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terça-feira, 11 de setembro de 2007

Filipa Moniz - especulação em torno dum fragmento

O documento que tem estado em causa nos últimos tempos, sendo apresentado como um fragmento sem qualquer referência arquivística esconde o sentido integral do seu conteúdo. Como tal não permite a sua total compreensão e nesta forma o seu valor é completamente nulo.
No entanto, tendo-o por base, vou-me permitir algumas especulações.


Neste fragmento consta uma data muito interessante e poderá lançar por terra alguma da pseudo-história que tem sido apresentada como história.
Logo na segunda linha apresenta a expressão cuja grafia actualizada reza o seguinte: «trinta e cinco anos quatro dias do mês de Janeiro», pelo que se presume terem-se reunido a partes deste contrato no dia 4 de Janeiro de 1435.
  • Filipa Moniz, esposa de Cristóvão Colombo, foi mãe de Diogo Colombo, em 1475, 1476, 1479 ou 1480 – os autores variam sobre esta data.
  • Presumindo que o acto referenciado no documento é no ano 1435 (pois em 1535 Filipa Moniz estava morta e enterrada há muito tempo) vão deste ano a 1475 quarenta anos, ou 45 anos se se considerar o ano de 1480.
  • Para Filipa Moniz, mulher de Cristóvão Colombo, participar ou ser referida num acto notarial deste género deverá estar já na idade da razão, digamos 15 anos, pelo que em 1475 terá 55 anos de idade e em 1480 já será sexagenária, mas mesmo que tenha só 10 anos de idade, é fácil de fazer as contas…
  • Qual a idade limite da fertilidade feminina no século XV?
  • Cristóvão Colombo, da mais alta nobreza bastarda, se não mesmo bastardo da realeza, não arranjou esposa mais jovem para casar?
  • Casaria Cristóvão Colombo com uma mulher, quiçá, trinta anos mais velha?



    Adenda (12-9-2007):
    Já que Manuel Rosa resolveu tornar pública a existência dum documento que alegadamente resolve as dúvidas existentes sobre Filipa Moniz, pede-se aqui publicamente que dê a referência arquivística do dito de modo a proceder-se à verificação do mesmo. Pois só as provas verificáveis são admissíveis na ciência.

    sábado, 24 de fevereiro de 2007

    Cristóvão Colombo – de volta ao positivismo

    Chegou a altura de se pôr de lado as picardias e começar a analisar seriamente a ideia de ser Cristóvão Colombo português. Por isso tem de se começar pelo princípio e ver o que dizem as fontes.

    1.º Qual é o documento que diz ser Cristóvão Colombo natural de Colos?
    2.º Qual é o documento que diz ser Cristóvão Colombo natural de Cuba?
    3.º Qual é o documento que diz ter Cristóvão Colombo a naturalidade portuguesa?
    4.º Qual é o documento que diz o nome dos pais de Cristóvão Colombo?
    5.º Qual é o documento que diz ter Cristóvão Colombo casado com Filipa Moniz?
    6.º Qual é o documento que diz ser Cristóvão Colombo parente da família real portuguesa?
    7.º Qual é o documento que diz que Cristóvão Colombo não é Cristóvão Colombo?
    8.º Qual é o documento que dá a chave de decifração da putativa assinatura críptica de Cristóvão Colombo?
    9.º Qual é o documento que diz ter estado Cristóvão Colombo ao serviço do Rei de Portugal?
    10.º Qual é o documento que diz ser Cristóvão Colombo um agente secreto?

    Auguste Comte (1798-1857)

    Mais perguntas ficam para já por fazer e outras far-se-ão posteriormente na sequência e decorrentes das presentes.
    Faz-se notar que a ausência de resposta a estas perguntas deitam por terra qualquer possibilidade de se afirmar ser Cristóvão Colombo português, parente da família real e agente secreto.
    Chama-se, também, a atenção que por documento se quer designar o que os historiadores denominam de fonte primária.

    sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

    Cristóvão Colombo - Salvador Fernandes Zarco ou Salvador Henriques Zarco?

    Acredito que Cristóval Cólon era filho do Infante D. Henrique...
    «TESE DE MANUEL ROSA [Picoense]: “Colombo, espião e português”», entrevistado por Rui Messias, Diário Insular, Angra do Heroísmo, 11 Fev. 2007.


    Houve um autor que desejou que Cristóvão Colombo tivesse origens nobres e por isso atribuiu-lhe como progenitor o infante D. Fernando, baptizando-o – ou circuncidando-o – com o nome de Salvador Fernandes Zarco.
    Nesta tese existe pouca coisa de coerente e racional, mas se há algo de lógico, por retorcido que seja, é o patronímico Fernandes, que significa filho de Fernando.
    Manuel Rosa apoia firmemente esta posição, achando ser a melhor hipótese para o verdadeiro nome de Cristóvão Colombo português. No entanto, vem agora dizer crer que o Almirante era filho (necessariamente tardio) do infante D. Henrique, pondo de lado o pouco que de lógico havia na certeza do primeiro autor acima referido: o Fernandes.
    Assim, seguindo esta linha de raciocínio – que se sabe ser muito fraco –, a hipótese mais provável para o nome secreto português do descobridor do Novo Mundo deverá ser Salvador Henriques Zarco, já que Henriques é o patronímico de... Henrique.
    Este novo nome deita por terra o esforço de decifração cabalística que levou ao Fernandes, tal como também já tinham caído por terra todos os outros nomes anteriores originados pelo mesmo processo irracional. Uma outra alternativa é voltar à lúdica Cabala e tentar sacar dela novos designativos, caso em que teremos certamente um patronímico Henriques, embora ainda não se consiga imaginar que outros nomes e apelidos o poderão acompanhar.

    Esta é a minha contribuição para o aumento da confusão da onomástica colombina, a qual regista já – e enunciando rapidamente de memória – os seguintes nomes: Cristóvão de Colos (e estranhamente não de Cuba), Simão Palha, Salvador Gonçalves Zarco, Salvador Fernandes Zarco e Salvador Henriques Zarco, este último condicionado às considerações feitas no parágrafo anterior.

    quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

    Colombo porque genovês NÃO tem que ser o Colombo tecelão

    Continuamos a verificar no mundo da Pseudo-História em Portugal uma deliberada tendência para identificar a informação coeva, portuguesa e internacional, da naturalidade de Colombo como sendo italiana, e dos Estados de Génova, com aquela mais tarde produzida pela historiografia do sc. XIX, no tempo da história nacionalista, a que chamam do "Colombo tecelão". Esta última vem procurando documentá-lo desde então como tendo vivido na própria cidade de Génova. É a tese clássica oitocentista ainda ensinada em Itália, e nos EUA, a que os italianos hodiernos começam a chamar de tese purista, como referimos em artigo anterior neste blogue.

    Sendo o nome Colombo comum em Itália, e existindo documentadas homonímias entre vários Colombos quatrocentistas, chamam os da Pseudo-História a este Colombo da cidade de Génova de Colombo tecelão, aferrando-se a que é a este que a historiografia portuguesa se refere...

    No entanto, como já aqui tínhamos dito desde o início, são duas coisas, dois pontos inteiramente distintos. Podemos documentar que D. Afonso Henriques nasceu português, mas não temos ainda a certeza absoluta, documentada, em qual das localidades nasceu o Conquistador. Guimarães, como dizia a historiografia tradicional? Viseu (2), como tem vindo a procurar documentar o Dr. Almeida Fernandes?

    A História faz-se através da análise serena dos pontos em causa, e misturá-los deliberadamente é pura demagogia, ao serviço de interesses mais de advogado hábil, embora talvez não escrupuloso, do que de historiador digno desse nome. E dado vermos persistir esta deliberada confusão em quanto vamos vendo publicar por essa Rede fora, resolvemos como adequado postar estas palavras, apesar de repetidas, a fim de pelo seu título lhes conseguir dar a necessária indexação nos motores de busca. A táctica da Pseudo-História, também nisso semelhante à dos bons advogados de barra, passa por tentar desacreditar as fontes e estudos coevos, atacando especialmente, ao que parece, Rui de Pina. E esquecendo deliberadamente que Rui de Pina conheceu pessoalmente Cristóvão Colombo, e que independentemente das circunstâncias que tenha vivido no seu tempo, como cronista-mor, o seu testemunho é ratificado por todos os outros, internacionais e contemporâneos.

    Túmulo do Doutor João Afonso das Regras

    Alguns exemplos de falácias passadas a sofismas deste tipo perduraram na História até hoje. Na História de Portugal, um dos mais importantes aparenta ter sido do grande Doutor João das Regras (1), que precisando apresentar às Cortes reunidas em Coimbra o trono português como vago, a fim de fazer eleger o Mestre, discorreu largamente negando a validade dos casamentos de D. Pedro I com D. Inês de Castro, e do Rei Formoso com D. Leonor Teles. Por esse facto singelo, e que na altura conveio ao interesse político do País, continua a não ser devidamente colocado na cronologia dos reinados em Portugal o de D. Beatriz, rainha legítima e efectiva entre 1383 e 1385, sob a regência de sua mãe D. Leonor Teles de Meneses.

    Citamos este caso, um entre muitíssimos, tentando demonstrar até que ponto um sofisma se pode assim enraizar, e até que ponto se pode vir a tornar História Oficial. E por isso, tanto os sofismas e falácias do passado consignados ainda hoje nos compêndios escolares, como as novas propostas demagógicas que prentendam estabelecer novas teorias sem pés para andar, como a do Colombo português, devem ser firmememte combatidas.

    A persistência desta confusão afigura-se-nos agora já deliberada, e como tal, um sofisma.

    ----------------
    1) Doutor em Leis por Bolonha, enteado do chanceler Álvaro Pais, com quem colaborou na revolução de 1383-85, Protector da Universidade de Lisboa, D. Prior da Colegiada de Guimarães, chanceler-mor do Reino, ficou famoso por ter elaborado a teoria jurídica tendente a demonstrar que a Coroa se encontrava vaga, permitindo a eleição do Mestre de Aviz, nas Cortes de Coimbra. Cf. http://atelier.hannover2000.mct.pt/~pr511/drjoaoreg.html
    2) Cf. Fernandes, A. de Almeida (1994) – Viseu, Agosto de 1109 - Nasce D. Afonso Henriques, Viseu, 1993, e http://www.triplov.com/biblos/fernan.htm

    terça-feira, 30 de janeiro de 2007

    A Falácia, o Sofisma, e o Discurso Invertido na Pseudo-História

    Baseando-se como sabemos a Pseudo-História, ramo da Pseudo-Ciência (5), em grande parte na falácia (1), encontrámos ser interessante e exercício muito curioso o poder definir com propriedade os seus diferentes tipos, sistematizados, de que geralmente nem nos damos conta ao percorrer textos prenhes deles. É evidente que nem só a Pseudo-História utiliza a falácia, e ademais o sofisma (4), também os discursos políticos, os enunciados jurídicos, as propagandas comerciais, e até as conversas informais deles podem abusar largamente.
    O que distingue a falácia do sofisma? A intenção deliberada de enganar, presente no segundo, e que se presume estar ausente da primeira. E neste mais recente formular do conceito definindo um sofisma, pode não estar envolvida a Pseudo-História, quando apresentada de boa fé. Mas está-o sem dúvida se considerarmos apenas o mais antigo significado de sofisma (4).


    Alegoria ao Sofisma, por Vanko Vukeljic

    Mais curiosa ainda será uma eventual associação, que deixamos ao critério dos leitores, da falácia com a teoria do discurso invertido que recentemente veio propor o australiano David John Oates. É evidente que se se considerar apenas o discurso invertido horizontalmente, ou seja, como uma segunda comunicação real veiculada subjectiva e ocultamente do emissor ao receptor da comunicação, podemos esquecer-nos que para qualquer comunicado existe sempre a sua recepção verticalizada ad adversum, ou seja, apreendida contra o sentido do informado, aceitando-se o seu oposto.
    Passamos então a transcrever a sistematização proposta da falácia (2):

    "FALÁCIAS INFORMAIS - são argumentos em que as premissas não sustentam a conclusão em virtude de deficiências no conteúdo, o erro provém da matéria ou conteúdo do raciocínio.

    1 . Falácias da irrelevância - As premissas não são relevantes para sustentar as conclusões.

    2 . Falácias da insuficiência de dados - As premissas não fornecem dados suficientes par garantir a verdade das conclusões.

    3 . Falácias da ambiguidade - As premissas estão formuladas numa linguagem ambígua.

    1 . Falácias da irrelevância

    - Falácia ad baculum ou recurso à força - Argumento que recorrem a formas de ameaças como meio de fazer aceitar uma afirmação.

    - Falácia ad hominem ou contra a pessoa - Argumento que pretende mostrar que uma afirmação é falsa, atacando e desacreditando a pessoa que a emite.

    - Falácia da ignorância - Argumento que consiste em refutar um enunciado, só porque ninguém provou que é verdadeiro, ou em defendê-lo, só porque ninguém conseguiu provar que é falso.

    - Falácia da Misericórdia - Argumento que consiste em pressionar psicologicamente o auditório, desencadeando sentimentos de piedade ou compaixão.

    - Falácia ad populum ou falácia populista - Criação de um ambiente de entusiasmo e encantamento que propicie a adesão a uma determinada tese ou produto, cuja origem ou apresentação se devem a uma pessoa credora de popularidade.

    - Falácia ex populum ou falácia demagógica - Argumento que pretende impor determinada tese, invocando que ela é aceite pela generalidade das pessoas.

    - Falácia ad verecundiam ou falácia da autoridade - Argumento que pretende sustentar uma tese unicamente apelando a uma personalidade de reconhecido mérito.

    2 . Falácias da insuficiência de dados

    Trata-se de proceder a generalizações, partindo de observações insuficientes ou não representativas.

    - Falácia da generalização precipitada - Enunciar uma lei ou regra geral a partir de dados não representativos ou insuficientes. Este tipo de falácia pode assumir duas formas: enumeração incompleta e acidente convertido.

    Enumeração incompleta - Argumento que consiste em induzir ou generalizar a partir de observações insuficientes

    Acidente convertido - Argumento que consiste em tomar por essencial o que é apenas acidental, por regular ou frequente o que é excepcional.

    - Falácia da falsa causa - pode interpretar-se de duas maneiras: Non causa pro causa (não causa pela causa) e Post hoc, ergo propter hoc (depois de, logo por causa de)

    Non causa pro causa (não causa pela causa) - falácia que consiste em atribuir a causa de um fenómeno a outro fenómeno, não existindo entre ambos qualquer relação casual.

    Post hoc, ergo propter hoc (depois de, logo por causa de) - falácia que consiste em atribuir a causa de um fenómeno a outro fenómeno, pela simples razão de o preceder. Exemplo: Se um desportista tomou certa bebida antes da competição e se saiu vencedor, pode inferir que essa bebida funciona como "poção mágica" e passar a tomá-la antes de todos os jogos.

    - Falácia da falsa analogia - Forma de inferência que consiste em tirar conclusões de um objecto ou de uma situação para outra semelhante, sem reparar nas diferenças significativas.

    - Falácia da petição de princípio - Forma de inferência que consiste em adoptar, para premissa de um raciocínio, a própria conclusão que se quer demonstrar.

    - Falácia da pergunta complexa - Consiste em adicionar duas perguntas ou fazer uma pergunta que pressupõe uma resposta previamente dada, de modo a que o interlocutor fique numa situação embaraçosa, quer responda afirmativa ou negativamente.

    3 . Falácias da ambiguidade

    - Falácia da equivocidade - Consiste em introduzir num argumento um termo com duplo sentido, o que conduz a conclusões erradas.

    - Falácia da divisão - Argumento que atribui aos elementos isolados uma propriedade que é pertença colectiva da classe em que esses elementos se integram.

    - Falácia da falsa dicotomia - Apresentação de duas alternativas como sendo as únicas existentes em dado universo, ignorando ou omitindo outras possíveis.

    - Falácia do espantalho - Consiste em atribuir a outrem uma opinião fictícia ou em deturpar as suas afirmações de modo a terem outro significado.

    - Falácia da derrapagem - Argumento que, introduzindo pequenas diferenças entre cada uma das premissas condicionais ou equivalentes, leva a uma conclusão despropositada.

    - Falácia de anfibologia - é uma ambiguidade sintáctica. Há anfibologia quando uma frase permite duas ou mais interpretações. Há falácia por não haver estabilidade de sentido. Muitos slogans entram nesta categoria de falácias...".

    ___________________________


    1) Segundo o dicionário em linha Priberam, falácia vem de falar; trata-se de um s. f., expressando a qualidade do que é falaz; falatório; palração; gritaria. Palavra oriunda do latim falacia significando engano, ardil, burla.
    2) Um interessante artigo contendo a sistematização das várias formas usitadas de falácia, deixou infelizmente de estar acessivel na Internet. Este facto nos levou a utilizá-lo aqui como valiosa ferramenta que convem ficar disponível para análise das várias deficiências dos textos de investigação pseudo-histórica.
    3) Sobre a teoria do Discurso Invertido de David John Oates, cf. http://brazil.skepdic.com/discursoinvertido.html,
    http://www.reversespeech.com/home.htm, e http://en.wikipedia.org/wiki/David_John_Oates.
    4) Vidé
    http://www.priberam.pt/dlpo/definir_resultados.aspx?pal=sofisma, e http://pt.wikipedia.org/wiki/Sofisma.
    Na Wiki lusófona definem actualmente sofisma como sendo um "... um raciocínio aparentemente válido, mas inconclusivo, pois é contrário às suas próprias leis. Também são considerados sofismas os raciocínios que partem de premissas verdadeiras ou verosímeis, mas que são concluídos de uma forma inadmissível ou absurda. Por definição, o sofisma tem o objetivo de dissimular uma ilusão de verdade, apresentado-a sob esquemas que parecem seguir as regras da lógica. Historicamente o termo sofisma, no seu primeiro e mais comum significado, é equivalente ao paralogismo matemático, que é uma demonstração aparentemente rigorosa que, todavia, conduz a um resultado nitidamente absurdo...".
    5)
    Um dos principais argumentos usitados pelos pseudo-historiadores é o de não atribuir à História a sua categoria de ciência; confundindo a inexactidão passível de existir na interpretação das fontes com o rigor empírico exigido na sua definição e manuseio. Isto deve-se também em grande parte à sua ignorância ou desprezo da metodologia exigida para os trabalhos dignos da qualificação historicista poderem ser validados pela Comunidade Científica. Confundem pois a liberdade de interpretação dos factos já documentados com o trabalho empírico da sua colheita documental e exegese crítica das fontes assim organizadas, únicas passíveis de serem utilizadas pelo historiador. A utilização indevida da palavra historiador pelos leigos tem obrigado os verdadeiros historiadores a preferirem a designação de investigadores... da mesma forma que os Doutores foram obrigados a refugiar-se no eufemismo Professor Doutor. Ao considerarem impossivel atingir-se em História conclusões seguras, exactas, ficam-se os pseudo-historiadores naquilo a que no artigo anterior chamámos de filosofia da História, ou seja, tentando alcançar a História como os filósofos procuravam alcançar a Sabedoria.

    segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

    História Colombina, ou Filosofia Colombina?

    A diferença entre a História, uma ciência reconhecida como tal desde o século XIX, e a Filosofia, o núcleo restante de todo o conhecimento residual depois de dela emergidas e tornadas independentes as diferentes ciências, é consabida. Uma ocupa-se do estudo do passado da Humanidade, baseando-se não só em documentos credíveis, conjugados, depois de crivados pela sua necessária exegese crítica; a outra, dispensando as fontes, procura alcançar novos caminhos cognitivos através de especulação mental diversa, apoiando-se em novas ideias que se procuram sistematizar em diferentes modelos.

    Na Filosofia, ao contrário da História, não contam primacialmente os resultados do filosofar, conta acima de tudo o próprio acto de filosofar... valoriza-se o caminho, o estar indo, o ir descobrindo, sem nunca alcançar senão parcialmente conclusões, que necessariamente hão-de ser sempre meras etapas da manifestação do conhecimento abstracto em si próprio, que se deseja ir materializando em estruturas mentais compreensíveis ao Homem. Em História, muito pelo contrário, valorizam-se acima de tudo os resultados, apresentados sempre de forma provisória, sim, mas factual e organizadamente em sistema lógico e coerente.

    Se nova documentação poderá surgir posteriormente sobre um dado assunto histórico, que obrigue à sua revisão, ou interpretação, esse novo ou novos conjuntos documentais terão que formar sentido com os restantes documentos anteriormente aceites como válidos, ou de maior número ou importância. Excepto se se provar que toda essa documentação anterior era falsa ou mal interpretada, claro. Ora uma coisa é a História, ou seja, a cronologia sistematizada no tempo e no espaço dos acontecimentos conformes à melhor documentação, outra a Filosofia da História, em que nos é permitido divagar com estruturas e sistemas cognitivos que nos permitam abordar de novas formas a sistematização desses mesmos conhecimentos factuais.

    Muito outro é portanto o escopo da História, a quem cabe a árdua e ingrata tarefa de explicar o passado à luz das suas fontes, permitindo-nos recolher dados com valor para a explicação do presente.

    É nossa convicção profunda, diante de verborreias indiscriminadas que não têm em conta a documentação validada coerente e coesa, mas apenas o amor a "estar no caminho, cada vez mais disperso e vago, caótico, mesmo, da verdade a alcançar apenas hipoteticamente num futuro mais do que entrevisto, desejado", que a Pseudo-História Colombina do presente apenas pretende baralhar os dados, confundir os espíritos, com propósitos filosóficos de permitir sempre novas e melhores especulações baseadas sobre factos já dados como irrelevantes, mal enquadrados ou compreendidos... ou pior, agir em mera propaganda, que se queira fazer passar por historicista... junto dos leigos, e daqueles que se deixem vencer pelo cansaço dos seus argumentos contumazes que não aceitam terem ficado destruidos, depois de bastamente desmontados...

    Assim, a relação da Pseudo-História para com a História tem que ver, no campo restrito do estudo da realidade passada que permite explicar-nos o nosso presente, com a mesma dissonância que desde o primeiro tempo do som uno universal (2) emergindo do silêncio cósmico mostrou ter o Caos (ou Desordem) para com o Universo (ou Ordem) (1). Uns estudam e divulgam desordenamente enquanto estudam o que ainda não sabem... e desejam seja contrário ao já dado como provado; outros aguardam e publicam apenas serenamente as conclusões factualmente irrefutáveis, ou que se crêem como tais, logicamente explicáveis e compreensíveis.

    Sendo assim, e como tudo na vida, à Pseudo-História deve ser reconhecida alguma utilidade, mais que não seja porque obriga a reavaliar conhecimentos, a ordená-los, e a publicá-los de forma mais sintética e útil para proveito do esclarecimento do leigo confundido nas matérias por ela abordadas. Infelizmente, com muito raras excepções, apenas profissionais do campo da História, e talvez mesmo não todos, são disso capazes e têm tempo para tal.

    ___________________

    1) Universo = Versus Uno > até à unidade, i. é, à unanimidade. Em termos parúsicos, a unidade tomará forma através de uma ordem dada ao caos (ou desordem). Isto coincide com o que actualmente nos ensina a Física Quântica: que no caos (ou "sopa quântica") algo se manifesta ordenadamente apenas quando nós próprios ali concentramos a nossa atenção.
    2) Aceitando-se que existe uma vibração energética cósmica produzindo um som uno durante a manifestação expansiva da matéria, no processo de dilatação cíclica dos Universos com suas Galáxias.

    segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

    Resposta aos Amigos da Cuba sobre a estátua a Cristóvão Colombo inaugurada na sua terra

    No ex-blog "Colombo-o-Novo" ontem rebaptizado de "Mistério Colombo Revelado" escreve o sr. Carlos Calado, dos "Amigos de Cuba", parecendo falar em nome desta associação, o seguinte pequeno artigo intitulado "A Estátua da Polémica", que transcrevemos na íntegra:

    "No dia 28 de Outubro de 2006 foi inaugurado na Cuba, Alentejo, Portugal, o único monumento dedicado a Cristóvão Colon em todo o mundo. Que ninguém se surpreenda.
    Todos os outros monumentos são dedicados ao tecelão genovês Cristoforo Colombo (sonhando que este se transformou no Almirante) ou ao Almirante de Castela Cristobal Colón (sem saber bem quais foram as suas origens).
    A inauguração do monumento, numa iniciativa conjunta da Fundação Alentejo-TerraMãe (cujo Presidente, Dr. José Flamínio Roza, ofereceu a estátua de bronze), da Câmara Municipal de Cuba e do Núcleo de Amigos da Cuba (associação que desde há alguns anos tem vindo a divulgar e dinamizar a questão sobre a nacionalidade e naturalidade do Descobridor das Américas)
    Porquê COLON? Porque foi assim que escreveu o Rei D. João II e foi assim que escreveu o Papa Alexandre VI em documentos absolutamente incontestáveis.
    Mas isto faz irritar muita gente.
    Amigos da Cuba - Carlos Calado"


    O Pseudo-História Colombina responde:

    "...foi inaugurado na Cuba, Alentejo, Portugal, o único monumento dedicado a Cristóvão Colon em todo o mundo. Que ninguém se surpreenda."

    1. Pensamos que ao cidadão comummente esclarecido não seja tanto motivo de surpresa, antes de comiseração.

    "Todos os outros monumentos são dedicados ao tecelão genovês Cristoforo Colombo (sonhando que este se transformou no Almirante) ou ao Almirante de Castela Cristobal Colón (sem saber bem quais foram as suas origens)".

    2. O PHC crê que os Amigos e a Câmara de Cuba pecam por soberba injustificada. Todos os monumentos erguidos no mundo a Cristóvão Colombo foram-no, sem qualquer dúvida, ao italiano documentado natural dos Estados de Génova (não necessariamente tecelão, e decerto não nascido Colon...) mercenário passado de Portugal ao serviço da coroa de Castela, independentemente de esta figura ter sido rebaptizada em Castela como Colón, e como tal designado apenas no mundo de fala castelhana. Pois que o mercenário italiano e o almirante "castelhano" sempre se soube que são a mesmíssima pessoa.
    Ignoramos se existe na Galiza algum monumento ao "Colombo galego", se existe na Catalunha algum em honra do "Colombo catalão", se existe na Córsega algum em honra do "Colombo corso". Mas nesta ilha, que era então em parte genovesa, existe uma antiga marca de vinho com rótulo em homenagem ao "Colombo corso". É muito diferente no entanto uma homenagem individual a uma hipótese não aceite cientificamente, do que uma mesma homenagem feita com carácter oficial. Uma coisa é existir em Verona uma falsa casa quatrocentista dita de Romeu e Julieta, atracção turística gerando fartos lucros. Outra coisa seria o município de Verona tombar essa casa como de interesse municipal, por exemplo, por ser a "verdadeira" casa dos amantes de Shakespeare.

    "A inauguração do monumento, numa iniciativa conjunta da Fundação Alentejo-TerraMãe (cujo Presidente, Dr. José Flamínio Roza, ofereceu a estátua de bronze), da Câmara Municipal de Cuba e do Núcleo de Amigos da Cuba (associação que desde há alguns anos tem vindo a divulgar e dinamizar a questão sobre a nacionalidade e naturalidade do Descobridor das Américas)."

    3. É uma pena que as aludidas individualidades, antes de se prestarem a cobrir publicamente teses de pseudo-história, há muito desmontadas, não tenham antes preferido subsidiar com o muito dinheiro gasto uma investigação séria. Que permitisse estabelecer com certeza em que ponto dos Estados da República de Génova nasceu esta figura, recuperada interesseiramente para a atenção mundial apenas no sc. XIX.
    Evidentemente que a descoberta exacta da terra da naturalidade de Colombo, em Itália necessariamente, em nada contribui para a afirmação no mundo nem para o progresso económico do Alentejo... Que pena não terem preferido investir em Sines, na naturalidade do grande alentejano D. Vasco da Gama, dos Gamas oriundos da alentejana Olivença. O Conde da Vidigueira é verdadeiramente o maior nauta da sua era, em termos simbólicos... Embora em termos reais talvez antes o tenha sido Bartolomeu Dias. Mas isso já são outros quinhentos. Uma certeza temos: quando como cidadãos escrevemos firme mas educadamente a protestar pela filosofia que presidiu à inauguração da estátua, no blog da Cuba, fomos imediatamente censurados... o resultado da censura, está aqui.

    "...Porquê COLON? Porque foi assim que escreveu o Rei D. João II e foi assim que escreveu o Papa Alexandre VI em documentos absolutamente incontestáveis...."

    Tal como bastas vezes já aqui referido, existe apenas um único documento, não estudado cientificamente, aonde consta em sobrescrito o nome Colon, aparentemente por mão diferente da que escreveu a carta. A carta pode até não ser verdadeira, total ou parcialmente. Não lhe foi ainda estudado nem o estilo, nem o suporte, nem a tinta, nem as várias caligrafias que evidencia. E mesmo que verdadeira, há mais hipóteses de ser do escrivão que do Rei. E mesmo que fosse do Rei, era dirigida a um estrangeiro já em Castela, conforme o nome em castelhano já lhe vinha. Nada mais. O sr. Carlos Calado ignora que Alexandre VI era castelhano... não leu bem o nosso artigo. Naturalmente também crê que o ex-Cardeal Borja, escrito sempre Borgia em Itália, escreveria pela sua própria mão as bulas...

    "Mas isto faz irritar muita gente."

    Acredito. A nós não. Antes nos faria chorar. A Câmara e os Amigos de Cuba preferem oficializar teses não sustentáveis, sem rigor científico nem metodológico, teses manipuladoras aliás, pois que ignoram deliberadamente as restantes e numerosas teses. Algumas dessas teses já centenárias, de outras nacionalidades, também elas sempre por comprovar até hoje. A Câmara e os Amigos de Cuba e a Fundação Alentejo Terra-Mãe, em vez de confiar na historiografia séria, nacional e estrangeira, preferem perseguir um desígnio. A nós não nos importa e menos nos irrita que esse desígnio não seja a dignidade da verdade. Um dia, a História esclarecerá se os estranhos actos praticados no concelho de Cuba em 2006, a respeito de Colombo, foram feitos por mero bairrismo ou regionalismo, circunstância atenuante, ou por outro tipo de interesses quaisquer.

    quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

    Agentes secretos e conspiradores ao serviço de D. João II

    Três podem guardar um segredo, se dois estiverem mortos
    Benjamin Franklin

    (1ª de cinco epígrafes ao Cap. VI de O Mistério Colombo Revelado)


    Para a execução da sua missão enganadora Cristóvão Colombo conta com ajudas de imensos outros agentes secretos e conspiradores:
    Pêro da Covilhã
    Fr. António de Lisboa
    Pedro de Montarroio
    Afonso de Paiva
    José de Lamego
    Rabi Abrãao de Beja
    Fr. António de Mascarenhas a.k.a Juan Perez (?)
    Rui de Pina
    Pedro de Alcáçova
    D. Diogo Ortiz de Calçadilha
    Mestre Rodrigo
    Mestre Moisés = José Vizinho
    Fr. Gaspar Gorrício
    D. João II
    D. Isabel, a Católica
    D. Fernando Colombo
    Fr. Jorge de Sousa
    Martim da Boémia / Behaim
    Maximiliano I
    Jerónimo Munzer
    Bernardo Boil / Bnyl / Buil / Bonil
    Toscanelli (eventualmente)
    Bartolomeu Dias
    Garcia de Resende
    Juanoto Berardi
    Vespúcio
    etc.


    (Exemplos retirados unicamente do capítulo VI de O Mistério Colombo Revelado)

    Adenda de 7-1-2007

    Luís de Oria / Lodisio d’Oria
    Lorenzo di Berardo e irmão(s)?
    Bartolomé Marchioni
    Francisco de Bardi
    Simón Verde
    Gerardo Verde
    Andrés Colombo
    Francesco Carduchi
    Diego de Ocaña
    Jerónimo Rufaldi
    Violante ou Briolanja Moniz a.k.a.(?) Beatriz Hidalgo
    D. Isabel da Silva, marquesa de Montemor
    irmãos de Filipa Moniz
    Diego Mendez de Segura
    Cristobál Muñiz / Cristóvão Moniz
    Juan de la Cosa

    Há muitos mais nomes, mas no texto em género de rol torna-se difícil, ou mesmo impossível, compreender qual o papel atribuído a cada personagem enumerada.

    Nota: atenção que Calcutá é diferente de Calecute, p. 227.

    domingo, 3 de dezembro de 2006

    Cristóvão Colombo: agente (pouco) secreto

    Afinal Cristóvão Colombo era ou não um agente secreto?
    O Mistério Colombo Revelado, pp. 153-154, confunde na resposta que dá à pergunta. Assim refere-se que a vida de Colombo é uma fraude intencional já que ele não é quem se diz ser. E é uma fraude com vários cúmplices, entre os quais os reis de Castela e de Portugal.

    Castela sabendo da fraude queria fazer de Colombo um homem sem pátria para que as descobertas por ele feitas permanecessem nas mãos de Castela e não caíssem nas de Portugal. Por essas descobertas serem feitas por um nobre português, «um cidadão da realeza portuguesa» - um conceito historiográfico novo que urge desenvolver – colocaria em perigo a soberania castelhana sobre as Índias servindo nelas como vice-rei e governador. Este perigo é razão para tirar a Colombo e a seus herdeiros todo o poder que inicialmente lhes tinha sido dado.
    Portugal, por seu lado, usa secretamente Colombo para entreter Castela e desviar a atenção dos castelhanos do Atlântico Sul, da África e da Índia – uma afirmação que não é nova mas que aqui não encontra o devido reconhecimento – e por isso Portugal fingia não dar atenção ao Almirante, escondendo o seu elevado estatuto social.
    Além dos portugueses o infiltrarem como agente secreto em Castela e de ser conhecido como português de alta nobreza, parente do rei, tinha muitos cúmplices.

    Todas estas ideias estão apresentadas de forma muito confusa, sendo contraditórias e implausíveis. Além de que para nada disto se apresentar qualquer prova documental que sugira o mais leve indício.
    Não há prova documental da origem nobre, de qualquer forma de espionagem praticada por Colombo ou de os monarcas ibéricos terem jogado Colombo como espião da sua política internacional. Pelo Tratado de Alcáçovas-Toledo as novas terras descobertas estavam no território de Portugal e a sua posse seria obviamente disputada pelos reinos ibéricos, não faz qualquer sentido que o rei português enviasse um seu familiar com a proposta de descoberta de terras que lhe caberiam por direito e depois assentir na sua dádiva a Castela como que num gesto de boa vontade.
    A «fraude intencional bem planeada contra o mundo» defendida no livro assenta na ideia de Colombo ser um espião duplo ao serviço de Castela e Portugal. Contudo não é plausível um plano secreto ser do conhecimento de muita gente e ainda assim ser bem sucedido.

    Como é que pode haver muitos cúmplices e conseguir-se manter os muitos segredos que tal plano e sua execução pressupõem?
    Como é que o segredo foi mantido então e como é que nada transpirou para fora depois?
    Então os Reis Católicos sabem quem Cristóvão Colombo é e deixam-no fazer o que se propõe?
    Sabendo os Reis Católicos quem ele é e deixando-o fazer o que se propõe de que modo é que Castela ficaria debilitada por ele ser português?
    Não casavam monarcas ibéricos entre si?
    Não casavam as suas filhas com os reis vizinhos?
    E por via destes casamentos não se debilitariam interesses bem mais importantes que os ultramarinos?
    Não houve verdadeiros portugueses a servirem a coroa Castelhana sem que o facto da sua nacionalidade constituísse óbice ou perigo para os interesses castelhanos?
    Não houve estrangeiros a servirem a Coroa Portuguesa sem que isso fosse motivo de preocupação ou de perigo para Portugal?
    Porque razão haveriam os portugueses de querer afastar os castelhanos dum plano que estes não tinham?
    Porque razão quereria D. João II lembrar aos castelhanos aquilo de que nunca se haviam lembrado?

    Afirmações peremptórias precisam de fundamentação sólida e para estas nada é apresentado.
    Interpretações complexas necessitam de fundamentação sólida e boa argumentação lógica, o que não é o caso apresentado.
    Não faz qualquer sentido a afirmação sobre as preocupações castelhanas sabedoras da nacionalidade portuguesa de Cristóvão Colombo, ainda mais quando isso é contraditado pela afirmação que imediatamente se segue.

    Adenda
    5-12-2006 13:30

    Você não entendeu o jogo. Os cumplices estavam a esconder "a linhagem" de Colombo não que ele era um agente secreto. Os cumplices trabalhavam em comum para esconder os pais de Colombo. Entendi que foi esse o "fraude internacional" em que eles todos estavam envolvidos.
    (Comentário de theman_ny)



    Que linhagem havia para esconder?
    Não tiveram os reis portugueses ao longo de toda a História bastardos que toda a gente conhecia e recebiam as maiores honras eclesiásticas e civis?
    Não quis D. João II coroar o seu próprio bastardo, D. Jorge?
    Porque razão, se Colombo fosse bastardo real, de alta linhagem ou mesmo de baixa, haveria de se esconder de forma tão pífia?
    Sendo a linhagem de Colombo um segredo de algibeira, conhecida em Portugal e Castela, para quê tanto trabalho a baralhar as provas?
    Já agora, se Colombo não era espião para quê esta capa?


    As duas ideias expressas nas páginas 153-154 são nucleares para tese defendida, no entanto faltam-lhes coerência e são contraditórias.