terça-feira, 30 de outubro de 2007

Por que Margarida Vasques importa

Cem anos separam o caso de Margarida Vasques do de Filipa Moniz. Dada a diferença temporal, entre eles, a permanência de Margarida Vasques no mosteiro de Santos de Lisboa só é importante na medida em que nessa instituição se admitiu, pelo menos uma vez (como é demonstrado por este documento), no seu seio alguém não-nobre. Não é pois uma instituição dedicada exclusivamente à nobreza e muito menos à alta-nobreza.
O documento é claro. Não indica que Vasco Eanes seja cavaleiro, nem sequer o refere como cavaleiro vilão (o que poderia ser, já que é mercador). Poderia Vasco Eanes ser mercador e cavaleiro? É evidente que sim. A estrutura social é muito mais flexível do que alguns pretendem que seja. Pode, pois, tratar-se dum erro ou lapso de algum dos tabeliães envolvidos. Mas então tem-se mais um lapso; mais um a acrescentar a toda uma série de erros, falsificações e ocultações que a toda esta história se atribuem, ficando-se, deste modo, com uma tese em tudo contrária ao que a documentação expressamente indica.
Também é evidente que com maior pesquisa poder-se-á descobrir mais alguma coisa sobre Margarida Vasques, seu pai e restante família e, até, acabar por se demonstrar que afinal há mesmo um qualquer lapso no documento. Mas também nessa pesquisa se poderão encontrar outras Margaridas Vasques; outros casos em que plebeus acedem a este pretenso clube exclusivo.
Por outro lado, demonstrando-se ser Vasco Eanes mercador e cavaleiro de Santiago tal facto só virá ajudar a demonstrar que a própria ordem não é tão exclusiva como se quer fazer crer.
Aparentemente Margarida Vasques nada tem a ver com Filipa Moniz, esposa de Cristóvão Colombo, contudo, não estando Margarida Vasques ligada à ordem de Santiago e sendo residente em Santos também Filipa Moniz poderá não ter qualquer ligação com esta ordem; vivendo em Santos alguém de baixa condição como Margarida Vasques, também Filipa Moniz poderá, afinal, não ter tão grande estatuto que a impeça de casar com Cristóvão Colombo, não sendo este a figura grada que se quer fazer crer.
A tudo isto vem a somar-se ao facto do próprio Bartolomeu Perestrelo, pai de Filipa Moniz, não ser de muita elevada extracção, afinal era só cavaleiro da Casa do Infante D. Henrique – não o era da Casa Real – tal como só era capitão do donatário da ilha mais pobre (se exceptuarmos a do Corvo) de todas quantas o Navegador era senhor.
Afinal o balão está a esvaziar-se e tudo se encaminha para que a História volte a ser o que sempre tem sido.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Só para lembrar...



Como já se esqueceu quais os reais motivos da elaboração desta página, publica-se de novo a mensagem de 20 de Novembro de 2006 intitulada a Intolerância e a Pacatez.
No que diz respeito às teorias de Colombo ser português não tenho nada a opor, contudo as teorias têm de ser provadas e devem ainda ser sujeitas à crítica. Se não há provas ou indícios e se estes não sobrevivem à crítica quem propõe tais teorias tem de ter a humildade de dizer que não sabe.
Chocam-me as pessoas que acusam a comunidade científica de intolerância, corporativismo e de elitismo e logo a seguir sejam os primeiros a ter tais comportamentos. Senão veja-se:
Recentemente consultei a Wikipédia e resolvi ver edições do mesmo artigo em línguas diferentes. Qual não foi o meu espanto ao ver dois excelentes artigos sobre a biografia e percurso de Cristóvão Colombo em inglês e espanhol e por contraponto em português estava um pequeno e mal amanhado conjunto de confusões. Resolvi então perguntar pelo rigor científico e fazer várias propostas. Resultado: apagaram as minhas críticas sistematicamente, mesmo depois de eu voltar a colocá-las em discussão.
Ou seja, quem acusa de intolerância é o primeiro a apagar os contributos dos outros, quando são vários a fazê-lo há corporativismo e revela ainda um elitismo e mania de superioridade que enoja. Quem detém a Verdade são os iluminados defensores do Colombo português, os outros são todos tão estúpidos que não percebem nada, nem nunca perceberam.
Também me choca que as pessoas que podem dar um contributo e que sabem do assunto fiquem caladas permitindo que vinguem as ideias e as propagandas construídas à volta do Colombo português.
A resposta é que não vale a pena e que é muito cansativo. Bom, e assim fica o artigo da Wikipédia escrito por maus escritores de ficção por demissão dos que percebem do assunto.
Quem fizer como eu e verificar as versões em diferentes línguas pode concluir que os portugueses estão a dormir na forma ou que não são bons profissionais. A ideia que fica é de que os portugueses inventam histórias e não sabem fazer um trabalho científico. Por causa disso é que a maior parte da historiografia estrangeira tem credibilidade e a portuguesa nem sequer é mencionada!
A pacatez paga-se e se não forem os estudiosos a defenderem o seu trabalho concerteza que não são os ficcionistas a fazê-lo!

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Uma burguesa no mosteiro de Santos

A experiência continuada de investigação, trabalhando-se com documentação cronológica e tematicamente diversificada, dá a quem a faz uma sensibilidade especial para avaliar o que pela frente se lhe depara. O investigador novato, o estudante, mesmo que teoricamente bem formado, e ainda mais o amador facilmente se maravilha e sobrevaloriza coisas vulgares que mais tarde, já veterano, o levam a sorrir pela ingenuidade então demonstrada. Esta experiência dá-lhe também a humildade para reconhecer as diversas limitações a que está sujeito e lembra-lhe a necessidade constante de reflectir sobre o método e a teoria da sua arte.
Foi tudo isto que pesou no que aqui escreveu o nosso colega e amigo P. R. quando disse que não tinha lido nem leria uma determinada obra, baseado unicamente no que lera em diversos outros locais sobre as questões em causa; foi tudo isso que também pesou quando eu aqui comecei a escrever sem ainda ter lido um determinado livro. Não estou arrependido nem, assim o julgo, o meu amigo P. R. o está.
Reflexão teórico-metodológica feita, passe-se ao sumo deste texto.
Numa pausa do trabalho normal na TT procurei um dos documentos referidos por Manuel Rosa relativos a Filipa Moniz. Se a referência não está errada pelo menos está incompleta e a falta de tempo para estes assuntos secundários não me possibilita uma pesquisa mais aturada. Assim lancei a rede para ver o que nela cairia e o resultado, não sendo o procurado, acabou por ter o seu interesse pelo valor pedagógico que terá para os admiradores das ideias que postulam um Cristóvão Colombo português.


TT, Mosteiro de Santos-o-Novo, Doc. 521 (Antigo Mç. 22, n.º 521).

Edição Paleográfica - Excertos
(…)
Em nome de Deos Amen Saibão todos que na Era de mil e quatrosentos e seis anos comvem a saber vinte dias do mes de Janeiro em logo que chamão Palma da par da çidade de Lisboa em huma quinta que em outro tempo foi de Goncallo Gil Palha e depois de Vasqu’Eanes mercador vezinho e morador na dita çidade no Adro de São Nicullao a qual dezião que o dito Vasqu’Eanes hi ouvera e lograra a merce da ditta quinta que lhe della fora feito per el-Rei dom Afonço per rezon que o dito rei mandara filhar e vender a ditta quinta ao dito Goncallo Gil em prezensa de min Domingos Afonço tabalion del-Rei na dita çidade e testemunhas ao diante escriptas [espaço em branco] procurador-geral do mosteiro de Santos da par da dita sidade procurador espesial que ser mostrou de Margarida Vasques dona profesa do dito mosteiro filha lidima e erdeira do dito Vasqu’Eanes e de Sancha Rodriguez sa molher per poder de huma procurasão escripta he asinada per min o dito tabalion que contava que fora feita no dito mosteiro de santos por lisença e outorgasão de dona M[ai]or Pires comendadeira e doutras muitas boas donas e convento do dito mosteiro todas juntas e chamadas a conselho per campa tangida segundo he de seu costume espesialmente pera esto que se a diante segue doze dias do sobredito mes e era na qual era conteúdo amte outras cousas que a dita Margarida Vasque[s] per poder da ditta lisença fez e ha estaballeser per seu procurador (…) que per ella e em seu nome possa pedir demandar e reseber procurar e mostrar e pedir demarcasois (...) e sobre qualquer couza e posesois e novos e rendas de pão que delles naserão e desenderão [espaço em branco] remetir e pera dar per quites e livres (…)

*
Este excerto foi transcrito dum documento que diz ser uma pública forma feita em 2 de Janeiro de 1636 duma procuração passada em 12 de Novembro de 1368 por uma residente no mosteiro de Santos. Na realidade trata-se duma cópia simples e incompleta, com valor meramente informativo, seja porque o escrivão teve dificuldade em ler o original do século XIV, seja ainda por o pergaminho se encontrar em mau estado, ou ainda porque o cliente acabou por se satisfazer em saber só o conteúdo do documento. Seja como for, o contexto arquivístico em que o documento se encontra parece, à primeira vista, conceder-lhe autenticidade quanto ao conteúdo.

Este documento ajuda a desmistificar duas afirmações da pseudo-história colombina.
Postulado pseudo-histórico: O mosteiro de Santos albergava senhoras da mais alta-nobreza.
Realidade histórica: Como se pode ler, Margarida Vasques, «dona professa» do mosteiro de Santos, é filha do mercador Vasco Eanes e de sua mulher Sancha Rodrigues.
É verdade! A filha do mercador é «dona professa» do mosteiro de Santos. Nenhum deles (pai, mãe, filha) é dom. E a filha dum mercador não é da mais alta nobreza, nem tampouco nobre, é… plebeia.
Conclusão: Dona Maior Pires, comendadeira do mosteiro de Santos, dá licença e outorga a procuração que Margarida Vasques passa. Repare-se que só a superiora tem o título de dona antes do nome, um título que, se mais não for, é inerente ao cargo que ocupa. Também no documento anteriormente transcrito há a distinção entre donas e não donas de direito pelo uso que se faz do título antecedendo os respectivos nomes.
Postulado pseudo-histórico: É invulgar a existência de espaços em branco na documentação e estes ocultam factos que se querem esconder.
Realidade histórica: Só neste documento ocorre duas vezes o espaço em branco. A primeira onde deveria figurar, pelo menos, o nome do procurador-geral do convento de santos e a segunda deveria enumerar um, ou mais, dos muitos poderes delegados no procurador. São situações que resultam, muito provavelmente, do facto do escrivão do século XVII não conseguir ler o que foi escrito no século XIV, fosse por dano no documento fosse por limitação própria a nível da paleografia. O espaço ficou em branco para preenchimento posterior se alguém conseguir ler o que lá está ou souber que lá deve figurar.
Conclusão: Porque a existência de espaços deixados em branco no meio dum texto ocorrem com alguma frequência, o historiador não sente grande estranheza quando estas se lhe deparam. Contudo, perante elas não se sente autorizado a enveredar por especulações delirantes, como aconteceu ao romancista José Rodrigues dos Santos seguindo outros amadores da investigação histórica que antes dele pasmaram diante da palavra «italiano» num espaço previamente deixado em branco na crónica de Rui de Pina.


Adenda: Um exercício útil seria fazer neste manuscrito o levantamento de todos os espaços deixados em branco e preenchidos posteriormente.

sábado, 20 de outubro de 2007

História da Náutica e Arqueologia Naval

Universidade Autónoma de Lisboa
Centro de Estudos do Mar


Curso de Pós-graduação
História da Náutica e Arqueologia Naval

Início: 19-11-2007


Coordenação:
Doutor Adolfo Silveira Martins
Mestre José Malhão Pereira


Informação e Inscrição
CEM da UAL
R. de Santa Marta, 56, 5.º
Lisboa
Telef. 213177619 / 962759036
http://cemar.ual.pt/



A mesma Universidade e Centro também disponibilizarão vários cursos livres na área da História de Marinha:

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Cristóvão Colombo – falsas premissas

Muito da (falsa) polémica colombina parte de falsas premissas. Um exemplo tem sido dado por um dos comentadores deste sítio que, como outros, por vezes é demasiado insistente querendo-nos obrigar a dizer o que honestamente não podemos dizer.

Eu penso que você, enquanto muito bom historiador que proclama ser, tem neste caso, e graças a este espaço, a inteira responsabilidade do ónus da prova.
Por favor, não complique com falsos propostos algo de simples, não fuja mais a perguntas tão simples com subterfúgios tão escolásticos:
Quantas autorizações foram dadas por D. João II para membros da sua Ordem [de Santiago] casarem com estrangeiros plebeus?
Mais alguma vez no século XV um plebeu estrangeiro casou com uma comendadeira da Ordem de Santiago?
Será que o próprio irmão de Cristóvão Colombo podia ter um "negócio de cartografia" naquela época de mare clausum e de conspirações contra o rei de Portugal?
PS: Faço-lhe até o favor de poder escolher uma das três perguntas como testemunho da minha boa fé.
Ramon de Mello - Historiador especializado no Quattrocento italiano.
Terça-feira, Outubro 16, 2007 9:18:00 AM
[Comentário deixado num texto anterior, para aqui copiado e corrigido.]

1. Em lado algum (aqui ou noutro sítio) alguém me viu a alardear as minhas qualidades de historiador.
2. Enquanto arguente não tenho de provar a veracidade duma tese (Colombo Português, etc.), antes pelo contrário, tenho de procurar tudo o que nela há de frágil para demonstrar a sua inconsistência, cabendo ao(s) autor(es) demonstrar com provas e sólidos argumentos lógicos a veracidade do que diz(em).
3. O referido em 2. é evidente para qualquer cientista, mas já não o é para o pseudocientista.
4. A Lógica é a maior contribuição da Escolástica para o pensamento universal, não se menospreze.
5. Ninguém sabe quantas autorizações foram dadas para as meninas de Santos casarem, se é que por sistema eram dadas licenças, e ainda menos se sabe quantas dessas putativas licenças foram concedidas para matrimónio com estrangeiros.
6. Não foi encontrada fonte primária que demonstre Filipa Moniz, residente em Santos, ser a filha de Bartolomeu Perestrelo e ter casado com Cristóvão Colombo. O facto de não se conhecer fonte primária demonstrando o referido casamento, mais do que permitir a conclusão de elevado estatuto de Colombo, autoriza a dedução condicionada de que outros matrimónios envolvendo gente do mesmo nível do futuro Almirante também não deixaram registo. Por aqui se vê que a pergunta formulada não tem resposta viável e resulta duma falha de Lógica.
7. Juntar irmão de Cristóvão Colombo, cartografia, Mare Clausum e conspirações contra D. João II numa frase tão curta e desta forma é também uma bela falácia a que, para ser perfeita, só falta a inclusão da Política de Segredo. Esta é uma técnica muito querida da pseudociência e do seu subproduto, a pseudo-história: fazem-se várias afirmações, agarrando em coisas distintas, cada uma delas merecedora de análise particular, e apresentam-se como premissas, evidências claras e inquestionáveis, que forçam a dedução no sentido desejado.

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

O Processo dos Templários

O Vaticano vai publicar no dia 25 de Outubro o fac-simile do processo dos Templários acompanhado dum estudo académico do mesmo. A edição composta unicamente por 799 exemplares numerados é acompanhada por reproduções de selos dos inquisidores custará 5.900 euros por exemplar, o que colocará a obra fora do alcance da maioria dos interessados pela matéria e até mesmo a maior parte das bibliotecas especializadas terão dificuldade em adquiri-la.
O processo dos templários foi encontrado mal catalogado no Arquivo Secreto do Vaticano no ano de 2001, julgando-se até então perdido.
Sendo uma fonte muito importante para o estudo do final desta importante ordem religiosa militar, não se espera, contudo, que venha a introduzir dados revolucionários nas polémicas templárias veiculadas pela pseudo-história. Aliás, não se espera que daí venha muito mais informação do que aquela que sempre se encontrou disponível nos processos movidos contra a ordem em França por Filipe, o Belo.
No entanto, a publicação desta fonte permitirá, duma vez por todas, pôr fim aos inúmeros disparates que por aí pululam. (E daí talvez não, já que a pseudo-história vive, precisamente, das fontes que não existem).
Quando se quiser constatar que a Ordem do Templo, sendo poderosa, era unicamente isso, poderosa, e que tudo o mais não passa de invenção para a destruir ou para a elevar aos olhos dos ignorantes, então ter-se-á dado um passo importante para ver que a Ordem de Cristo, sua herdeira material em Portugal, era unicamente uma instituição rica em propriedades fundiárias cujas receitas se destinavam ao pagamento de rendas à nobreza e fidalguia nacional. Então, mais uma camada de poeira terá sido removida da pseudo-história columbina.


Fotos: REUTERS/Alessandro Bianchi

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Dia de Colombo

A aproximação do Dia de Colombo nos Estados Unidos (12 de Outubro) traz com ela o aumento da circulação das asneiras a propósito deste navegador. Um chorrilho a que nem os mais circunspectos conseguem escapar como é caso do New York Times que não deixa de noticiar – sobriamente diga-se – os disparates que por aí circulam.

BARCELONA, Spain - When schoolchildren turn to the chapter on Christopher Columbus’s humble origins as the son of a weaver in Genoa, they are not generally told that he might instead have been born out of wedlock to a Portuguese prince. Or that he might have been a Jew whose parents converted to escape the Spanish Inquisition. Or a rebel in the medieval kingdom of Catalonia.
Yet with little evidence to support them, multiple theories of Columbus’s early years have long found devoted proponents among those who would claim alternative bragging rights to the explorer. And now, five centuries after he opened the door to the New World, Columbus’s revisionist biographers have found a new hope for vindication.
The Age of Discovery has discovered DNA.
In 2004, a Spanish geneticist, Dr. Jose A. Lorente, extracted genetic material from a cache of Columbus’s bones in Seville to settle a dispute about where he was buried. Ever since, he has been beset by amateur historians, government officials and self-styled Columbus relatives of multiple nationalities clamoring for a genetic retelling of the standard textbook tale.
Even adherents of the Italian orthodoxy concede that little is known about the provenance of the Great Navigator, who seems to have purposely obscured his past. But contenders for his legacy have no compunction about prospecting for his secrets in the cells he took to his grave. And the arrival on Oct. 8 of another anniversary of Columbus’s first landfall in the Bahamas has only sharpened their appetite for a genetic verdict, preferably in their own favor.
A Genoese Cristoforo Colombo almost certainly did exist. Archives record his birth and early life. But there is little to tie that man to the one who crossed the Atlantic in 1492. Snippets from Columbus’s life point all around the southern European coast. He kept books in Catalan and his handwriting has, according to some, a Catalonian flair. He married a Portuguese noblewoman. He wrote in Castilian. He decorated his letters with a Hebrew cartouche.
Since it seems now that the best bet for deducing Columbus’s true hometown is to look for a genetic match in places where he might have lived, hundreds of Spaniards, Italians, and even a few Frenchmen have happily swabbed their cheeks to supply cells for comparison.
“You would be proud to know that the man that goes to America the first time was Catalan,” said Jordi Colom, 51, an executive at a local television station whose saliva sample will help test the contention that Columbus was born in Catalonia, the once-independent eastern region of modern Spain that still fosters its own language, culture and designs on independence.
No chance, said Renato Colombo, 62, a retired Italian engineer who proffered his DNA to reassert his nation’s hold on the status quo. “It has never been in doubt that he was from Liguria,” the region in northwest Italy of which Genoa is the capital, he insisted. “In his personality, there are the characteristics of the Genoese, mostly represented by his project and his visceral attachment to money and his determination.”
Mr. Colom and Mr. Colombo are both “Columbus” in their native tongues. And along with their names, each inherited from his father a Y chromosome - a sliver of DNA passed exclusively from father to son - which would have been virtually unchanged since the 15th century. A Columbus match to either man’s Y chromosome would tie him to that paternal line’s Italian or Catalonian home.
“What I want to write is the final book on Columbus, and I will not be able to do it without science to settle this,” said Francesc Albardaner, who was seduced by the possibility that DNA - a tool whose answers are treated as indisputable fact in courtrooms and on TV shows - would endorse his deeply held belief in the Catalonian Columbus.
Mr. Albardaner, a Barcelona architect, took more than three months off work, called 2,000 Coloms and persuaded 225 of them to scrape their cheeks at his Center for Columbus Studies in Barcelona. The swabs along with 100 Colombos collected in Italy are being analyzed by Dr. Lorente at the University of Granada and scientists in Rome.
A Colom match could overturn conventional wisdom about the nationality, class, religion, and motives of the man who began the age of American colonization. On the other hand, an association with Colombo DNA would cement Italy’s national pride in a man who remains a hero to many, complaints from American Indians he slaughtered, Africans he enslaved and Vikings who got there first notwithstanding.
But some petitioners think it is a waste of time to scour the phone book for Columbus’s long-lost kin. Insisting that they know who Columbus’s father really was, they are asking Dr. Lorente to perform a 500-year postdated paternity test. The government council president of Majorca, for instance, has paid him to examine the exhumed remains of Prince Carlos of Viana, the one-time heir to the Catalonian crown who reportedly fathered a son with a woman on the island whose last name was Colom.
The vials of royal DNA in Dr. Lorente’s freezer also include contributions from two living members of the now deposed Portuguese royal line: those of the Duke of Bragança and the Count of Ribeira Grande who argue that Columbus was a member of their family - the product of an extramarital affair involving a Portuguese prince.
“This is the true story, forget the Italians, forget the Spanish,” said Count Jose Ribeira, 47, a real estate developer in Lisbon who attended the dedication of a new Columbus monument last year in the Portuguese town of Cuba that claims to be Columbus’s birthplace. If it is, all three samples should contain the same Portuguese genetic imprint. But this year, anyway, the Columbus Day parade in New York will feature Maserati sports cars, flag throwers from Siena and Lidia Bastianich, the Italian cooking show host, as grand marshal.
Those who had hoped DNA would crash the Italian party expected a genetic pronouncement from the scientists on the 500th anniversary of Columbus’s death last May. Or last Columbus Day. Surely by this one. After all those centuries in a crypt, however, a mere trace of DNA was all that could be extracted from Columbus’s bones, and Dr. Lorente has said he is loath to use it indiscriminately.
To make things even tougher, he has found that Catalonian Coloms and Genoese Colombos are so closely related it is hard to distinguish them with the standard Y-chromosome tests. So he is searching for more subtle differences that would allow him to link Columbus to a single lineage.
“My heart,” Mr. Albardaner said, “will not endure so many delays.”
Others have accused Dr. Lorente of nationalist bias, of covering up results that suggest Columbus was a Jew and of withholding a historical treasure from the Western world.
“Will Lorente continue to hide what the scientists know concerning Columbus’s DNA?” asked Peter Dickson, a retired C.I.A. analyst whose self-published book on Columbus argues that he was part French, part Italian, part Spanish and part Jewish, in an e-mail message to fellow Columbus buffs. “Will he remain silent on Columbus Day once again?”
Dr. Lorente says he will. And in the absence of data, rumors are flying.
Olga Rickards, a Lorente collaborator at Tor Vergata University in Rome, has been quoted as saying that she “wouldn’t bet on Columbus being Spanish.” A graduate student of Dr. Lorente’s who had studied the Colombo DNA led Italian newspapers to believe Columbus was from Lombardy, north of Genoa, although she had apparently never seen Columbus’s DNA. And Nito Verdera, a journalist from the Balearic island of Ibiza, who says the explorer was a Catalan-speaking Ibizan crypto-Jew, cited leaks from Dr. Lorente’s team that link Columbus to North Africa.
“I’m very sorry about the great expectation among some historians that they all want the DNA to confirm their hypothesis,” Dr. Lorente said. “But science needs its time and has its pace.”
If Columbus was an adopted name, as some scholars believe, tests of Coloms and Colombos will have been in vain. Moreover, with dozens of generations separating all those Coloms, Colombos, princes and counts from Columbus’s time, a long-hidden adulterous liaison could have severed the Y-chromosome-and-surname link.
Even with a match questions will remain. What if Coloms moved to Genoa or Colombos to Barcelona? Today’s distinct regional identities may not be reflected in the genetic code of the earlier era.
Mr. Albardaner still brings Columbus novices to the Historic Archive of Protocols in Barcelona, where they can hold a yellowed note from the 15th century filled with the calligraphic scrawl of the man he believes stumbled upon the Caribbean while looking for a western route to India.
He is less sure now that there will be a precise answer to who Columbus was or where he was from, but he is still hoping it will come from the DNA.
“Maybe it will say he’s from Catalonia. Maybe it will be a complete lockout. Maybe we find his DNA is completely dissimilar to any known DNA, he comes from Mars, well, perfect, O.K.”
“Then,” he said, “I stop.”

Peter Kiefer contributed reporting from Rome.
Published: October 8, 2007.