genovez; mas não provaram que fosse espanhol.
Consideram segura a afirmativa de ter nascido entre a Galiza e o Algarve, no extremo ocidental da Peninsula, documenta que publicamos em apendice, assim como alguns historiadores italianos reconhecem como oriundo de Portugal o irmão do famoso navegador, Bartholomeu Colombo, tambem não se provou até hoje, apezar das persistentes investigações dos mais notaveis historiadores espanhoes, que fosse Colombo natural da Galiza.
Restava então averiguar se era portuguez, o que ainda não haviam tentado os investigadores. Patrocinío Ribeiro, arguto e meticuloso, espirito dotado d’uma inteligente e bem formada competencia, provada em muitos trabalhos anteriores de incontestavel valor, executados pela paciente vontade d’um benedictino, estava designado a bem da verdade, para desvendar o mysterío.
Ou fosse pelas perseguições movidas em torno do seu genio audaz; ou pela pouca importancia que poderia representar para o desenvolvimento comercial da Europa, a descoberta de um imaginario caminho para as Indias pelo Ocidente, idealisado com interesse e fantasia por Colombo; o que é certo, é que os portuguezes, emprehendendo a execução de um largo plano estabelecido em Sagres, desde o conhecimento da forma esferica da terra, procuravam chegar á India pela costa da Africa, tendo descoberto o Cabo da Bôa Esperança 6 anos antes da expedição de Palos, com o fim de fazerem derivar para Portugal, o comercio riquissimo do lendario Oriente.
Os portuguezes não ambicionavam terras incultas e selvagens, que absorvessem gente e dinheiro; por esta razão repeliam os oferecimentos feitos mediante exigentes propostas, para a descoberta de terras que eles conheciam havia 29 anos, (desde 1463) antes, da primeira viagem de Colombo. Lá tinham estado os Côrte-Reaes, Alvaro Martins Homem, Afonso Sanches e muitos outros.
O objectivo era o caminho seguido em 1498 por Vasco da Gama; e certos disto, estavam os Portuguezes, prestando toda a atenção e louvor a esse extraordinario acontecimento, sobre o qual, Camões concebeu e realisou, a maravilhosa epopeia que permaneceu eterna; e Portugal, dedicou-lhe um esforço, que não lograram merecer outras descobertas — nem mesmo o Brasil.
No Seculo de 28 de Dezembro de 1926, publicou. o ilustre historiografo sr. Antonio Ferreira de Serpa um magnifico e bem documentado artigo, provando a descoberta da America dezenas de anos antes de Colomho, por navegadores portaguezes; e em 15 de Fevereiro do corrente ano o mesmo auctor; publica ainda sob o titulo A prioridade do descobrimento da America pelos portuguezes, um notabilissimo artigo em que o proprio Colombo, confessa ter sabido das expedições dos filhos do verdadeiro descobrídor, João Vaz Corte-Real, cujas indicações seguiu na sua viagem.
Em muitos pontos se confirma o criterio de Patrocnio Ribeiro, com eloquente demonstração e perfeito raciocinio que já não é possivel permanecer em dúvida.
Sendo como é caso largamente demonstrado e bem esclarecido quanta á questão da prioridade, toma maior destaque e mais se confirma n’esses artigos a provada nacionalidade tal como é apresentada pelo auctor d’esta obra.
Quando, porém, os italianos asseguram que o irmão de Colombo é Portuguez e os espanhoes teem como certo, ter este nascido na parte que vae da Galiza ao Algarve, o trabalho firmado por Patrocinio Ribeiro è uma obra altamente notavel e verdadeiramente sensacional. Todos os documentos que possam vir à luz da publicidade, e que a morte não consentiu a Patrocinio Ribeiro — infelizmente — o seu estudo, na casa da India em Espanha como na Torre do Tombo em Portugal, temos a convicção, que não darão senão maior relêvo a esta valiosa e interessantissima monografia.
Critico e historiador, contista e inspirado poeta, dispondo d’um estilo leve e limpido como a agua fresca dos regatos, corre nas paginas admiraveis dos trabalhos que Patrocinio Ribeiro nos legou, ora graciosos e alegres, ora de critica e de analise, tocados sempre pela luz brilhante do seu espirito e do seu talento.
Theofilo Braga, tinha pelo auctor da Nacionalidade Portugueza de Colombo, uma particular estima; admitindo-o em 14 de Maio de 1912 como socio da Academia de Sciencias de Portugal, por unanimidade de votos, depois d’esta ter apreciado a sua memoria, A verdadeira «Célia» de Sá de Miranda, como prova de talento, profundo saber e meticuloso estudo. Nessa comunicação, Patrocinio Ribeiro concluia, que Célia era a celebre poetisa Victoria Colonna, (Marqueza de Pescara) e não como afirmava Theofilo, Isabel Freire.
Délia, era uma personagem diferente e d’ela provinha, sem duvida, uma errada interpretação.
A 2 de Julho, apresenta Patrocinio áquela douta Academia os interessantissimos quesitos: O que é o genio? e em 30 do mesmo mez, a notavel monogrofia A bem-amada de Bernardim Ribeiro e as personagens secundarias da «Menina e Moça»; comentando n’este trabalho todos os raciocinios e documentação, para estabelecer o principio de que foi a poetisa de Almada, D. Leonor Mascarenhas, a bem-amada (Aonia), inspiradora musa do poeta bucolista e não Joana Tavares, mostrando-nos pelo entrecho da celebre novela em criptónimos e anagramas, as personagens de Joana, a louca, a imperatriz Isabel de Portugal, Margarida de Valois, Francisco I, Carlos V, Filippe I e Jacopo Sanazaro. Em Agosto de 1912 e Setemblo de 1913, sob a epigrafe de A ecloga II de Bernardim Ribeiro, retificava no Diario de Noticias a interpretação, a que juntou outros novos elementos biograficos; publicando em Novembro de 1920 um artigo no Seculo, em que prova a permuta de versos, entre o reformador da poesia lyrica em Portugal e a fermosa e mal empregada Lianor.
No espolio literario legado á posteridade, podémos tomar nota de muitas obras de incalculavel valor, que é necessario não deixar permanecer ineditos ou sepultados no pó do esquecimento, e, a par d’estas obras ainda alguns preciosos escriptos que merecem ser publicados. D’essa relação damos conhecimento publico, em homenagem ao auctor e em beneficio das letras nacionaes:
«Chrisfal», Apontamentos diversos (Inedito); «O auctor oculto do Chrisfal» (publicado); «Menina e Moça», celebre novela portugueza do seculo XVI, interpretada por Patrocinio Ribeiro, (Inedito): «O amôr lésbio atravez dos seculos» (Inedito); «Onomotografia» assignaturas (impresso); I, Diversos artigos publicados na Ilustração Portugueza; II, Artigos publicados em diversos jornaes; III, Artigos de colaboração em varios jornaes de Lisbôa e provincias: «Favo de Amôr», contos com um prefacio de Julio Dantas (Inedito); «O Sol de Africa», contos (Inedito); «A conjura dos sargentos» (Inedito); «Antologia dos Poetas Brasileiros» (Inedito): «A bem-amada de Bernardim Ribeiro» (lmpresso); «Amorosidade elaborativa de Gustavo Flaubert» (Impresso); «A verdadeira Célia de Sá de Miranda» (Impresso); «Eduardo Metzner», estudo biografico (Inedito); «Dicionario dos termos obscenos», coligidos em linguagem popular do nosso tempo por * * * (Inedito); «Colombo» (apontamentos varios); A nacionalidade Portugueza de Colombo» (publicado no Jornal da Europa); «Rocal de Vidrilhos», versos (Inedito); «Musa Ironica», versos escolhidos.
Nasceu Patrocinio Ribeiro na Ericeira, a 9 de julho de 1882; de compleição fraca e mediana estatura, a côr morena o nariz aquilino, formando uma curva com o prolongamento da testa, os olhos pequenos e perscrutadores de miope, sob o largo supercilio negro e cerrado; na boca um permanente e leve sorriso de amarga ironia e o inseparavel cigarro.
Foi socio correspondente da Academia de Sciencias de Portugal e socio da Associação dos Arqueologos. Estudou na Casa Pia: mas a sua persistencia e ancia de saber, dominaram-o sempre atravez da curta existencia.
Serviu na Inspecção das Bibliothecas, foi bibliotecario archivista na Escola Pratica de Infanteria em Mafra e á data do seu falecimento, em 2 de Dezembro de 1923, era escriturario no Archivo da Camara Municipal de Lisbôa.
Colaborou no Ocidente, O Seculo, Diario de Noticias, Jornal da Europa, A Capital, Ilustração Portugueza, Victoria e muitos outros jornaes da provincia.
Foi um incansavel lutador, torturado pela pertinacia d’uma bronchite e atormentado pela dolorida concentração do seu espirito, na absorção da propria materia. Alegre e quasi ingenuo como as crianças, foi antes de tudo um sonhador e um poeta como foi um profundo observador.
«A nacionalidade portugueza de Colombo» revela nas suas paginas cheias de saber e de logica o grande exemplo do seu patriotico intuito.
Lisbôa, Abril de 1927
Não ha dúvida sobre a reputação creada na Europa pelos navegadores portuguezes desde os meados do seculo XV e o estabelecimento scientifico creado pelo genio do Infante D. Henrique, no Promontorio da costa do Algarve; como tambem é certa a estada cm Portugal, — centro e origem dos mais arrojados empreendimentos, de navegadores estrangeiros como Americo Vespucio, vindo aqui adquirir conhecimentos, sem os quaes, dificilmente poderiam exercer a profissão a que se destinavam.
Com a publicação do trabalho de Patrocinio Ribeiro, em portuguez e inglez, para mais largo conhecimento das suas deduções, cuidamos prestar um alto serviço á sciencia e verdade historica nem sempre respeitada e talvez, tendenciosamente deturpada.
O publico e o juizo critico dos historiadores, poderão avaliar melhor do que nós o fazemos, do criterio e razão scientifica contidos nos factos, mais que simples coincidencias, para levarem o malogrado e erudito escriptor a sustentar a nacionalidade portugueza de Christovam Colombo. Já em 1915 fôra apresentada à Academia de Sciencias de Portugal pelo mesmo auctor, uma memoria intitulada o Caracter mysterioso de Colombo e o problema da sua nacionalidade, estudo sensacional, mais tarde ampliado e admiravelmenie refundido, estudo que o notabilissimo publicista sr. Julio de Lemos, ilustre secretario perpetuo do Instituto Historico do Minho, considerou explendido titulo de imortalidade do seu modestissimo auctor. Por sua vez, aquele Instituto, dirigia a Patrocinio Ribeiro e á Academia, a par de agradecimentos as mais calorosas felicitações por tão brilhante como notavel escrito.
O trabalho presente, aumentado com outros estudos e novamente refundido, deverá constituir um glorioso padrão do patriotismo e profundo saber do eminente escritor.
Os espanhoes, provaram já, não ser Christovam Colombo, genovez; mas não provaram que fosse espanhol.
Consideram segura a afirmativa de ter nascido entre a Galiza e o Algarve, no extremo ocidental da Peninsula, documenta que publicamos em apendice, assim como alguns historiadores italianos reconhecem como oriundo de Portugal o irmão do famoso navegador, Bartholomeu Colombo, tambem não se provou até hoje, apezar das persistentes investigações dos mais notaveis historiadores espanhoes, que fosse Colombo natural da Galiza.
Restava então averiguar se era portuguez, o que ainda não haviam tentado os investigadores. Patrocinío Ribeiro, arguto e meticuloso, espirito dotado d’uma inteligente e bem formada competencia, provada em muitos trabalhos anteriores de incontestavel valor, executados pela paciente vontade d’um benedictino, estava designado a bem da verdade, para desvendar o mysterío.
Ou fosse pelas perseguições movidas em torno do seu genio audaz; ou pela pouca importancia que poderia representar para o desenvolvimento comercial da Europa, a descoberta de um imaginario caminho para as Indias pelo Ocidente, idealisado com interesse e fantasia por Colombo; o que é certo, é que os portuguezes, emprehendendo a execução de um largo plano estabelecido em Sagres, desde o conhecimento da forma esferica da terra, procuravam chegar á India pela costa da Africa, tendo descoberto o Cabo da Bôa Esperança 6 anos antes da expedição de Palos, com o fim de fazerem derivar para Portugal, o comercio riquissimo do lendario Oriente.
Os portuguezes não ambicionavam terras incultas e selvagens, que absorvessem gente e dinheiro; por esta razão repeliam os oferecimentos feitos mediante exigentes propostas, para a descoberta de terras que eles conheciam havia 29 anos, (desde 1463) antes, da primeira viagem de Colombo. Lá tinham estado os Côrte-Reaes, Alvaro Martins Homem, Afonso Sanches e muitos outros.
O objectivo era o caminho seguido em 1498 por Vasco da Gama; e certos disto, estavam os Portuguezes, prestando toda a atenção e louvor a esse extraordinario acontecimento, sobre o qual, Camões concebeu e realisou, a maravilhosa epopeia que permaneceu eterna; e Portugal, dedicou-lhe um esforço, que não lograram merecer outras descobertas — nem mesmo o Brasil.
No Seculo de 28 de Dezembro de 1926, publicou. o ilustre historiografo sr. Antonio Ferreira de Serpa um magnifico e bem documentado artigo, provando a descoberta da America dezenas de anos antes de Colomho, por navegadores portaguezes; e em 15 de Fevereiro do corrente ano o mesmo auctor; publica ainda sob o titulo A prioridade do descobrimento da America pelos portuguezes, um notabilissimo artigo em que o proprio Colombo, confessa ter sabido das expedições dos filhos do verdadeiro descobrídor, João Vaz Corte-Real, cujas indicações seguiu na sua viagem.
Em muitos pontos se confirma o criterio de Patrocnio Ribeiro, com eloquente demonstração e perfeito raciocinio que já não é possivel permanecer em dúvida.
Sendo como é caso largamente demonstrado e bem esclarecido quanta á questão da prioridade, toma maior destaque e mais se confirma n’esses artigos a provada nacionalidade tal como é apresentada pelo auctor d’esta obra.
Quando, porém, os italianos asseguram que o irmão de Colombo é Portuguez e os espanhoes teem como certo, ter este nascido na parte que vae da Galiza ao Algarve, o trabalho firmado por Patrocinio Ribeiro è uma obra altamente notavel e verdadeiramente sensacional. Todos os documentos que possam vir à luz da publicidade, e que a morte não consentiu a Patrocinio Ribeiro — infelizmente — o seu estudo, na casa da India em Espanha como na Torre do Tombo em Portugal, temos a convicção, que não darão senão maior relêvo a esta valiosa e interessantissima monografia.
Critico e historiador, contista e inspirado poeta, dispondo d’um estilo leve e limpido como a agua fresca dos regatos, corre nas paginas admiraveis dos trabalhos que Patrocinio Ribeiro nos legou, ora graciosos e alegres, ora de critica e de analise, tocados sempre pela luz brilhante do seu espirito e do seu talento.
Theofilo Braga, tinha pelo auctor da Nacionalidade Portugueza de Colombo, uma particular estima; admitindo-o em 14 de Maio de 1912 como socio da Academia de Sciencias de Portugal, por unanimidade de votos, depois d’esta ter apreciado a sua memoria, A verdadeira «Célia» de Sá de Miranda, como prova de talento, profundo saber e meticuloso estudo. Nessa comunicação, Patrocinio Ribeiro concluia, que Célia era a celebre poetisa Victoria Colonna, (Marqueza de Pescara) e não como afirmava Theofilo, Isabel Freire.
Délia, era uma personagem diferente e d’ela provinha, sem duvida, uma errada interpretação.
A 2 de Julho, apresenta Patrocinio áquela douta Academia os interessantissimos quesitos: O que é o genio? e em 30 do mesmo mez, a notavel monogrofia A bem-amada de Bernardim Ribeiro e as personagens secundarias da «Menina e Moça»; comentando n’este trabalho todos os raciocinios e documentação, para estabelecer o principio de que foi a poetisa de Almada, D. Leonor Mascarenhas, a bem-amada (Aonia), inspiradora musa do poeta bucolista e não Joana Tavares, mostrando-nos pelo entrecho da celebre novela em criptónimos e anagramas, as personagens de Joana, a louca, a imperatriz Isabel de Portugal, Margarida de Valois, Francisco I, Carlos V, Filippe I e Jacopo Sanazaro. Em Agosto de 1912 e Setemblo de 1913, sob a epigrafe de A ecloga II de Bernardim Ribeiro, retificava no Diario de Noticias a interpretação, a que juntou outros novos elementos biograficos; publicando em Novembro de 1920 um artigo no Seculo, em que prova a permuta de versos, entre o reformador da poesia lyrica em Portugal e a fermosa e mal empregada Lianor.
No espolio literario legado á posteridade, podémos tomar nota de muitas obras de incalculavel valor, que é necessario não deixar permanecer ineditos ou sepultados no pó do esquecimento, e, a par d’estas obras ainda alguns preciosos escriptos que merecem ser publicados. D’essa relação damos conhecimento publico, em homenagem ao auctor e em beneficio das letras nacionaes:
«Chrisfal», Apontamentos diversos (Inedito); «O auctor oculto do Chrisfal» (publicado); «Menina e Moça», celebre novela portugueza do seculo XVI, interpretada por Patrocinio Ribeiro, (Inedito): «O amôr lésbio atravez dos seculos» (Inedito); «Onomotografia» assignaturas (impresso); I, Diversos artigos publicados na Ilustração Portugueza; II, Artigos publicados em diversos jornaes; III, Artigos de colaboração em varios jornaes de Lisbôa e provincias: «Favo de Amôr», contos com um prefacio de Julio Dantas (Inedito); «O Sol de Africa», contos (Inedito); «A conjura dos sargentos» (Inedito); «Antologia dos Poetas Brasileiros» (Inedito): «A bem-amada de Bernardim Ribeiro» (lmpresso); «Amorosidade elaborativa de Gustavo Flaubert» (Impresso); «A verdadeira Célia de Sá de Miranda» (Impresso); «Eduardo Metzner», estudo biografico (Inedito); «Dicionario dos termos obscenos», coligidos em linguagem popular do nosso tempo por * * * (Inedito); «Colombo» (apontamentos varios); A nacionalidade Portugueza de Colombo» (publicado no Jornal da Europa); «Rocal de Vidrilhos», versos (Inedito); «Musa Ironica», versos escolhidos.
Nasceu Patrocinio Ribeiro na Ericeira, a 9 de julho de 1882; de compleição fraca e mediana estatura, a côr morena o nariz aquilino, formando uma curva com o prolongamento da testa, os olhos pequenos e perscrutadores de miope, sob o largo supercilio negro e cerrado; na boca um permanente e leve sorriso de amarga ironia e o inseparavel cigarro.
Foi socio correspondente da Academia de Sciencias de Portugal e socio da Associação dos Arqueologos. Estudou na Casa Pia: mas a sua persistencia e ancia de saber, dominaram-o sempre atravez da curta existencia.
Serviu na Inspecção das Bibliothecas, foi bibliotecario archivista na Escola Pratica de Infanteria em Mafra e á data do seu falecimento, em 2 de Dezembro de 1923, era escriturario no Archivo da Camara Municipal de Lisbôa.
Colaborou no Ocidente, O Seculo, Diario de Noticias, Jornal da Europa, A Capital, Ilustração Portugueza, Victoria e muitos outros jornaes da provincia.
Foi um incansavel lutador, torturado pela pertinacia d’uma bronchite e atormentado pela dolorida concentração do seu espirito, na absorção da propria materia. Alegre e quasi ingenuo como as crianças, foi antes de tudo um sonhador e um poeta como foi um profundo observador.
«A nacionalidade portugueza de Colombo» revela nas suas paginas cheias de saber e de logica o grande exemplo do seu patriotico intuito.
Lisbôa, Abril de 1927
OS SEUS AMIGOS
3 comentários:
Quem é João C."oelho" da Silva de Jesus?
Para a solução do enigma, recomendo o recurso à Cabala.
"Quem é João C."oelho" da Silva de Jesus?"
É uma pessoa que se esconde por traz do anonimato e do ónus da prova! Não interessa saber quem ele é!
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