sábado, 16 de dezembro de 2006

Patrocínio Ribeiro - Assinatura de Cristóvão Colombo

Patrocínio Ribeiro, A nacionalidade portuguesa de Cristovam Colombo. Solução do debatidissimo problema da sua verdadeira naturalidade, pela decifração definitiva da firma hieroglífica (...), Lisboa, Liv. Renascença, [1927], Cap. IV, pp. 55-73.

Texto Integral

IV

DECIFRAÇÃO DEFINITIVA DA FIRMA HIEROGLIFICA


Cheguei, finalmente, ao ponta mais interessante deste meu estudo histórico — determinativo da verdadeira nacionalidade do celebrado descobridor da America: — a análise do curioso hieroglifo com que autenticava os documentas oficiais e todos os seus escritos de maior importância, hieroglifo singular que é a chave do complexo e tão discutido enigma da sua naturalidade.
Documentalmente, históricamente, nada se sabe de positivo dos antepassadas de Cristovam Colombo, das seus progenitores, da data certa do seu nascimento, dos episódios da sua infância, do objectivo da sua educação, dos primeiros anos da sua vida, etc., etc. Êle, que escreveu tanto, que deixou tantos manuscritos da seu proprio punho, nada quiz revelar, porém, sôbre a sua familia nem a respeito da sua propria personalidade! Sabe-se todavia, que teve dois irmãos — um chamava-se Diogo e foi clerigo, e o outro Bartolomeu, que Antonio Galla, auctor coevo genovês, afirma ter nascido em Portugal. Sabe-se, tambem, que viveu alguns anos em Lisboa de onde escreveu ao sábio florentino Toscanelli, e onde casou com D. Filipa Moniz de Melo, filha de Bartolomeu Perestrelo, donatário da ilha do Porto Santo, tendo nascido dêste consórcio um filho chamado Diogo. Foi acompanhado por esta criança que o futuro descobridor do Novo Mundo saíu de Portugal afim de se dirigir a Huelva, onde residia sua cunhada D. Violante Moniz, casada com Michelle Moliarte. Viveu, então, em casa do duque de Medinaceli algum tempo, até que, após várias peripécias, conseguiu ser apresentado à rainha Izabel, a católica, que se interessou por êle e o autorizou, ao cabo de alguns anos, a efectuar a sua viagem maravilhosa, que iniciou a 3 de Agosto de 1492. E, em consequência dêste feito famoso, esse português obscuro, mas denodado nauta e marinheiro intrépido, conquistou a imortalidade gloriosa, firmando, definitivamente, o seu lugar na História sob um nome castelhano: Cristobal de Colón.
É interessante, porém, que sendo conhecido no seu tempo por êste nome, nunca assim se tivesse assinado mas, únicamente, desta maneira inconfundivel.

XPOFERENS
(Christoferens)

Por disposição testamentária, ele até deixou muito recomendado, aos seus descendentes, que autenticassem, sempre, todos os documentos com a firma de que tinha feito uso:

«... firme de mi firma la cual agora acostumbro, que és una X com una S em cima y una M com una A romana en cima, y en cima dela una S y despues una Y griega con una S en cima con sus rayos y virgulas, como yo agora fajo; y se parecerá por mis firmas de las cuales se hallaram muchas y por esta parecerá. Y no escrebirá sino el almirante puesto que outros titulos el Rey le desse o ganasse; esto se entiende en la firma y no en su ditado que poderá escribir todos sus titulos como lo pluquire; solamente en la firma escribirá el Almirante.»


A assinatura de Colombo
(1) e (2) — Antes de 1492: Christoferens
(3) — Depois da descoberta da America: El Almirante

Esta recomendação singular aos seus descendentes — certamente para que a firma-hieroglifica se perpectuasse atravez dos tempos — não deixa de ser significativa num homem tão misterioso, dum caracter tão reservado e tão enigmatico, que, conforme via o seu nome tornar-se mais e mais célebre «tanto menos conocido y cierto quiso que fuese su origen y patria».
Ora a assinatura habitual do grande nauta, antes de embarcar para a primeira viagem ao Ocidente, era esta:

.S.
.S. A. S.
X M Y
XPOFERENS


Depois da descoberta — quando entrou na posse de todos os direitos e honras que pelo seu feito épico ganhara — passou a assinar-se assim :

.S.
.S. A .S.
X M Y
EL ALMIRANTE


Como se vê, esta firma exótica é uma verdadeira charada, charada extranha que diferentes históriografos modernos teem procurado decifrar debalde. Apos algumas tentativas falhadas, coube-me a sorte, porém, de ter conseguido descobrir a complexa chave do tenebroso enigma onomatográfico, como em seguida vou expor.
Todos os escritos que o descobridor do Novo Continente deixou á posteridade, como já vimos, são em latim ou castelhano. É singular que, dizendo-se natural de Genova — de onde yo sali y donde yo nasci — nada deixasse escrito na lingua materna! E é singularíssimo, também, que tendo vivido tanto tempo em Portugal — segundo o que históricamente se conhece dêle — nada deixasse escrito em português puro. Mas se é aceitavel supôr que o denodado nauta não sabia italiano, não tem aceitação alguma possível o seu desconhecimento total da língua portuguesa... tanto mais que as palavras que os investigadores espanhoes teem tomado por termos galegos são, genuinamente lusitanas.
Ha aqui, pois, um mistério.
Analisando a firma que Colombo usava em Castela — pois não se conhece escrito algum seu, durante a sua permanência em Portugal — apenas se lê, claramente, XPOFERENS (Christoferens) duas palavras latinas — Christo e Ferens equivalentes á expressão: — o que conduz Cristo, o que vai com Cristo, o que leva Cristo.
Ora porque não escreveu êle, correntemente, em latim, Christophorus, que tem a mesma significação?
A razão explica-se:.— é porque a firma está escrita em grego e os vocábulos Christo e Ferens equivalem ao Christoforos da referida língua, que escrito com caracteres próprios seria de dificil leitura, e escrito em caracteres latinos estabeleceria confusão com a fórma gráfica italiana: Christóforo.
Intencionalmente, premeditadamente, pretendendo assim ocultar ainda a sua nacionalidade, êle imprime á sua própria assinatura um carácter hieroglífico, evitando assinar-se com o nome castelhano porque era conhecido — Cristobal de Colon — e com o italiano Cristoforo Columbo — que realmente lhe pertenceria se fôsse genovês, como pretendera fazer acreditar ao apresentar-se nos domínios de Izabel a católica. Espirito culto, homem de vistas largas, com uma pr [espaço em branco] literária e erudita, que poucos dos seus contemporâneos possuíam, Colombo, extremamente inteligente, descobriu a fórma gráfica de universalizar o seu nome sem todavia o revelar duma maneira clara, terminante, certa, pois o Xpoferens que êle inventou, equivalerá, perpectuamente, ao Christopher dos inglezes, ao Christophe dos franceses, ao Cristobal dos espanhoes, e ao Xpovão ou Christovam dos portugueses.
No apelido, porém, é que esta o inigma. Êsse apelido — Colon — por que era conhecido, jamais êle o escreveu junto ao seu nome próprio. Misteriosamente, recomenda aos seus descendentes que façam sempre uso da firma que usar, essa firma-hieroglífica que era o seu segrêdo e que ele, meticulôso em extremo, queria que se perpetuasse através dos séculos. Nenhum biografo ligára importancia a esta recomendação de Colombo, ninguem reparára no cuidado intimo com que formulara esta disposição testamentária. A firma era enigmática, tenebrosa, indecifrável, diziam os investigadores, encolhendo os hombros com indiferença. Alguns, porém, mais pertinazes, tentavam matar a charada. E todos iam bater ao mesmo ponto: as letras soltas eram apenas, as iniciais de nomes de santos! Eu nunca me convenci d'isto. Tinha a certeza moral de que só par êsse facto, Colombo não tomaria tanto interesse para que o mistério da sua assinatura passasse á posteridade. Uma razão mais poderosa devia haver, pensava eu, registando as opiniões da firma-invocatória. E puz-me a estudá-la com afinco, com pertinácia, procurando a decifração integral, buscando uma solução mais coerente, mais lógica.
Durante longos meses, a firma hieroglífica de Colombo constituiu toda a minha preocupação e, coisa curiosa, quanto mais impenetrável me parecia, mais e mais crescia em mim o desejo intenso de decifrá-la.
Uma noite, casualmente, reparei que o desenho dos três primeiros caractéres gregos da palavra Colon se assemelhava, notávelmente, ao do X, M, e Y sobrepostos ao Xpoferens, se bem que estas três letras estivessem invertidas... Estava encontrada a chave do enigma, estava morta a charada. Emocionado com a minha descoberta, tratei logo de a verificar, de a analisar, e a palavra que a constitui, então, encheu-me de surpreza, deixou-me, positivamente, assombrado!
Ora a firma-hieroglífica, apesar da declaração de Colombo no seu testamento, — ...que és una X con una S en cima, y una M com una A romana en cima, y en cima dela una S y despues una Y griega com una S en cima com sus rayos y virgulas, como yo agora fajo...» — é composta, apenas aparentemente, por cinco caracteres latinos diferentes, repetindo-se duas vezes o S, por mera disposição estética, talvez.
E assim esses caracteres aparentemente latinos — que uma simples casualidade, como já expliquei, me fez descobrir invertidos — são rigorosamente helénicos e equivalentes ás seguintes letras do alfabeto grego:— o X ao Khi o M ao ómega, o Y ao lambda, o S ao sigma, entrando tambem o alpha A, que ocupa o centro da firma e que ás vessas — V — dá um V ou um U.
Afirmar é muito, mas comprovar é tudo. Vamos pois, fazer a confirmação rigorosa desta afirmativa verídica.
Ora a firma misteriosa de Colombo, como já vimos, era esta:

.S.
.S. A .S.
X M Y
XPOFERENS


Supondo as letras, que estão sobrepostas ao XPOFERENS, como numa projecção, teremos:


Eliminada agora a parte superior, por ínutil, fica-nos:


Está agora a firma na sua ordem racional, isto é: o nome próprio antes do apelido como é de uso, como é vulgar. Foi evidentemente, sob esta primitiva forma que Colombo a concebeu, porque os caracteres são rigorosamente gregos, excepto o do centro que dá um V romano decerto para não se repetir o ómega. Vejamos pois:


Revelado o caracter oculto da firma, encontrados por esta forma os caracteres que a compõem, basta juntá-los — o Khi, o ómega, o lambda, o V, e qualquer dos sigmas, para se poder ter a palavra grega que resulta dessa combinação;


A palavra grega é Cholus; portanto, a firma escrita em grego rigoroso, daria Xptophoros Cholos (Christophoros Cholos) e, traduzindo-a em latim teremos:

XPOFERENS
COL
V
S


Encontramos assim Xpoferens Colus ou, com mais rigor, Christophorus Colus.
Portanto, a decifração integral da curiosa charada da assinatura do imortal descobridor da América é esta, muito simplesmente:

CHRISTOFERENS COLVS


que se pode traduzir em português corrente, em português. do nosso tempo, desta maneira:

CRISTOVAM DE COLOS


Ora a povoação de Colos só existe em Portugal, na provincia do Alentejo. ([1]) É uma vila antiquissima, de


Decifração integral da firma
(I) A assinatura, mais vulgar, do grande navegador.
(II) A firma isolada parece escrita cm caracteres, aparentemente, latinos.
(III) Na firma invertida esses caracteres são gregos, correspondentes aos do n.º IV, como o confronto demonstra claramente.
(V) As letras gregas que entram na composição da firma.
(VI) A assinatura em grego: Christoforos Cholus.
(VII) A assinatura em latim: Christoferens Colus.


fundação romana, edificada na raiz dum pequeno monte, entre duas ribeiras afluentes do Sado, — a ribeira da ferraria e a de S. Romão — perto de Messejana, pertencente ao distrito e bispado de Beja, no concelho e comarca de Odemira.
Nasceria então o denodado nauta Cristovam de Colos na vila de Colos? Será esta, de facto, a sua naturalidade que sempre e tão obstinadamente, ocultou? Será esta modestíssima povoação alentejana a sua verdadeira terra natal? Tudo o parece indicar, como veremos.
De resto, no seu tempo, era vulgaríssimo em Portugal, empregar-se, logo em seguida ao nome próprio, a designação local da naturalidade. Assim temos, entre outras personalidades históricas de destaque, os navegadores: Diogo de Azambuja, João de Santarém, Gonçalo de Sintra, Pedro de Sintra, João de Mafra, Pero de Alemquer, João Afonso de Aveiro, e os viajantes: Pero da Covilhã, Ayres de Almada, Pero de Évora, Abraão de Beja, José de Lamego e Fernão Martins de Santarém.
Mas Colos — como berço natal de Colombo — tem ainda outros argumentos a seu favor. Quando o sol é muito forte, muito quente, muito intenso, os habitantes de Colos referindo-se á penetração molestante dos raios sobres sobre a pele, costumam dizer:—Está um grande espeto!
Ora este termo — espeto — que eu nunca tinha ouvido empregado nesta acepção e que, percorrendo o Baixo-Alemtejo, o ouvi unicamente em Colos, foi usado por Colombo, com o mesmo significativo sentido, numa passagem da carta que, em 4 de Março de 1493, escreveu a Luiz de Santangel, comunicando-lhe a descoberta que vinha de efectuar:

«En estas islas fasta aqui no he hallado hombres monstrudos, como muchos pensavan, mas antes és toda gente de muy lindo acatamiento, ni son negros como en Guinea, salvo con sus cabellos corredios, y no se crian adonde ay espeto demasiado de los rayos solares; és verdade qu'el sol tiene ali gran fuerça, puesto que és distante de la linea equinoccial veinte é seis grados».

Esta passagem da carta — «espeto demasiado de los rayos solares» — empregada nesta acepção exclusiva, puramente regionalista, tem o seu quê de significativa e reveladora.
Presentemente, existe ainda nas proximidades da vila de Colos, uma herdade chamada Colombais.
Era conhecida sob a mesma designação nos princípios século XVIII — segundo se lê numa escriptura de compra de 1709 — e não será arriscado supor-se que já existiria com o mesmo nome em pleno século XV, no século em que nasceu Cristovam Colombo.
Ora o vocábulo Colombais parece derivar-se das palavras portuguesas Colombar, ave congénere ao pombo, ou de Colombário, que significa pombal.
Mas pode tambem ter uma origem latina, por exemplo: de Columbarius, ou Colombaris (re), respeitanta a pombo, ou de Columba, (ae) a pomba, e Columbus (i) o pombo. Nasceria Colombo nesta herdade? Eis um ponto histórico que convem estudar com a maior atenção, quando se encontrarem os necessários documentos para se poder fazê-lo com criterio e segurança.
Colos, de resto, resolve tambem o problema tenebroso do apelido castelhano do grande nauta, porque o nome portuguesíssimo de Cristovam de Colos — segundo uma regra etimológica — transportado à língua de Cervantes, traduzido em espanhol, dá, muito simplesmente, Cristobal Colon.
E aqui está um apelido deturpado, improvisado, que serviu depois, explendidamente, ao seu possuidor.
Cristovam de Colos passou a ser, então, para os castelhanos, o estrangeiro Cristobal de Colon, apenas, que se dizia genovês e descendente dos Almirantes Colombos.
E conquanto houvesse por êsse tempo o apelido Colon na Península, pois existiam famílias Colons em Pontevedra, Tarragona e em Plazencia — originárias, decerto, do ramo francês Cullam — nenhum dos cronistas contemporâneos do ousado navegador se lembrou de lhe atribuir parentesco com quaesquer destas famílias. Para êstes, Cristovam de Colon era, muito simplesmente, um Colombo italiano.
Dá-se, porêm, a circunstancia singular de que, por êsse tempo, vivia em Génova um tecelão chamado Cristoforo Columba, filho de Dominico Columbo e de sua mulher Suzana de Fontanarubia, personagem completamente obscura que os historiógrafos italianos modernos tem procurado identificar, de balde, com o próprio Cristobal de Colon, descobridor da America, mas nada de comum existe entre êles, a não ser... a analogia do nome próprio: Cristovam.
Apesar de tudo, Colombo declarou-se natural de Génova, ocultando, todavia, o nome de seu pai e de sua mãe, que se não sabe quem foram.
Mas mentiu, e mentiu com um fim reservado muito pessoal e muito intimo.
Ora essa mentira intencional, dizendo-se nascido numa cidade onde nunca pôs os pés, trouxe-lhe, de certo, a vantagem de o impôr na côrte de Izabel a católica, como homem do mar, como marinheiro de longo curso, como marítimo experimentado em navegações ousadas, pois por êsse tempo os genoveses eram os rivais dos portugueses na arte de marear.
E assim, sob este aspecto, sob esta máscara recomendativa, imaginou ser-lhe muito mais facil conseguir os seus fins, como de facto depois se viu, se bem que a luta fôsse obstinada, tenaz, durante uma série de anos, de solicitações e vexames, segundo reza a História, e como ele próprio, por varias vezes, amarguradamente, acentuou nos seus escritos.
Mas, alguns auctores modernos pretendem ver nessa mentira de Colombo a maneira prudente de ocultar a sua origem israelita, que seria, evidentemente, um grande obstáculo ás suas aspirações e um grande estôrvo aos seus desígnios.
Podem ter razão, também, esses biógrafos, tanto mais que as enfadonhas dificuldades que Colombo encontrou para lhe aceitarem o oferecimento dos seus serviços nauticos, em Castela, os cristãos-novos — Luís de Santangel, Luís de Torres, Rodrigo Triana e outros, — que levou por companheiros nessa primeira viagem ao Ocidente, onde não quiz ir um único padre, as profusas citações bíblicas dos seus escritos, os legados do seu testamento a judeus residentes em Lisboa, a forma entusiástica como exalta as sublimidades do Ouro, com todo o calor dum verdadeiro hebreu ganancioso, e outros, e vários outros pontos sintomáticos, tudo parece provar uma possível origem israelita.
Por esse tempo, os sábios semitas viviam livremente na côrte portuguesa, cercados pela estima e consideração dos próprios monarcas.
D. Afonso V — que teve no hebreu Isaac Abrabanel, o seu verdadeiro ministro das finanças — foi um acérrimo defensor dos judeus, dando-lhes, até, a mais ampla liberdade dentro do reino.
Seu filho e sucessor — o impávido D. João II — tambem os estimava muitíssimo, especialmente os que ele conhecia como homens de comprovado mérito e competencia.
Foi perante a sua insistente solicitação que o grande estralico judeu Abraham Zacuto, distinto matemático autor do famoso «Almanach perpetuus», veiu para Portugal exercer o elevado cargo de astrónomo real.
Mestre Josepo Judeu, ou José Vizinho, era astrónomo e médico da Junta dos Matemáticos, tendo efectuado várias viagens á Guiné para determinar com rigor algumas latitudes.
Abraham de Beja e José de Lamego — que desempenharam missões diplomáticas do maior segredo e da mais alta importancia para a vida política da nação — eram ambos hebreus, como o era, também, Mestre Rodrigo, físico-mor da côrte.
Garcia de Rezende — no capítulo XCI da sua Chrónica — refere que Mestre Antonio, cirurgião-mor do reino, era judeu e, ao tornar-se cristão-novo, foi seu padrinho de baptismo o próprio D. João II.
Muitos e muitos dos nossos navegadores de maior destaque, da época das descobertas, eram antigos judeus conversos, cristãos-novos.
Colombo seria judeu português convertido? Seria cristão-novo, tambem?
É muito possível que o fôsse, conforme vimos.
Mas, cristão-novo ou cristão-velho, o que não resta a menor dúvida é que êste homem genial nasceu na província do Alentejo e que, pelo seu feito épico, comprovou possuir íntegras todas as qualidades heroicas da raça portuguesa, que Camões brilhantemente, enalteceu nos versos candentes dos Lusíadas!
Mais uma grande gloria cabe, a Portugal par ter dado ao mundo Cristovam de Colos, êsse seu filho eminente, navegador ousado, denodado nauta, descobridor imortal, «que cuando fué su persona a proposito y adornada de todo aquello que convenia para tan gran hecho tanto menos coñocido y cierto quiso que fuese su origen y patria...»

[1] Colos — Vila de Portugal, no Alentejo. El-Rey D. Manuel I, a fez Vila dando-lhe foral; antigamente era lugar do Termo da Vila de Sines.

2 comentários:

Anónimo disse...

No Misterio colombo revelado os autores provam que os documentos referidos por Ribeiro e Silva para decifrar a sigla e uma ascendencia Judaica sao espurios e sem nehnhum valor de fidelidade.

Anónimo disse...

tanto trabalho para nada