A interpretação abusiva de documentação n’O Mistério Colombo Revelado leva a que se extraiam dela conclusões erradas, contudo tal só seria de estranhar se esta não fosse usada para justificar ideias previamente concebidas.
Ele sabia onde estava e sabia muito bem o que estava a fazer quando mentia. Era o próprio Cristoval Colon que estava a fornecer os falsos testemunhos, como mostram claramente estas duas cartas para o seu filho Diego Colon:
Sevilha, 21 de Dezembro de 1504
(...)
Querido filho: A transcrição da carta que te envio. Queria que o Rei Nosso Senhor ou o Senhor Bispo de Palência a vissem antes de eu enviar a carta, para evitar falsos testemunhos.
Sevilha, 29 de Dezembro de 1504
(...)
Querido filho: Com Don Hernando [Colon] escrevi-te profusamente, o qual partiu para lá, faz hoje 23 dias... com elas vai a transcrição de uma carta que escrevo ao Santo Padre das coisas das Índias... Envio esta transcrição para que a veja Sua Alteza ou o Senhor Bispo de Palência, para evitar falsos testemunhos. A paga desta gente que foi comigo está atrasada.
Colon escreveu uma carta ao Papa acerca das coisas das Índias (Novo Mundo) das quais ele era o melhor e único perito, mas estava preocupado que esta sua carta contivesse falsos testemunhos, pelo que o Rei ou o Bispo a deviam rever. Quem escreveria falsos testemunhos na própria carta de Colon? Pensamos que a resposta é óbvia. Colon estava a dar falsos testemunhos sobre o Novo Mundo desde 1493, e agora o Rei ou o Bispo precisavam de verificar os factos falsos, face à presente carta, para se certificarem que iam ao encontro das anteriores versões dos factos dados ao Papa, de modo a que não parecessem falsos agora.
(O Mistério Colombo Revelado, pp. 147-148)
A minha interpretação dos documentos na forma apresentada:
Cristóvão Colombo está a dar conhecimento ao filho do que escreve e quer este faça chegar ao Rei ou ao bispo de Palência o conteúdo das cartas que vai enviar a terceiros, para que depois não cheguem ao Rei ou ao bispo de Palência notícias deturpadas do que realmente escreveu a esses terceiros.
Nada nestas cartas indicia que Cristóvão Colombo desse falsos testemunhos ao Rei ou ao bispo de Palência. A sua intenção era evitar ser caluniado por causa de cartas que escreve a terceiros e do conteúdo das quais o poder não tinha conhecimento.