Cem anos separam o caso de Margarida Vasques do de Filipa Moniz. Dada a diferença temporal, entre eles, a permanência de Margarida Vasques no mosteiro de Santos de Lisboa só é importante na medida em que nessa instituição se admitiu, pelo menos uma vez (como é demonstrado por este documento), no seu seio alguém não-nobre. Não é pois uma instituição dedicada exclusivamente à nobreza e muito menos à alta-nobreza.
O documento é claro. Não indica que Vasco Eanes seja cavaleiro, nem sequer o refere como cavaleiro vilão (o que poderia ser, já que é mercador). Poderia Vasco Eanes ser mercador e cavaleiro? É evidente que sim. A estrutura social é muito mais flexível do que alguns pretendem que seja. Pode, pois, tratar-se dum erro ou lapso de algum dos tabeliães envolvidos. Mas então tem-se mais um lapso; mais um a acrescentar a toda uma série de erros, falsificações e ocultações que a toda esta história se atribuem, ficando-se, deste modo, com uma tese em tudo contrária ao que a documentação expressamente indica.
Também é evidente que com maior pesquisa poder-se-á descobrir mais alguma coisa sobre Margarida Vasques, seu pai e restante família e, até, acabar por se demonstrar que afinal há mesmo um qualquer lapso no documento. Mas também nessa pesquisa se poderão encontrar outras Margaridas Vasques; outros casos em que plebeus acedem a este pretenso clube exclusivo.
Por outro lado, demonstrando-se ser Vasco Eanes mercador e cavaleiro de Santiago tal facto só virá ajudar a demonstrar que a própria ordem não é tão exclusiva como se quer fazer crer.
Aparentemente Margarida Vasques nada tem a ver com Filipa Moniz, esposa de Cristóvão Colombo, contudo, não estando Margarida Vasques ligada à ordem de Santiago e sendo residente em Santos também Filipa Moniz poderá não ter qualquer ligação com esta ordem; vivendo em Santos alguém de baixa condição como Margarida Vasques, também Filipa Moniz poderá, afinal, não ter tão grande estatuto que a impeça de casar com Cristóvão Colombo, não sendo este a figura grada que se quer fazer crer.
A tudo isto vem a somar-se ao facto do próprio Bartolomeu Perestrelo, pai de Filipa Moniz, não ser de muita elevada extracção, afinal era só cavaleiro da Casa do Infante D. Henrique – não o era da Casa Real – tal como só era capitão do donatário da ilha mais pobre (se exceptuarmos a do Corvo) de todas quantas o Navegador era senhor.
Afinal o balão está a esvaziar-se e tudo se encaminha para que a História volte a ser o que sempre tem sido.
O documento é claro. Não indica que Vasco Eanes seja cavaleiro, nem sequer o refere como cavaleiro vilão (o que poderia ser, já que é mercador). Poderia Vasco Eanes ser mercador e cavaleiro? É evidente que sim. A estrutura social é muito mais flexível do que alguns pretendem que seja. Pode, pois, tratar-se dum erro ou lapso de algum dos tabeliães envolvidos. Mas então tem-se mais um lapso; mais um a acrescentar a toda uma série de erros, falsificações e ocultações que a toda esta história se atribuem, ficando-se, deste modo, com uma tese em tudo contrária ao que a documentação expressamente indica.
Também é evidente que com maior pesquisa poder-se-á descobrir mais alguma coisa sobre Margarida Vasques, seu pai e restante família e, até, acabar por se demonstrar que afinal há mesmo um qualquer lapso no documento. Mas também nessa pesquisa se poderão encontrar outras Margaridas Vasques; outros casos em que plebeus acedem a este pretenso clube exclusivo.
Por outro lado, demonstrando-se ser Vasco Eanes mercador e cavaleiro de Santiago tal facto só virá ajudar a demonstrar que a própria ordem não é tão exclusiva como se quer fazer crer.
Aparentemente Margarida Vasques nada tem a ver com Filipa Moniz, esposa de Cristóvão Colombo, contudo, não estando Margarida Vasques ligada à ordem de Santiago e sendo residente em Santos também Filipa Moniz poderá não ter qualquer ligação com esta ordem; vivendo em Santos alguém de baixa condição como Margarida Vasques, também Filipa Moniz poderá, afinal, não ter tão grande estatuto que a impeça de casar com Cristóvão Colombo, não sendo este a figura grada que se quer fazer crer.
A tudo isto vem a somar-se ao facto do próprio Bartolomeu Perestrelo, pai de Filipa Moniz, não ser de muita elevada extracção, afinal era só cavaleiro da Casa do Infante D. Henrique – não o era da Casa Real – tal como só era capitão do donatário da ilha mais pobre (se exceptuarmos a do Corvo) de todas quantas o Navegador era senhor.
Afinal o balão está a esvaziar-se e tudo se encaminha para que a História volte a ser o que sempre tem sido.