Com a devida vénia e por tornar evidente a incoerência de teses apregoadas, reproduz-se excerto do comentário crítico de Eduardo Albuquerque no forum Genea Portugal.
(...) Parece que o Infante D. Henrique, em idade mais adequada para pôr em ordem a “alma” pegando no terço, se deu a outras inclinações... de que teria resultado alguém que, passados cerca de trinta anos, viria a adoptar o apelido Colombo, e digo Colombo, pois foi este, segundo alguns pretendem, o mandado registar pelo nosso monarca D. Manuel I, a Rui de Pina.
Do que resulta a natural perplexidade e paradoxo de o Rei mandar registar Colombo e este adoptar Colón. Que grande ingrato...!
Mas o Infante, ter-se-á revelado muito prolífero, pois, antes do “Cristóvão” já tinha dado ao mundo um “Bartolomeu” e, depois do Cristóvão, ainda houve lugar para um “Diogo”.
Ah! grande Infante, que melhor demonstração poderia haver de um dos mais genuínos produtos da rija “cepa” portuguesa.
E, tudo consertado com os Reais Senhores, todos optaram por uma segunda profissão, a da espionagem, e todos eles se passaram a chamar Colombos, perdão, Colóns!
Dos tenros anos, da nobre prole, o nosso clero, com muito medo da terrível fogueira, nada registara... pois diziam as profecias que estavam votados à ignóbil arte da espionagem...
Mas valendo-se de científica metodologia, logo se prova que eram de sangue Real e muito possivelmente filhos do notável Infante, pois, por um lado as feições não o desmentiriam, e por outro, tal como o Infante não se interessaram pelas coisas do mar?
Logo, a conclusão surge cristalina, e a prova concludente!
Assim, depois de ter casado, como muito bem referiu o estimado confrade, com senhora de diferente “status”, como filho de príncipe que se orgulhava de ser, vai o “nosso” “Cristóvão”, depois de andar a “chatear” a família toda com o “eu quero ir à Índia”, para Castela em tríplice missão, a saber: de missionário da “Pomba”, de navegador desempregado e de régio espião. Grande “Cristóvão”! E aí, renasce como Colombo, perdão, Colón, obviamente ocultando as suas Reais origens que muito o prejudicariam.
Já em Castela, volta à sua teimosa petição “eu quero ir à Índia”, eu sou o missionário da “Pomba”, pois eu quero lá construir um pombal, para enviar mensagens secretas ao meu amo e senhor...
Tanto “chateou”, tanto “chateou”, pois a técnica comercial tinha-a aprendido no “The Sagres’s College”, muito necessária às futuras trocas comerciais, que os Reais Senhores Castelhanos, para se verem livre dele, não o mandaram dar uma “volta ao bilhar”, mas para o “ultramar”. Vai com Deus... e o Senhor te acompanhe...!
Regressou tão ufano à original pátria, publicitando tão gloriosa empresa, que com o deslumbramento, ninguém reconheceu tão ilustre e Real senhor, mas apenas viu o novo Cristóvão Colombo, perdão Colón!
E os Reais manos, em mui nobre aprendizagem, lá foram desenhando uns portulanos, pois o futuro é incerto, e o ser de condição Real, não é garantia que baste. Não houve já um Imperador que acabou em jardineiro...?
Estes manos, um pouco ingénuos, renegaram a sua Real condição, em benefício da sua nova actividade, quer de espiões de Sua Majestade, quer de criados do mano mais “furão”, o Cristóvão das Pombinhas, e mudaram de nome para Colombo, perdão, Colón, o que tudo inculca o ingresso na Ordem dos Espiões... Ordem que se tornaria famosa pela continuação deste apelido em terras de Castela “ad saecula saeculorum”...
E lá partiram para Castela, França, Inglaterra, no propósito de desviar as atenções dos Castelhanos da nossa empresa, pois os ingleses e os franceses eram muito ladinos... e convinha desviá-los para a Índia...
Infelizmente, um dos filhos do notável espião Cristóvão, dito Fernando, “o Nandinho das Escrituras”, era atrasado mental, enfim, coisas da natureza, e por isso não ingressou na Ordem, pelo que nunca soube que o pai tinha sido espião.
Vai daí, quando este morre, aquele que de suas origens nada sabia, procura testemunhos vivos, rebusca sofregamente toda a documentação deixada, lê num apêndice a um Codicilo os nomes de alguns herdeiros de certo genovês, e parte para Itália em busca de suas naturais e mui nobres origens.
E o infeliz incapaz não é que só lhe dá para procurar Colombos, nem Colóns pesquisou!
E, como incapaz que era, nada encontra de seus avós, pelo que concluiu:
Pois, se o meu pai era enviado da “Pomba”, os meus avós e todos os meus ascendentes voaram...
(...)
Eduardo Albuquerque
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