sábado, 9 de dezembro de 2006

Zarco, Zargo e Zarga

Talvez nada signifique, mas para que conste aqui fica.

Zarco, adj. (do ár. zarka, fem. de azrak, azul, de olhos azuis). Que tem os olhos azul-claros. Que tem malha branca em volta de um ou de ambos os olhos (falando-se dos cavalos, dos touros, etc.). vol. XII.
Zarga, s. f. prov. beir. Mulher má; bruxa.
Zargo, s. m. Zol. Género de insectos coleópteros da subordem dos adéfagos, família dos Coraliídeos, a que pertencem espécies da fauna da Madeira.

in José Pedro Machado (coord.), Grande Dicionário da Língua Portuguesa, vol. XII, s. l., Sociedade da Língua Portuguesa / Amigos do Livro, 1981, pp. 650-651.


Zarco, adj. Do ár. zarqã’, «(a) que tem olhos azuis», f. de azraq, «azul; de olhos azuis; brilhante». Este adj. aparece com frequência do séc. XV, em documentos que mencionam o célebre navegador João Gonçalves Zarco, voc. por vezes também escrito Zargo. Descobriu como se sabe a ilha de Porto Santo em 1418. O apelido é, porém, mais ant., pois que já corria na época de D. Dinis; assim: «Joã zarco jurado e preguntado sobre los sanctos Auangelhos se quando El Rey don Sancho fazia frota...», em Desc., I, p. 47. Zargo em 1447: «Eu Johã Gonçallvez zargo caualejro da casa do Jfante dom anrique...», Desc., I, p. 453.

in José Pedro Machado, Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa, 7ª ed., vol. V, Lisboa, Livros Horizonte, 1995, pp. 416-417.

6 comentários:

Anónimo disse...

Quais são os livros de genealogia que chamam a João Gonçaves Zarco pelo apelido de Zargo?

J. C. S. J. disse...

Vamos lá a ver se duma vez por todas me faço compreender sobre esta matéria.
1. Luciano da Silva e Manuel Rosa dizem que o descobridor do Novo Mundo em 1492 se chamava Colon, Cólon, Colón, Colom, o que seja, e que era assim que assinava o seu nome. Para efeitos de discussão académica, concedo nesse ponto. Dizem os mesmo autores que por assinar assim não se lhe pode chamar Colombo.
Pela mesma lógica dos referidos autores e seus seguidores intelectuais não se pode chamar Zarco ao navegador João Gonçalves porque este não assina do seu próprio punho Zarco, mas sim Zargo, como o demonstram os documentos que Silva e Rosa prestimosamente publicam mas que lêem mal como eu demonstro.
Esta contradição lógica parece escapar nos referidos textos sobre Cristóvão Colombo e João Gonçalves Zarco.
2. Quanto às obras genealógicas. Os problemas referidos no ponto anterior partem das próprias fontes históricas. As obras genealógicas não são fontes históricas, são estudos resultantes – em princípio e desejavelmente – de interpretação de fontes, portanto são supérfluas para esta discussão.

Anónimo disse...

"As obras genealógicas não são fontes históricas(!!!), são estudos resultantes – em princípio e desejavelmente – de interpretação de fontes, portanto são supérfluas para esta discussão(!!!)."

Ora bem, esta tudo dito, assim é que deve ser, mais uma prova do seu profissionalismo, continue à nos fazer rir!

e caso vocé ainda não deu por conta, essa fixação que os autores teem no nome de Colom é devido a um facto, existiu um Colombo na italia, existiu um Colon em espanha e portugal, qual deles é que tera descoberto a america? entende?

Parece que não ha fundo para a sua
ridiculez

Anónimo disse...

Mas usted no entienden nada.

Ninguém insiste que o nome é Colon por ele assim ser conhecido em 1492 mas por ser assim sempre conhecido tanto na corte de Portugal como na corte de Castela e na corte do Papa ainda mais por Pedro Martire e por seu filho que nega que o nome nalgum tempo fosse Colombo.

Anónimo disse...

João Gonçalves Zarco, voc. por vezes também escrito Zargo.

Zargo = Zarco

J. C. S. J. disse...

Ao anónimo de Sábado, Dezembro 09, 2006 3:43:00 PM

Temos «argumentum ad nauseam» ou, em português vernáculo, «cortina de fumo»?
Resumindo uma reflexão que daria um bom livro, embora não muito vendável.
A minha definição de Fonte e de Estudo é bastante flexível e é sempre relativa ao objecto de estudo.
1. Fonte (a que alguns chamam fonte primária) – documentação e todo o tipo de informação coeva ao objecto e produzidas com fins que não os de memória histórica (como é o caso do documento assinado por João Gonçalves Zarco facsimilado em O Colombo Revelado).
2. Estudos (a que alguns chamam fonte secundária) – textos que resultam da recolha, análise e interpretação de fontes primárias, como é o caso de crónicas, biografias, autobiografias e genealogias, mas também textos historiográficos contemporâneos, ou não, que se socorrem basicamente de fontes (primárias).
3. Estudos (a que alguns chamam mesmo fontes terciárias) – textos baseados unicamente em estudos (fontes secundárias), como são a maior parte das obras de divulgação e enciclopédias.

Simplifico agrupando fontes secundárias e estudos numa única categoria para não se ter de criar as categorias de fontes terciárias, quaternárias, etc. Mas os estudos (fontes secundárias, etc.) poder-se-ão tornar – e são – fontes em função de objectos específicos. Concretizando e exemplificando, a Ásia de Barros é fonte (primária) para a História da Historiografia e estudo (fonte secundária) para a História dos Descobrimentos e Expansão Portuguesa e continuará a ser classificado como estudo mesmo nos eventuais e hipotéticos casos em que dê uma informação única e autêntica à luz da melhor crítica mas não corroborável por fonte (primária).
Foi neste sentido que empreguei os termos fonte e estudo, excluindo da primeira categoria as genealogias, e que continuo a excluir.
Há que convir no ridículo que é chamar à colação genealogias quando o objecto em causa é um nome num único documento que ainda por cima assina notarialmente.