quinta-feira, 8 de fevereiro de 2007

Patrocínio Ribeiro - O carácter misterioso de Colombo (2)

RIBEIRO, Patrocínio. O Carácter Misterioso de Colombo e o Problema da sua Nacionalidade, Coimbra, Imp. da Universidade, 1916, Sep. Academia de Sciencias de Portugal, 1 série, t. 5.


Texto Integral


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A personalidade íntima de Cristóvam Colombo é muito tenebrosa mas a sua individualidade heróica é fulgurantíssima.
Este homem superior – que era um persistente, um obstinado, um tenaz, – oferece o fenómeno pouco trivial do génio inato.
A sua decisão inabalável em levar a efeito a descoberta, teve todos os característicos mórbidos dum grande caso de impulsivismo místico.
A sua viagem reveladora foi uma alucinação maravilhosa.
Nenhum homem célebre teve, como ele, a previsão do seu destino; nenhum outro se submeteu, com ar mais resignado, aos desígnios imperiosos do fatalismo.
Foi sobretudo a Fé, a sua singular fé ardente, o grande motivo moral que o impeliu através do Oceano para as regiões ignotas porque Colombo julgava-se um predestinado, um iluminado do Espírito Santo ([1]).
Mas não foi este o primeiro caso de tenacidade heróica que surgiu no mundo, em fins do século XV. Na segunda metade do século anterior aparecera Nuno Álvares Pereira.
Ora entre o génio de Colombo, o herói do Novo Mundo, e o génio de Nuno Alvares, o herói de Aljubarrota, – cada um no seu campo de acção – as manifestações impulsivas de concepcionismo e maneira de executar são análogas.
Fisicamente pareciam-se, e moralmente são duma semelhança flagrante.
Ambos eram rudes de carácter, pouco amáveis na conversa, sendo no entanto afáveis quando queriam e exaltados quando se irritavam.
Ambos tinham uma confiança ilimitada na protecção de Deus e nos desígnios do Céu.
Ambos possuíam a crença cega, a abrasada fé, e essa loucura épica que gera os actos de heroísmo.
Ambos fizeram a preparação metódica do seu génio pela leitura antecipada: – Nuno Álvares bebeu a sua iniciação de guerreiro no livro famoso «História de Galaás», Colombo a de descobridor no famoso livro de Marco Polo, «Viagens».
Apesar do meio ambiente pretender sufocá-los, o lema de ambos foi este – Efectuo!
E se apenas um homem – D. João I, – compreendeu Nuno Álvares, apenas um outro homem – frei António de Marchena – compreendeu Colombo.
E se um ouviu objecções dos tímidos, pelo seu piano, o outro também as ouviu dos incrédulos, pelo seu.
Nuno Álvares insurge-se contra os que condenavam a batalha; Colombo irrita-se contra os que condenavam a empresa.
Nuno Álvares volta as costas ao rei e sai de Abrantes para pôr em prática a sua ideia, Colombo teve de voltar as costas aos portugueses para poder executar a sua.
Nuno Álvares escreve, de Abrançalha, a D. João I convidando-o a deixar à Posteridade um nome glorificado, imorredoiro; Colombo, fazendo o mesmo convite escreve, de Sevilha, a D. João II.
Nuno Álvares chegou a um entendimento com o seu rei, mas o rei de Portugal não chegou a um acordo com Colombo, porque Colombo exigia muito para si e Nuno Álvares, desinteressadamente, só solicitara a adesão do monarca.
Colombo foi considerado louco pela sua proposta, também Nuno Álvares o fôra pela sua temeridade.
Ambos foram combatidos pelas pessoas sensatas, e eles ambos tinham razão como, a final, se viu.
E se Nuno Álvares, tenaz, empunhando a espada se defrontou com a Vitoria, Colombo, tenaz, manejando o leme defrontou-se com a Glória.
Ambos se imortalizaram pelo seu feito, ambos são gloriosos, ambos enaltecem a sua raça, pois ambos tinham esse supremo espírito guiador que faz conduzir os povos ao fatalismo dos seus grandes destinos, e essa mão poderosa que inscreve a História heróica da Humanidade através dos tempos.
Foi, exclusivamente, o fervor da crença que incitou estes dois homens superiores; por isso ambos, reverentes, agradeceram à Virgem a graça excelsa dos seus feitos épicos joelhando – cousa curiosa! – sobre o mesmo solo bendito – o solo do nosso país, o solo da terra portuguesa.
Após a batalha ganha, Nuno Álvares orou em Aljubarrota; Colombo, com a descoberta efectuada, veio orar numa ilha dos Açores.
Mas o descobridor do Novo Mundo apesar de ter sido um espírito abertamente crente foi, também, uma criatura excessivamente misteriosa, pois ocultou sempre os seus antecedentes, não revelando nunca a sua pátria verdadeira nem a sua verdadeira família durante a sua permanência em Castela, parecendo até que quanto mais subia em dignidades «tanto menos conocido y cierto quiso que fuese su origen y pátria», como o declara seu filho Fernando.
Ora é pela análise sintética do carácter misterioso de Colombo – servindo-me, é claro, dos documentos históricos, que eu vou tentar resolver o problema da sua nacionalidade.
Em Portugal, que me conste, não há em cronistas nem em documentos inéditos referência alguma aos Colombos, italianos, ou aos Colons, espanhóis.
Rui de Pina alude, apenas, a um famoso corsário francês, chamado Cullam, que tendo feito reverência a D. Afonso V, em Lagos, o ajudou depois na defesa de Ceuta; contra os mouros ([2])
Segundo o visconde de Santarém, na carta catalã da biblioteca de Paris e no atlas inédito da biblioteca Pinelli, do século XIV, encontram-se as ilhas dos Açores designadas com nomes italianos, e entre elas uma chamada – Li Colombi ([3]).
Rui de Pina e João de Barros só se referem a Cristóvam Colombo pelo feito que o celebrizou, mas duma forma muito breve e vaga, acentuando, porém, este último historiador, depois de lhe enaltecer os méritos de homem do mar, – que «ele era muito esperto».
Historicamente sabe-se que o descobridor da América casou com uma dama da aristocracia portuguesa de quem teve um filho e que, acompanhado deste abandonou Portugal dirigindo-se a Sevilha, parece que de maneira oculta, como um fugitivo, mas desconhecem-se os motivos verdadeiros porque assim procedeu.
Pela primeira vez, eu vou procurar explicar, pelo lado mais racional, essa saída misteriosa de Colombo do nosso país baseando-me, exclusivamente, na teoria das hipóteses onde, de resto, se tem baseado, também, toda a enorme bibliografia colombina, como é notório.
Consta que o denodado nauta – irritado contra D. João II – saiu de Portugal, às escondidas, pobremente vestido, e como mercador de livros, de estampas ou de atlas de mapas geográficos, dirigindo-se a Sevilha; mas a data deste facto não é determinada, com precisão, pelos historiógrafos indicando uns um ano e outros outro, hipoteticamente.
Vejamos se se poderá fazer luz sobre este obscurecido ponto.
Segundo Fray Bartolomeu de Las Casas, o descobridor do Novo Mundo, encontrando-se na ilha Espaniola, escreveu uma carta aos reis de Castela – carta que reproduz na sua «Historia general de las Indias» – onde, entre outras cousas, diz o seguinte, referindo-se à descoberta:

«Ya saben vuestras Altezas que anduve siete años en su côrte importunandoles por esto».

Ora Colombo embarcou para a sua prime ira viagem em 3 de Agosto de 1492, no porto de Palos; retrocedendo sete anos, desde 1492, da a data 1485 ano em que, evidentemente, foi apresentado na côrte de Isabel, a católica.
O historiador Bernaldez chega mesmo a indicar o dia: 20 de Janeiro, do referido ano ([4]).
Navarrete, nos «Documentos Diplomaticos», publica uma carta do Duque de Medinaceli, escrita em 19 de Março de 1493 dirigida ao grã cardeal de Espanha para que este peça à rainha autorização para ele poder enviar cada ano, duas caravelas suas às novas terras descobertas por Cristobal Colomo, como lhe chama, «que se vénia de Portugal y que se queria ir al Rey de Francia para que se empreendiesese de ir a buscar las Índias».
Alega o duque, para justificar a pretensão, os seus serviços anteriores à coroa, nesta passagem interessante da carta:

«... a mi cabesa y por yo determinarle em mi casa dos años, y haberle enderezado a su servicio, se ha hallado tan gran cosa como esta».

Por conseguinte, os sete anos de solicitações a que alude Colombo, pela sua parte, com os dois anos que viveu em casa de Medinaceli, antes de ser apresentado na côrte, perfazem a soma de nove anos de permanência em Castela; retrocedendo, pois, desde que embarcou para a sua primeira viagem temos 1483, ano em que saiu de Portugal e entrou em Espanha, segundo os meus cálculos.
Referem os historiadores que D. João II rejeitara as propostas de Colombo, depois de ter mandado analisá-las pela junta dos cosmógrafos do reino, que se pronunciou contra a empresa, mas parece mais crível que o monarca se não conformasse com o que o navegador exigia para si pela descoberta, descoberta de que – segundo diz Las Casas – estava tão seguro como se a tivesse já na mão.
Ora no dia 3 de Março de 1483, Ferdinand van Olm, capitão da ilha Terceira (Açores), foi autorizado por D. João II a tentar a descoberta das fantásticas «ilhas das sete cidades e terra firme», que se imaginava que ficassem para o poente, no rumo ocidental do Atlântico ([5]).
É natural que esta autorização do rei descontentasse Colombo ao ter conhecimento do facto, e daí se tornasse inimigo figadal do monarca, colocando-se ao lado dos partidários do duque de Bragança D. Fernando, – que conspirava então contra a soberania real – isto motivado pelo despeito de ter sido preterido em benefício de outro ou por promessas de antemão feitas de poder realizar a planeada descoberta logo que este fidalgo conseguisse os seus fins.
Mas a conspiração foi descoberta a tempo, por uma casualidade, e o rei informado dela por denúncia.
Os conjurados trataram de salvar a vida passando a fronteira, fugindo para Castela, França e Inglaterra; e o Bragança, descoberto, foi imediatamente preso, julgado num processo sumário, e executado no cadafalso de Évora, a 21 de Junho de 1483.
Colombo, comprometido também, – mas como «era muito esperto», no dizer do cronista, – muito provável que se disfarçasse em vendedor de livros de estampas ou álbuns de mapas geográficos e fazendo-se passar por genovês, auxiliado um tanto pelo seu físico de homem de tez rosada e cabelo louro, conseguisse chegar até casa do duque de Medinaceli, na Andaluzia, sem ser apanhado na fuga e onde se conservou oculto durante dois anos, enquanto os ares andaram turvos para os que haviam conseguido escapar-se de Portugal a salvo.
Foi na mesma casa protectora de Medinaceli que se acolheu o refugiado político português D. Afonso, conde de Faro, irmão do Bragança executado em Évora, para escapar à vingança que D. João II jurara à nobreza conspiradora, pois uma filha sua era casada com o duque.
E, assim, comeram ambos o pão amargo do exílio sob o mesmo tecto andaluz: o fidalgo português de ascendência nobre – irmão dum duque e sogro doutro duque – e o mísero plebeu foragido que, mais tarde, havia de dar um Novo Mundo ao mundo!
Entretanto fôra descoberta uma outra conspiração na nobreza. Em 23 de Agosto de 1484, D. João II apunhala, em Setúbal, o duque de Viseu, tido como chefe. Novas prisões, nova revoada de fugitivos para além-fronteiras. Mas desta vez o ouro do soberano paga, largamente, o punhal dos sicários, o veneno dos facínoras. Ai! dos que fossem indigitados pelos espiões do rei! Nem o próprio país estranho valia de refugio, nem a própria terra estrangeira evitava a morte violenta! Como uma maldição, seguia os fugitivos, cheios de pavor, galopando à morte esta praga condenatória do monarca: Quiseste matar-me?! Morrerás... E o Príncipe perfeito executava na perfeição, pela Europa fora, a caça ao homem...
Afim de evitar o ódio vingativo do rei, que os perseguia por toda a parte, muitos dos exilados tiveram de usar o velho estratagema de mudar de nome, o que nem sempre surtia efeito como sucedeu a um fidalgo dos da conjura que tendo conseguido passar os Pirinéus, sob um suposto nome francês, mesmo assim foi reconhecido e apunhalado em Ruen.
É muito natural, pois, que o futuro descobridor da América houvesse de usar do mesmo estratagema, para segurança pessoal, dizendo-se de Génova e fazendo constar que se apelidava Colomo, pois é com esta ortografia que figura na primeira verba da pensão que recebeu na côrte de Isabel, a católica, ortografia que, de resto, é do próprio escrivão.
Pelo que deixo exposto não é arriscado concluir-se que Colombo era cúmplice na conspiração contra D. João II, e tanto assim parece que a seguinte carta, conservada preciosamente por ele entre os seus papéis, é bem significativa porque tem todo o teor dum salvo-conduto, concedido a quem tinha culpas muito graves no cartório régio:

«A Christovam Colomo, noso especial amigo em Sevilha.
«Cristobal Colon.
«Nos Dom Joham per grasa de Deos Rey de Portugall e dos Algarbes; daquem e dallem mar em Africa, Senhor de Guinee vos enviamos muito saudar. Vimos a carta que nos escrebestes e a boa vontade e afeizaon que por ella mostraaes teerdes a noso. serviso. Vos agradecemos muito, Emquanto a vosa vinda cá, certa, assy pollo que apontaaes como por outros respeitos para que vossa industria e bõo engenho nos será necessario, nós a desejamos e prazer-nos-ha muyto de que viesedes, porque em o que vos toca se dará tal forma de que vos devaaes ser contente. E porque por ventura terees algum rezeo de nossas justizas por razaon dalgumas cousas a que sejaaes obligado, Nós por esta nossa Carta vos seguramos polla vinda, estada, e tornada, que não sejaaes preso, reteudo, acusado, citado, nem demandado por nenhuma cousa ora seja civil ora criminal, de qualquer cualidade. E por ella mesmo mandamos a todas nosas justizas que o cumpram assy. E portanto vos rogamos e encommendamos que vossa vinda seja loguo e para isso non tenhaaes pejo algum e o tereemos muito em servizo. Scripta em Avis a vinte de Marzo de 1488.

El Rey» ([6]).

Por esta carta de D. João II em resposta à de Colombo, que não se encontrou, pode ver-se que o monarca não se dirigia a um genovês e sim a um vassalo seu que residia no estrangeiro por «rezeo de nossas justizas».
É muita para lastimar que a carta de Colombo se tivesse perdido nos nossos arquivos, pois talvez ela esclarecesse o receio a que o rei se refere...
Assim, esta carta do rei de Portugal – confrontada com a de Paulo Toscanelli, de 1474, – explica, duma maneira bem clara, o motivo porque o célebre cosmógrafo florentino chamou português a Colombo, tendo-lhe sido feita a apresentação deste pelo italiano Giraldi; Giraldi, que, evidentemente, devia conhecer a verdadeira nacionalidade do indivíduo de quem fazia a apresentação indicou-a, decerto, a Toscanelli pois só assim se explica a razão dos elogiosos termos da carta do sábio, enaltecendo a nação portuguesa e os seus homens ilustres entre os quais já inclui Colombo o qual – se bem que já manifestasse disposições de navegar para o Ocidente – vivia ainda em Lisboa, muito modesto e obscuro ([7]).
Logo o nauta imortal que descobriu a América era um português ao serviço da Espanha – como Fernão de Magalhães e outros – para honra e glória da nossa pátria, para maior celebridade da nossa terra de heróis do mar, de descobridores intrépidos, de navegantes arrojados, que, – sulcando os Oceanos em todos os rumos – foram levar aos confins do mundo a emissão sonora da sua linguagem fortemente nasalada, o fervor rútilo da sua grande fé cristã, e a rútila corroboração do seu génio ousado!


[1] Cristóvam Colombo escreveu uma obra muito curiosa, que deixou inédita, intitulada – «Libro de las Profecias» – onde se jactava de ter sido escolhido do Céu para descobrir o Novo Mundo; nesse livro de pseudorevelação divina há períodos interessantíssimos como, por exemplo, estes dois:
«Quien dubida que esta lumbre no fue del Espirito Santo, asi como de mi, el cual con rayos de claridad maravillosa consola con su santa y sacra Escritura a voz muito alta y clara con 44 libros del Viego testamento, y 4 Evangelios con 23 epistolas daquellos bienaventurados Apostolos avivando-me que yo proseguiese, y de contino sin cesar un momento me avivan com gran priesa?»
«... e digo que no solamente el Espirito Santo revela las cosas de por venir a las criaturas raionales mas nos las amuestra por señales del cielo, del aire y de las bestias cuando le aplaz».
Como se sabe a prioridade da descoberta da América foi-lhe contestada pelos seus próprios contemporâneos que a atribuíam a um piloto náufrago que lhe fornecera elementos a ponto de ele poder efectuá-la, mais tarde, como ideia exclusivamente sua. Essa insinuação absurda, que tinha em vista obscurecer o mérito do grande navegador, criou raízes no seu tempo tanto que ele escreveu o «Livro das Profecias» para se justificar e fazer emudecer os seus detractores, procurando demonstrar que a previsão da descoberta lhe fôra sugerida pelo próprio Espírito Santo. Ainda hoje, em Portugal, quando alguém efectua alguma cousa imprevista cuja decisão súbita é posta em dúvida, parecendo ter sido anteriormente segredada por outrem, se diz por ironia: – «Parece que teve Espírito Santo... de orelha!» Remontará a origem desta frase ao tempo de Colombo?
[2] V. «Chronica del Rey Dom Affonso V», cap. CLXIV.
[3] V. «Saudades da Terra», de Gaspar Frutuoso, edição anotada por A. Azevedo.
[4] V. «Cristobal Colon, natural de Potevedra», por Arribas y Turull, 1913, pág. 41.
[5] Foi algures, parece-me que, salvo erro, dum artigo sobre Martim de Boémia, publicado na «Revista Portuguesa Colonial e Marítima», que copiei a seguinte nota: «Em 3 de Março de 1483 foi Fernão Dulmo (Ferdinand van Olm) capitão da ilha Terceira, autorizado por D. João II a tentar a descoberta das fantásticas «ilhas das sete cidades e terra firme». Posteriormente associou-se este com João Afonso Estreito, sendo em Lisboa sancionado o seu contracto, para este fim, pelo rei em 24 de Julho de 1486. Deviam ser equipadas duas caravelas para largarem da ilha Terceira em 1 de Março de 1487. Parece que nunca se levou a efeito porque desta tentativa nada se sabe».
Virá daqui a origem dessa lenda – que alguns historiógrafos referem – de que D. João II, tendo simulado rejeitar a proposta de Colombo por inexequível, mandara, secretamente, caravelas suas em busca das terras ocidentais?
[6] V. o texto desta carta em Navarrete, «Coleccion de los viajes y descubrimientos», etc. e em Teixeira de Aragão, «Memoria acerca do descobrimento da América», 1892. Luciano Cordeiro, que a transcreveu a pág. 17 do seu opúsculo «De la découverte de l’Amérique», 1876, anota-a nestes termos: «Cette lettre n’est pas une invitation comme l’ont dit toutes les biographes de Colomb. C’est, au contraire, une aceptation». Anteriormente assim o notara, também, Pinilla designando-a por «aceptation obligeante».
[7] V. o texto da carta de Toscanelli na obra de Hernan Colon, «Vida del Almirante» e nas notas da «Historia Universal», de Cesar Cantu. Como a autenticidade da correspondência havida entre o descobridor do Novo Mundo e o cosmógrafo italiano fosse posta em dúvida por Mr. Enrique Vignaud no seu livro «La carta y el mapa de Toscanelli sobre la ruta de las Indias por el Oeste, enviadas en 1474 al portugués Fernán Martins, y trasladados más tarde a Cristobal Colon», D. Celso García de la Riega defende-a, calorosamente, num interessante artigo «Colon y Toscanelli», publicado em 15 de Agosto de 1903, em «La Ilustration Española e Americana».

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