O Santo Graal (13)
Na esteira do sr. Manuel Rosa, o sr. Carlos Calado reafirmou recentemente (1) que nós Pseudo-História Colombina alguma vez escrevemos que o italiano Colombo tivesse sido o tão famigerado tecelão da cidade de Génova encontrado no sc. XIX pela historiografia italiana dita purista. É consabido que bem pelo contrário, desde o início das nossas intervenções neste blogue, chamámos a atenção para o facto de que o nome Cristóvão Colombo era em Itália quase tão vulgar como entre nós o do grande António Silva... e que lemos que se documentam em Itália, coevos seus, vários Cristóvãos Colombo, sendo que o condottiero corsário depois ao serviço da coroa castelhana poderia nem ser algum deles, mas outro qualquer de que não restasse, ou se desconhecesse documentação italiana, antes de ter ficado conhecido o mercenário fora da sua pátria.
Mais absurdamente ainda, em Génea Portugal, lemos o sr. Manuel Rosa queixar-se de que "agora que ele denunciou que Colombo não era o tecelão, querem roubar-lhe a descoberta e vir dizer que a tinham afirmado publicamente antes dele"... Citamos de cor este seu espantoso desabafo, pois infelizmente não marcámos a página aonde se encontra registado, algures dentro da embrenhada colombina selva dos disparates que corre naquele fórum...
O sr. Manuel Rosa, como sabemos, dizia ter estudado quinze anos a temática colombina, depois por ele próprio rectificados para quatorze nas páginas deste nosso blogue o ano passado, e, finalmente, aqui mesmo confessando em momento de franqueza expansiva terem sido apenas treze os anos consagrados a esse esforço, voltando agora no entanto a publicamente referir, impávido sempre, decerto em boa fé, os famigerados quinze anos (3) demasiado incompletos a nosso ver, talvez por serem número esotérico ao qual não queira ou não o deixem já fugir a incoerência... ou considere não ser de bom augúrio o número treze. O sr. Rosa, dizíamos, que tanto se ufana de ter lido e coligido a maior bibliografia de sempre sobre Colombo, necessita em nossa opinião de ver bem se essa bibliografia estará completa... pois que na realidade, tal como já tínhamos avançado ab initio, o sr. Rosa sempre deliberadamente ocultou, nos dois últimos anos em que o lemos quase diariamente, as várias teses anti-puristas italianas de que já em tempos nos ocupámos, e que revêm à luz documental a génese italiana de Colombo, considerada cronologicamente incompatível com a do Cristóvão Colombo tecelão... Ora esses estudos históricos italianos anti-puristas têm já vários anos, e estão amplamente divulgados, até na Rede, e não cremos portanto que o sr. Rosa saisse a terreiro na "Ibéria", (10) como gosta de dizer, sem deles ter conhecimento...
Apenas, sabendo nós como o sr. Rosa ingenuamente gosta de chamar a si as descobertas e enunciados alheios, anunciando-os ingenuamente como seus, cremos que não lhe convinha referir os estudos total ou parcialmente sérios existentes em Itálias na área colombina, a fim de poder passar melhor a sua disparatadíssima tese de um Colombo português reapresentado ademais com sobrenome castelhanizado!
Ora como a insegurança, a ignorância e a inocência seguem o publicado recente, ou na moda, vemos cada vez mais pessoas lusófonas na Rede a singularizarem-se adoptando a nóvel ridícula denominação de Colombo oficializada interesseiramente pela Câmara da Cuba diante dos seus Paços do Concelho: "Colon"... Por este facto responsabilizamos inteiramente os srs. Mascarenhas Barreto, Rosa, Calado, e sobretudo a Câmara de Cuba,na pessoa do seu presidente sr. Orelha, que é de todos a única entidade, porque oficial, que nunca se poderia permitir tamanho dislate e atentado à verdade historiográfica documentada.
Mas voltando ao Colombo frio, apesar de os seus próprios seguidores já terem chamado a atenção de Manuel Rosa que nós próprios nunca indicámos outra coisa senão essa verdade documentada, ou seja, que Cristóvão Colombo era lígure, natural dos Estados de Génova, e portanto italiano, continua a ser divulgada a mentira, que lhes seria conveniente que fosse verdadeira, de nós defendermos a tese do tecelão, o que nos pareceria tão pouco adequado como defender a tese catalã, a galega, a grega ou outra qualquer... antes de termos terminado de as estudar, e podermos pronunciar-nos com a isenção necessária, conforme prometido aos leitores do Pseudo-História Colombina. E temos até ideia de já nestas páginas termos referido que o ponto mais fraco da argumentação a favor do Colombo da cidade de Génova é a incompatibilidade cronológica aparente da documentação deste com a biografia conhecida e documentada do aventureiro genovês. Não o facto de ter nascido eventualmente burguês e plebeu... como querem os pseudo-históricos portugueses, que tanto gostam de mitificar a Nobreza de Portugal, distinta das restantes nobrezas europeias na sua idiosincrasia, e que tão mal estudada trazem.
Aproveitamos aqui para um esclarecimento que julgamos útil aos crentes fundamentalistas das teorias esotéricas portuguesas sobre Colombo: estes dois colombistas portugueses, no seu espanto de que a historiografia portuguesa coloque geralmente Colombo no seu verdadeiro papel, e importância, fora da mitificação que lhe atribuiem as historiografias castelhana, italiana, e norte-americana tradicionais, entendem por isso que todos os historiadores portugueses acharam por bem debruçar-se atentamente sobre o mero pormenor histórico que são as origens intra-italianas de Colombo. Na realidade, tal como nós já havíamos avançado, cabe sobretudo à historiografia italiana a necessidade de se interessar, reestudar, e reapresentar o primeiro periodo colombino, antes dele sair de Itália, depois de expurgados erros documentais e interpretativos criados pela história nacionalista de Oitocentos. E a historiografia portuguesa tem muitíssimo mais com que se ocupar do que entrar na guerra colombina sobre as origens familiares de Colombo, tão avidamente disputado entre Castela, a Catalunha e a Itália por não
disporem de outros navegadores oceânicos de renome mundial, como também já aqui havíamos dito.
disporem de outros navegadores oceânicos de renome mundial, como também já aqui havíamos dito.
Quanto ao sr. Carlos Calado, e à crítica que nos tece, deixa-nos estupefactos, na medida em que temos vindo a ser acusados pelos rosistas e cubanistas colon'iais de ser elitistas, e de menosprezarmos qualquer trabalho de investigação que não seja académico... Na realidade, desprezamos sim é trabalhos de investigação quando elaborados sem ponta por onde se lhes pegue, com desprezo da Razão, dos documentos válidos coligidos, e sobretudo do bom senso! E isto, ou a falta disto, pode existir e existe decerto até dentro de pessoas com graus académicos em História, e não existir em alguma investigação séria e independente, completamente louvável. O preconceito, obviamente, parece encontrar-se sim em quem nos acusa, ao escrever "...Esta tese do Colombo “não necessariamente tecelão” foi, como se esperava, iniciada por um genovês de nome Vittorio Giunciuglio, simples operário reformado que escolheu a história como hobby. Claramente um distintíssimo membro da comunidade científica tantas vezes invocada como júri da verdade. É esta tese perfilhada pelo pseudo blog..." (1).
Ora nós nunca tínhamos sequer ouvido falar em tal nome, que nos recordou o da gentil Gigliola Cinquetti dos anos sessenta pela dificuldade da sua pronunciação. Mas facilmente o encontrámos na Rede, realmente pintando Colombo cheio de teorias conspirativas neo-templárias, eventualmente romãs, mistérios indocumentados, espíritos revelados, lógicas por desvelar, e muitas outras coisas tão ao gosto sim do sr. Calado e do sr. Rosa... o que nos espanta é que alguém que tem um grau em Marketing, entre outros, e alguém que apoia a ridícula e mentirosa oficialização em bronze municipal de teses há muito desmontadas e ridiculizadas pela comunidade científica portuguesa, e por qualque pessoa de mero bom senso, atreverem-se agora a vir ridicularizar publicamente um seu colega italiano, de nacionalismo esotérico apenas comparável em Portugal à cena colon'ial perpetuada para turista ver diante da Câmara da Cuba, com a bênção socrática do punho fechado rosa actualmente no poder...
Armas de Inocêncio VIII
Faiança de Lucca della Robbia
Pois que realmente, atente-se, declarar o cruel ou implacável genovês "São Cristóvão Colombo" (4), como pretendem alguns mais fanáticos dos da Pseudo-História italiana, indignando-se por dois papas lhe terem recusado uma canonização política no sc. XIX, não é menos disparatadamente nacionalista do que defendê-lo como português natural, e filho de infantes, e Colonna de sangue, e outras patacoadas que tais. Começámos então a entender os actuais receios eventuais dos colon'iais lusitanos - o receio de que a estátua a Cristóváo "Colon", de castelhano bronze fundido em Madrid, tal como o renomeado Colombo ali representado, perdesse para alguma estátua a São Cristofero Colombo erigida em Itália... E nesta nossa divertida busca, fomos ter a Ruggero Marino (6), deixando apenas de parte a afirmação hebraica para Colombo, que já não tivemos tempo nem paciência para investigar.Faiança de Lucca della Robbia
Procurámos então encontrar qual a razão porque alguns escritos ligariam este referido jornalista e historiador pseudo-histórico (5) ao pouco inocente e prolífico Inocêncio VIII. Ao autor da bula "Summis desiderantes affectibus", que confirmando oficialmente em 1484 a existência da bruxaria como algo de essencialmente feminino e ligado à Heresia deu origem a nova e longa, misógina caça às bruxas na Europa, perseguição que vitimou essencialmente mulheres com sabedoria naturalista popular, por mera superstição dos seus perseguidores. Ao papa concessor do título de "Católico" ao rei de Aragão e Castela Fernando V.
Inocêncio VIII
Sobre um Inocêncio VIII eventualmente ligado a um financiamento da primeira viagem de Colombo, encontrámos uma curiosa carta (2). Ignoramos se verdadeira, está publicada numa página histórico-esotérica italiana, aonde o conceituado historiador semi-oficial nacionalista Taviani não recusa a existência de um documento referindo ou indiciando esse assunto - carta que precedeu necessariamente os extrapolamentos esotéricos que logo em seguida levaram a severas críticas da historiografia italiana sobre Marino, e parece que também sobre o desprezado operário referido depreciativamente pelo sr. Calado. Não lemos nem um, nem outro... Interessa-nos apenas o documento, sua veracidade eventual, e existência factual. Evidentemente que não duvidamos que a carta de Taviani a Marino seja apresentada isolada, e fora de contexto, para fins menos claros posteriores à sua escrita.
Repita-se agora, forçando os sorrisos, que estas teses, que correm a Internet, declaram Colombo como São Cristóvão Colombo, filho ilegítimo do Papa... Com papa tão corrupto, carecendo de dinheiro até ao ponto de criar cargos novos apenas para os vender, e um "filho" tão cruel, como ambos se documentam face à História, a santidade precisará a nosso ver estar mais com o leitor paciente, do que com os Cibos, verdadeiros e alegados...
Jazigo de Inocêncio VIII
Inocêncio VIII tomou ordens já com filhos naturais reconhecidos, tratados como tal na corte papal, sendo todos os restantes que lhe nasceram abundantemente de várias mulheres depois de sacerdote tratados, ao jeito do habitual nepotismo da época, como sobrinhos. É até costume referir que João Baptista Cibo é um dos pais biológicos de Roma. Apesar de ter crescido na corte napolitana, a sua origem genovesa parece ter-lhe sido realmente importantante, visto ter usado nas suas armas a cruz de S. Jorge genovesa em cima do brasão dos Cibo, e ter adoptado ao ser eleito o nome Inocêncio em homenagem a outro papa de Génova, Inocêncio IV.
Pareceu-nos que a principal falsa pista em que se baseia o sr. Marino para presumir missões secretas de Colombo à América, e uma sua chegada ali antes de 1492, seja a má compreensão do panegírico inscrito no túmulo de Inocêncio VIII existente em S. Pedro, túmulo realizado pelo Pollaiolo em 1498, que leu sem lhe entender o contexto, decerto. Diz este letreiro:
"D.O.M. / INNOCENTIO VIII CYBO PONT. MAX / ITALICAE PACIS PERPETVO CVSTODI / NOVI ORBIS SVO AEVO INVENTI GLORIA / REGI HISPANIARVM CATHOLICI NOMINE IMPOSITO / CRVCIS SACRO SSANCTAE(sic) REPERTO TITVLO / LANCAE QVAE CHRISTI HAVSIT LATVS / A BAIAZETE TVRCARVM IMPER (ATORE) [ldepois riscado e corrigido por] TYRANNOI DONO MISSA / AETERNVM INSIGNI / MONVMENTVM VETERE BASILICA HVC TRANSLATVM / ALBERICVS CYBO MALASPINA / PRINCEPS MASSAE / FERENTILLI DVX MARCHIO CARRARIAE ET C. / PRONEPOS / ORNATIVS AVGUSTIVSQ. POSVIT ANNO DOM. MDCXXI".
Traduzimos o início - Deus, Óptimo, Máximo/ Inocêncio VIII Cybo pontífice máximo/ custódio perpétuo da paz itálica/ glorioso inventor no seu tempo do Novo Mundo/ impositor do nome católico ao rei hispânico/&. Ora o "mistério" consiste para Ruggero em que Colombo partiu para a sua 1ª viagem de mercenário oficial em 1492, justamente quando este papa morreu, e daí atribuir-lhe Marino a encomenda e financiamento parcial da viagem, e o conhecimento anterior de outra viagem não-oficial de Colombo ao continente americano antes dessa data. Assim, Cristóvão Colombo é dito seu filho... com Anna Colonna (4), cronologicamente uma madura senhora de quem o púbere João Baptista, bem longe ainda de sonhar vir a ser papabile, o teria tido aos quatorze anos de idade. O "filho" da senhora Colonna e do Papa iria pois à América buscar o oiro necessário a seu "pai" para efeito da nova guerra de cruzada contra o turco requisitada por este à Cristandade...
Ruggero Marino, e eventualmente Vittorio Giunciuglio, ao levar em conta quanto reza este epitáfio, não souberam historiar e enquadrar a feitura do mesmo... Com efeito, ali a parte final informa-nos que o dito foi mandado escrever (parte do letreiro, inclusivamente, riscada e reescrita por cima posteriormente) pelo bisneto do Papa, Alberico Cybo Malaspina, príncipe de Massa, duque de Ferentilla e marquês de Carrara (7), no tardio ano de 1621, 123 anos depois da morte do papa Cibo, quando mandou trasladar para a nova basílica de São Pedro o túmulo de seu avô que se encontrava antes na demolida basílica medieval. Este monumento funerário é aliás o único entre os de todos os papas que gozou do privilégio de ser transferido da basílica velha para a nova, talvez em atenção a este seu bisneto, ou ao facto deste ter suportado os custos associados.
Evidentemente, e dentro da tendência de exaltar o bisavô, expoente máximo da glória da sua Casa, o velho príncipe de Massa, já no fim da sua vida, ou algum dos seus fâmulos terá feito confusão histórica, talvez por má compreensão do epíteto Católico dado ao Fernando V rei de Aragão e Castela (12), ou por vontade de ligar o antepassado à chegada castelhana à América, fonte dos proventos metalíferos que haviam permitido aos reis Habsburgos de Madrid alcançar o topo do seu poder que então apenas iniciava a decadência. Assinale-se que o túmulo do Pollaiolo é o primeiro sepulcro papal conhecido em que o morto, além de representado jazente, é figurado também sentado em trono, figurativo do seu poder temporal elevado à majestade temporalizada do sólio pontífício.
Motivados ainda pelos esotéricos dizeres do sr. Calado a respeito do genovês Inocêncio VIII, no século João Baptista Cibo, fomos investigar a etimologia do seu sobrenome - que em italiano se lê "Tchíbò" - confessando que esperávamos encontrar significado igual ou parecido para chibo, jovem cabritinho como se sabe, dada a semelhante pronúncia das duas palavras, italiana e portuguesa. Mas não: a palavra cibo parece ter sido usada em Itália passando a designar a quantidade de comida necessária para pagamento de uma jorna de trabalho agrícola avulso... Cibo - lê-se "sibo", escrevendo-se igual - é palavra que existe em português como em italiano, e na nossa língua usa-se hoje em dia para designar um bocadinho de qualquer coisa, por exemplo pequeninas doses de ração, especialmente as que são dadas às aves. Mas (vede só o perigo...) cibo é nome que chegou ao latim oriundo do grego (valha-nos Deus, lá vem membro!).
Designando inicialmente como dissemos a ração de alimento a ser fornecida a pequenos animais, passou cibo a designar depois pequenos vaso de barro aonde esta lhes era fornecida, e suspeitamos que esses vasos pudessem ser cúbicos... :) Recorrendo então ao habitual diccionário Priberam em linha, verificámos que cuba e cibo têm etimologia diversa, embora ambas designem recipientes, vindo Cuba do latim cupa, que depois dará copa (outro nome de taça) e copo. Pelo que o sr. Calado pode ficar sossegado, não terá que ligar a sua terra ao papa "templário" que trouxe à baila, a não ser que este por alguma forma tenha estado ligado ao cultivo das romãs. É pena... uma estátua de Inocêncio VIII não substituiria mal a de Colombo que recentemente colocaram em praça, visto não quererem ali colocar o alentejano Gama...
A terminar, pensávamos nós que os srs. Rosa e Calado teriam entendido, depois da conferência na Sociedade de Geografia de Lisboa do Doutor Contente Domingues, que para a historiografia portuguesa a questão das origens exactas de Colombo relevam do mero pormenor com algum interesse, e não são questão fulcral com que tenha de se ocupar prioritariamente... Mas enganámo-nos, diante deste texto... que revela ao Mundo que Nosso Senhor Jesus Cristo nasceu hebreu! Quem diria...
Parafraseando o sr. Rosa, há que exigir provas de tamanha afirmação! Sugerimos portanto aos srs. Rosa e Calado que escrevam ao seu esotérico colega em espírito, Giunciuglio, a fim de lhe exigirem as evidências documentais de que Jesus nasceu judeu, e pelo caminho sempre podem aproveitar para lhe perguntar se saberá explicar a presença de romãs esculpidas na porta da capelinha da Cuba.
Sobre este assunto, adiantamos uma sugestão a jeito de prémio de consolação à ainda por descolon'izar Cuba do Alentejo: Já que com muita pena nossa ali não nasceu o Salvador, trazemos-lhe hoje por alvíssara a descoberta de que agora há quem afirme (8) que se guarda na dinamarquesa ilha de Bornholm o tão procurado Santo Graal... ali depositado pela extinta Ordem do Templo. Mas que pela nossa pesquisa do radical etimológico do nome da Cuba, afigura-se-nos essa crença um impossível, e que o conteudo do Cálice por todos desejado mas só acessível a Galaaz se encontrará decerto em solo cubense, ali depositado pelo Infante D. Fernando, duque de Viseu e de Beja, administrador das ordens de Cristo e de Santiago, como no-lo-prova à evidência o seu nome de Cuba, ou Taça, que sabemos único na geografia europeia.
Acresce que as próprias armas do concelho (11) ainda hoje aludem a este misterioso facto: usam basicamente as cores verde e oiro, as cores pessoais da dinastia de Aviz. Temos ainda a púrpura, pelo espírito, e o vermelho, pela matéria. São quatro as espigas, número da terra, e dois os cachos, revelando a dualidade a esta associada no seu movimento inferior receptivo e gerador de forma para o espírito manifestado; e uma única a haste de oliveira, aludindo à unicidade tríplice do Agnus Dei, ou Cordeiro da Paz, primeira pessoa da Santíssima Trindade. As espigas ali estão pelo trigo do pão ázimo de que é feita a Hóstia, e a uva tinta está pelo sangue do Redentor contido no Graal. O laço, símbolo dos Iniciados de Amor desde pelo menos os tempos de Joaquim de Flora, e já cantado pelo Dante, é encarnado, representando a libertação humana do Desejo e da prisão da Carne pela transcendência da união mística com o Cristo, na unidade do Espírito Santo. Quem sabe se os cubenses, escavando junto à Capela das Romãs, não irão encontrá-l'O, e com Ele diante, possuir finalmente o verdadeiro e único Salvador dos Homens (9) ...
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1) Estrambólica crítica do sr. Carlos Calado ao Pseudo-História Colombina, que republicámos já nos comentários ao nosso post "Alucinações".
1) Estrambólica crítica do sr. Carlos Calado ao Pseudo-História Colombina, que republicámos já nos comentários ao nosso post "Alucinações".
2) Algumas das teses pseudo-históricas italianas actuais consideram Cristóvão Colombo filho ilegítimo, para variar... "misterioso" e "secreto", do corrupto papa. Não entendemos porque S.S. o teria secreto, quando assumiu e estableceu rica e poderosamente todos os seus numerosos outros filhos espúrios... Lá como cá, desejam testes de ADN a fim de poderem provar que Colombo era um Cibo...
3) Cf. Quinze anos é muito tempo.
3) Cf. Quinze anos é muito tempo.
4) Evidentemente, os defensores de "Sâo Cristóvão Colombo" filho "secreto" do papa Inocêncio VIII em missão da Igreja Católica para tomar posse oficial do Novo Mundo, também o declaram, ora não, templário, e, claro, dão ao "Kolon-membro" uma mãe Colonna, Ana Colonna, essa documentada como mulher madura quando o pai suposto, Gianbattista Cybo, teria apenas quatorze anos... Supomos terem lido sem o citar a Mascarenhas Barreto... ou nacionalizando as teses de Barreto ao sabor do seu interesse pelo mistero-spaghetti.
5) Nunca lemos, entrevimo-lo apenas em linha para efeitos deste artigo, e bastou. Trata-se de um jornalista que durante as comemorações colombinas de 92 foi severamente criticado pela historiografia italiana devido às suas teses pseudo-históricas colombinas não menos mirabolantes do que as portuguesas.
6) Vd. artigo sobre a tese de Marino.
7) Vd. Alberigo Cibo, príncipe de Massa.
8) Em "The Templar's Secret Island" (A Ilha Secreta dos Templários), livro pseudo-histórico de 194 páginas escrito pelo dinamarquês Erling Haagensen em parceria com o inglês Henry Lincoln, é apresentada a teoria que o Santo Graal e a Arca da Aliança provavelmente foram escondidos pela Ordem dos Cavaleiros Templários na ilha de Bornholm, no Mar Báltico, há cerca de 830 anos atrás.
9) Esta nossa pseudo-história cubense está tão bonita e coerente, que até já nós acreditamos nela... Que não no-la ousem rebater! Iremos submetê-la à apreciação da Fundação Alentejo Terra-Mãe... quem sabe!
10) A Península Hispânica, mesmo depois de redenominada Ibérica, graças a Deus ainda não constitui um único mercado de informação, apesar do tradicional imperialismo cultural e económico castelhano, disfarçado sob o nome de "espanhol", com tendência a ser seguido pelas grandes multinacionais.
11) As armas da vila de Cuba sob o regime republicano são: escudo de verde com um ramo composto de quatro espigas de trigo de ouro e uma haste de oliveira de verde florida de prata, tudo atado de vermelho. O ramo acompanhado por dois cachos de uvas de púrpura e sustidos de ouro. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com os dizeres : " VILA DE CUBA ", de negro.
12) Por eventualmente associar a concessão ao rei de Aragão como fruto da descoberta oficial da América, e não, como efectivamente aconteceu, pela conquista definitiva do reino de Granada.
13) O Graal é uma lenda alegórica medieval com origem céltica, melhor estruturada depois do sc. XII e que precedeu o conceito moderno de Sagrado Coração de Jesus, podendo ser correlacionado o seu significado com o ensinamento religioso oriental relativo ao 4º chakra, assim como ao indiano Krishna e outros avatares. Procura sistematizar Sabedoria teológica.
Neste ícone ortodoxo encontramos uma mandala cristã perfeita: vemos uma Virgem Negra coroada, vestida de azul e encarnado, bordado de estrelas de oiro do Céu o pano azul, e de folhas doiradas da Terra o tecido vermelho, simbolizando estas cores a dualidade do feminino puro desdobrado e presente potencialmente no Espírito, e concretamente na Matéria, respectivamente. As mãos de Nossa Senhora, de pele negra por mero simbolismo da Morte que é a Matéria para o Espírito, porque de feições inteiramente caucasianas, encontram-se completamente abertas e receptivamente levantadas para o Alto, e ao mesmo tempo como que abraçando e abençoando quem a contemple, em gesto de Paz. O seu resplendor circular vazio de raios sugere este ser receptivo à Luz divina, e não irradiadora da mesma, como se vê no do Seu Filho. Também o campo vazio da sua auréola, mais sugerida do que pintada, não contém qualquer cruz, como a do Filho, mas apenas a coroa de quatro florões trilobados e dois aros divergentes, mostrando o quatro da matéria elevada na dualidade chamada a reinar sobre o plano físico, aqui presente na densa cor encarnada do toucado por sobre a coroa, também ele decorado com duas áureas flores espirituais. Os dois aros emergentes do diadema fechado divergem a partir de um aro único ascendendo desde a base da coroa da Senhora, e mostram-nos a separação do Uno em Dividido que permite a reprodução.
A Mãe Divina representa aqui principalmente o feminino telúrico e o inconsciente oculto, sobreposto e alinhado o seu coração ao do andrógino Menino Salvador contido dentro do Cálice do Santo Graal, que por sua vez figura a Transubstanciação redentora que Cristo veio exemplificar ao Homem. A Taça assenta em cúbico sacrário, guardião do mistério da Eucaristia, e este está assentado no trono tradicionalmente atribuido pela iconografia medieval a Deus Padre, assim presente aqui apenas invisivelmente.
O Cristo está pintado com uma auréola de energia doirada circular, símbolo da Perfeição do Amor Divino a quem se Lhe reuniu e O irradia agora conscientemente para todos os Seres. O círculo da Sua auréola contém uma cruz, símbolo da dolorosa tensão da Matéria da qual se libertou apenas pela morte da Sua condição humana inferior pela fecundação do Espírito a quem uniu a Sua vontade; e esta auréola de Luz e o Seu corpo encontram-se contidos num semi- resplendor de Luz Divina, de forma oval, chamado mandorla. A Mandorla alude aos ciclos da Manifestação do subtil Divino esférico na grosseira Matéria cúbica, movimentando-se a Vida espiraladamente pela tensão existente entre a força da inércia yin e a força actuante yang, conformes ao conceito espiralado grego do Tempo. E contido este entre o Princípio e o Fim do movimento do Espaço pluridimensional, entre o Alfa e o Ómega, a primeira e a última letras do alfabeto grego que isso mesmo simbolizam, e se encontram aqui uma de cada lado do Cristo Graal como Centro do Grande Ciclo Único Inclusivo e Exclusivo, Ascendente e Descendente, Evolutivo e Involutivo, manifestado em espiral por sucessivos subciclos repetitivamente diferentes, alinhados e reunidos pela imaginária linha recta interna reunindo os centros entre Alfa e Ómega. Linha essa que simboliza o irreal tempo linear circunscrito ao limitado plano dos cinco sentidos, e por isso mesmo representada aqui horizontalmente ao nível da cabeça do Cristo.
O Espírito Santo encontra-se presente na Pomba descendente, mostrando pelo merecimento da Graça alcançada pela Pureza a fecundação espiritual da Virgem pelo invisível Pater, ou Fonte Una do Espírito, que lhe permite conceber na sua entrega total e sem mácula ao Filho de Deus no seu coração, como no seu seio.
O coração do Filho, apenas visível depois da morte do Ego, está centrado e alinhado na composição não só com o da Mãe, visível, como também com o do Pai, invisível, simbolizando na unidade do Espírito Santo ou Luz ligando os três o exemplo da Redenção, da transubstanciada Ressurreição da Matér-ia além do desejo egoista separativo pela sua união perfeita com a vontade altruista unitária do Espírito primordial e final que contém a Matéria em que se desdobra.
Fora do campo sagrado rectangular da mandala aonde estão o Pater, a Mater, e o Filius, vemos um santo, e uma santa, a quem é permitido no entanto contactar e tocar a Divindade, pela sua proximidade desta no exercício da Caridade, ou exercício do Coração. Encarnam aqui o princípio feminino, e masculino, as duas colunas da divisão do uno que por polaridade permitem a Manifestação eternamente renovada e cíclica da Existência, polarizada sistemicamente entre o Visível e o Invisível.
A originalidade principal desta iconografia ortodoxa é representar a própria figura do Cristo como Santo ou Puro Graal, e não à côncava taça aonde José de Arimateia teria lendariamente recolhido o Seu sangue, geralmente presente na iconografia cristã ocidental. A origem da palavra Graal significou no Ocidente um prato redondo e côncavo, depois passando a designar a taça contendo o vinho simbolizando o Sangue figurativo da presença espiritual de Cristo na Eucaristia celebrada dentro da consciência individual de cada um.
13) O Graal é uma lenda alegórica medieval com origem céltica, melhor estruturada depois do sc. XII e que precedeu o conceito moderno de Sagrado Coração de Jesus, podendo ser correlacionado o seu significado com o ensinamento religioso oriental relativo ao 4º chakra, assim como ao indiano Krishna e outros avatares. Procura sistematizar Sabedoria teológica.
Neste ícone ortodoxo encontramos uma mandala cristã perfeita: vemos uma Virgem Negra coroada, vestida de azul e encarnado, bordado de estrelas de oiro do Céu o pano azul, e de folhas doiradas da Terra o tecido vermelho, simbolizando estas cores a dualidade do feminino puro desdobrado e presente potencialmente no Espírito, e concretamente na Matéria, respectivamente. As mãos de Nossa Senhora, de pele negra por mero simbolismo da Morte que é a Matéria para o Espírito, porque de feições inteiramente caucasianas, encontram-se completamente abertas e receptivamente levantadas para o Alto, e ao mesmo tempo como que abraçando e abençoando quem a contemple, em gesto de Paz. O seu resplendor circular vazio de raios sugere este ser receptivo à Luz divina, e não irradiadora da mesma, como se vê no do Seu Filho. Também o campo vazio da sua auréola, mais sugerida do que pintada, não contém qualquer cruz, como a do Filho, mas apenas a coroa de quatro florões trilobados e dois aros divergentes, mostrando o quatro da matéria elevada na dualidade chamada a reinar sobre o plano físico, aqui presente na densa cor encarnada do toucado por sobre a coroa, também ele decorado com duas áureas flores espirituais. Os dois aros emergentes do diadema fechado divergem a partir de um aro único ascendendo desde a base da coroa da Senhora, e mostram-nos a separação do Uno em Dividido que permite a reprodução.
A Mãe Divina representa aqui principalmente o feminino telúrico e o inconsciente oculto, sobreposto e alinhado o seu coração ao do andrógino Menino Salvador contido dentro do Cálice do Santo Graal, que por sua vez figura a Transubstanciação redentora que Cristo veio exemplificar ao Homem. A Taça assenta em cúbico sacrário, guardião do mistério da Eucaristia, e este está assentado no trono tradicionalmente atribuido pela iconografia medieval a Deus Padre, assim presente aqui apenas invisivelmente.
O Cristo está pintado com uma auréola de energia doirada circular, símbolo da Perfeição do Amor Divino a quem se Lhe reuniu e O irradia agora conscientemente para todos os Seres. O círculo da Sua auréola contém uma cruz, símbolo da dolorosa tensão da Matéria da qual se libertou apenas pela morte da Sua condição humana inferior pela fecundação do Espírito a quem uniu a Sua vontade; e esta auréola de Luz e o Seu corpo encontram-se contidos num semi- resplendor de Luz Divina, de forma oval, chamado mandorla. A Mandorla alude aos ciclos da Manifestação do subtil Divino esférico na grosseira Matéria cúbica, movimentando-se a Vida espiraladamente pela tensão existente entre a força da inércia yin e a força actuante yang, conformes ao conceito espiralado grego do Tempo. E contido este entre o Princípio e o Fim do movimento do Espaço pluridimensional, entre o Alfa e o Ómega, a primeira e a última letras do alfabeto grego que isso mesmo simbolizam, e se encontram aqui uma de cada lado do Cristo Graal como Centro do Grande Ciclo Único Inclusivo e Exclusivo, Ascendente e Descendente, Evolutivo e Involutivo, manifestado em espiral por sucessivos subciclos repetitivamente diferentes, alinhados e reunidos pela imaginária linha recta interna reunindo os centros entre Alfa e Ómega. Linha essa que simboliza o irreal tempo linear circunscrito ao limitado plano dos cinco sentidos, e por isso mesmo representada aqui horizontalmente ao nível da cabeça do Cristo.
O Espírito Santo encontra-se presente na Pomba descendente, mostrando pelo merecimento da Graça alcançada pela Pureza a fecundação espiritual da Virgem pelo invisível Pater, ou Fonte Una do Espírito, que lhe permite conceber na sua entrega total e sem mácula ao Filho de Deus no seu coração, como no seu seio.
O coração do Filho, apenas visível depois da morte do Ego, está centrado e alinhado na composição não só com o da Mãe, visível, como também com o do Pai, invisível, simbolizando na unidade do Espírito Santo ou Luz ligando os três o exemplo da Redenção, da transubstanciada Ressurreição da Matér-ia além do desejo egoista separativo pela sua união perfeita com a vontade altruista unitária do Espírito primordial e final que contém a Matéria em que se desdobra.
Fora do campo sagrado rectangular da mandala aonde estão o Pater, a Mater, e o Filius, vemos um santo, e uma santa, a quem é permitido no entanto contactar e tocar a Divindade, pela sua proximidade desta no exercício da Caridade, ou exercício do Coração. Encarnam aqui o princípio feminino, e masculino, as duas colunas da divisão do uno que por polaridade permitem a Manifestação eternamente renovada e cíclica da Existência, polarizada sistemicamente entre o Visível e o Invisível.
A originalidade principal desta iconografia ortodoxa é representar a própria figura do Cristo como Santo ou Puro Graal, e não à côncava taça aonde José de Arimateia teria lendariamente recolhido o Seu sangue, geralmente presente na iconografia cristã ocidental. A origem da palavra Graal significou no Ocidente um prato redondo e côncavo, depois passando a designar a taça contendo o vinho simbolizando o Sangue figurativo da presença espiritual de Cristo na Eucaristia celebrada dentro da consciência individual de cada um.
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