quinta-feira, 21 de dezembro de 2006

Paolo di Pozzo Toscanelli e Cristóvão Colombo

Patrocínio Ribeiro apresenta um excerto da carta de Paolo di Pozzo Toscanelli a Cristóvão Colombo onde o humanista florentino trata o futuro Almirante das Índias por Colombo.
Em O Mistério Colombo Revelado, p. 625, publica-se a versão de Las Casas da mesma carta, onde o nome do navegador aparece grafado Columbo.
Tendo fé no mesmo livro, p. 623, numa versão latina dum anexo à carta, o humanista toscano dirige-se a Cristóvão Colombo usando a grafia: Chistofaro Colonbo.
De notar que Toscanelli se refere a Colombo como Colombo e não com um qualquer outro nome. Portanto, Toscanelli é mais um, dos coevos, que não trata Cristóvão Colombo por Cristoval Colón como recentes obras querem fazer passar.

Mas esta carta também tem servido para fundamentar os devaneios oníricos dum Colombo português, por se ver nela a afirmação da nacionalidade do futuro almirante. Estes excertos da carta de Toscanelli têm sido usados como uma das provas da nacionalidade portuguesa de Colombo.
que tu, que és dotado duma tão grande alma, e a mui nobre Nação Portuguesa, que em todos os tempos tem sido sempre enobrecida pelos mais heroicos feitos de tantos homens ilustres, tenhaes tão grande interesse em que essa viagem se realise[1].
Ou na versão castelhana:
tu que eres de grande corazon, y toda la nacion de portugueses, que han seido, siempre hombres generosos en todas grandes empresas, te vea con el corazon encendido y gran deseo de poner en obra el dicho viaje[2].
A interpretação possível é no mínimo ambígua. Trata-se duma enumeração. Até parece haver uma dicotomia: de um lado tu e do outro a nação portuguesa e em lado algum está a associação dos dois elementos, do tu à nação portuguesa.
A bem da verdade, é mais fácil ver neste documento a negação da nacionalidade portuguesa de Colombo do que a sua confirmação.

[1] Apud. Patrocínio Ribeiro, A Nacionalidade Portuguesa de Cristovam Colombo, Lisboa, 1927, p. 50.
[2] Apud. Manuel Rosa & Eric J. Steele, O Mistério Colombo Revelado, Lisboa, 2006, p. 625.

6 comentários:

Anónimo disse...

Note que O Mistério Colombo Revelado dá pouco valor ás cartas de Toscanelli por serem elas uma falsificação que faziam parte do jogo do agente secreto.

Anónimo disse...

NOTA: Na versão Latina está christofaro colonbo e não colombo e não está em Latin Columbus como se não houvesses uma forma Latina do nome enquanto o nome Martini está em Latin. O Nome no original não era nem Colombo nem Columbus mas Colon(bo).

J. C. S. J. disse...

Ao 1º anónimo,
Ainda não tinha chegado a esse ponto, mas já agora gostaria de saber quem é que não estava metido nesta conspiração. É que com tantos conspiradores, como já anteriormente referi, não sei como é que foi possível manter tantos segredos.
Há que convir que isto não é plausível.

Ao 2º anónimo,
Tem razão, de facto no livro está Christofaro, o que tomei por uma gralha, mas já corrigi. Obrigado.
Eu não sei nada de latim, mas se latinizasse o nome Colon talvez o fizesse como Colonus.

Anónimo disse...

Então você não acredita que agentes secretos requeriam documentos falsificados para poderem conluir as suas missões sem suspeitas?
Não seria só em 1500 que os espiões tinham que se proteger.
Não foi no mês passado que a Russia matou um antigo espião com polónio 210 para porteger-se a si?

Anónimo disse...

Caro J. C. S. J.

Va.Exa diz:
"se latinizasse o nome Colon talvez o fizesse como Colonus".

Pois é.. E precisamente o que Anghiera escreveu (dezenas de vezes)!!! COLONNUS! e nao COLOMBUS!

J. C. S. J. disse...

Anghiera, italiano de nascimento, vive em Espanha, lidando com gente e documentos espanhóis. Não é de admirar que latinize o nome castelhano do navegador.