A experiência continuada de investigação, trabalhando-se com documentação cronológica e tematicamente diversificada, dá a quem a faz uma sensibilidade especial para avaliar o que pela frente se lhe depara. O investigador novato, o estudante, mesmo que teoricamente bem formado, e ainda mais o amador facilmente se maravilha e sobrevaloriza coisas vulgares que mais tarde, já veterano, o levam a sorrir pela ingenuidade então demonstrada. Esta experiência dá-lhe também a humildade para reconhecer as diversas limitações a que está sujeito e lembra-lhe a necessidade constante de reflectir sobre o método e a teoria da sua arte.
Foi tudo isto que pesou no que aqui escreveu o nosso colega e amigo P. R. quando disse que não tinha lido nem leria uma determinada obra, baseado unicamente no que lera em diversos outros locais sobre as questões em causa; foi tudo isso que também pesou quando eu aqui comecei a escrever sem ainda ter lido um determinado livro. Não estou arrependido nem, assim o julgo, o meu amigo P. R. o está.
Reflexão teórico-metodológica feita, passe-se ao sumo deste texto.
Numa pausa do trabalho normal na TT procurei um dos documentos referidos por Manuel Rosa relativos a Filipa Moniz. Se a referência não está errada pelo menos está incompleta e a falta de tempo para estes assuntos secundários não me possibilita uma pesquisa mais aturada. Assim lancei a rede para ver o que nela cairia e o resultado, não sendo o procurado, acabou por ter o seu interesse pelo valor pedagógico que terá para os admiradores das ideias que postulam um Cristóvão Colombo português.
TT, Mosteiro de Santos-o-Novo, Doc. 521 (Antigo Mç. 22, n.º 521).
Este documento ajuda a desmistificar duas afirmações da pseudo-história colombina.
Postulado pseudo-histórico: O mosteiro de Santos albergava senhoras da mais alta-nobreza.
Realidade histórica: Como se pode ler, Margarida Vasques, «dona professa» do mosteiro de Santos, é filha do mercador Vasco Eanes e de sua mulher Sancha Rodrigues.
É verdade! A filha do mercador é «dona professa» do mosteiro de Santos. Nenhum deles (pai, mãe, filha) é dom. E a filha dum mercador não é da mais alta nobreza, nem tampouco nobre, é… plebeia.
Conclusão: Dona Maior Pires, comendadeira do mosteiro de Santos, dá licença e outorga a procuração que Margarida Vasques passa. Repare-se que só a superiora tem o título de dona antes do nome, um título que, se mais não for, é inerente ao cargo que ocupa. Também no documento anteriormente transcrito há a distinção entre donas e não donas de direito pelo uso que se faz do título antecedendo os respectivos nomes.
Postulado pseudo-histórico: É invulgar a existência de espaços em branco na documentação e estes ocultam factos que se querem esconder.
Realidade histórica: Só neste documento ocorre duas vezes o espaço em branco. A primeira onde deveria figurar, pelo menos, o nome do procurador-geral do convento de santos e a segunda deveria enumerar um, ou mais, dos muitos poderes delegados no procurador. São situações que resultam, muito provavelmente, do facto do escrivão do século XVII não conseguir ler o que foi escrito no século XIV, fosse por dano no documento fosse por limitação própria a nível da paleografia. O espaço ficou em branco para preenchimento posterior se alguém conseguir ler o que lá está ou souber que lá deve figurar.
Conclusão: Porque a existência de espaços deixados em branco no meio dum texto ocorrem com alguma frequência, o historiador não sente grande estranheza quando estas se lhe deparam. Contudo, perante elas não se sente autorizado a enveredar por especulações delirantes, como aconteceu ao romancista José Rodrigues dos Santos seguindo outros amadores da investigação histórica que antes dele pasmaram diante da palavra «italiano» num espaço previamente deixado em branco na crónica de Rui de Pina.
Adenda: Um exercício útil seria fazer neste manuscrito o levantamento de todos os espaços deixados em branco e preenchidos posteriormente.
Foi tudo isto que pesou no que aqui escreveu o nosso colega e amigo P. R. quando disse que não tinha lido nem leria uma determinada obra, baseado unicamente no que lera em diversos outros locais sobre as questões em causa; foi tudo isso que também pesou quando eu aqui comecei a escrever sem ainda ter lido um determinado livro. Não estou arrependido nem, assim o julgo, o meu amigo P. R. o está.
Reflexão teórico-metodológica feita, passe-se ao sumo deste texto.
Numa pausa do trabalho normal na TT procurei um dos documentos referidos por Manuel Rosa relativos a Filipa Moniz. Se a referência não está errada pelo menos está incompleta e a falta de tempo para estes assuntos secundários não me possibilita uma pesquisa mais aturada. Assim lancei a rede para ver o que nela cairia e o resultado, não sendo o procurado, acabou por ter o seu interesse pelo valor pedagógico que terá para os admiradores das ideias que postulam um Cristóvão Colombo português.
TT, Mosteiro de Santos-o-Novo, Doc. 521 (Antigo Mç. 22, n.º 521).
Edição Paleográfica - Excertos
(…)
Em nome de Deos Amen Saibão todos que na Era de mil e quatrosentos e seis anos comvem a saber vinte dias do mes de Janeiro em logo que chamão Palma da par da çidade de Lisboa em huma quinta que em outro tempo foi de Goncallo Gil Palha e depois de Vasqu’Eanes mercador vezinho e morador na dita çidade no Adro de São Nicullao a qual dezião que o dito Vasqu’Eanes hi ouvera e lograra a merce da ditta quinta que lhe della fora feito per el-Rei dom Afonço per rezon que o dito rei mandara filhar e vender a ditta quinta ao dito Goncallo Gil em prezensa de min Domingos Afonço tabalion del-Rei na dita çidade e testemunhas ao diante escriptas [espaço em branco] procurador-geral do mosteiro de Santos da par da dita sidade procurador espesial que ser mostrou de Margarida Vasques dona profesa do dito mosteiro filha lidima e erdeira do dito Vasqu’Eanes e de Sancha Rodriguez sa molher per poder de huma procurasão escripta he asinada per min o dito tabalion que contava que fora feita no dito mosteiro de santos por lisença e outorgasão de dona M[ai]or Pires comendadeira e doutras muitas boas donas e convento do dito mosteiro todas juntas e chamadas a conselho per campa tangida segundo he de seu costume espesialmente pera esto que se a diante segue doze dias do sobredito mes e era na qual era conteúdo amte outras cousas que a dita Margarida Vasque[s] per poder da ditta lisença fez e ha estaballeser per seu procurador (…) que per ella e em seu nome possa pedir demandar e reseber procurar e mostrar e pedir demarcasois (...) e sobre qualquer couza e posesois e novos e rendas de pão que delles naserão e desenderão [espaço em branco] remetir e pera dar per quites e livres (…)
*
Este excerto foi transcrito dum documento que diz ser uma pública forma feita em 2 de Janeiro de 1636 duma procuração passada em 12 de Novembro de 1368 por uma residente no mosteiro de Santos. Na realidade trata-se duma cópia simples e incompleta, com valor meramente informativo, seja porque o escrivão teve dificuldade em ler o original do século XIV, seja ainda por o pergaminho se encontrar em mau estado, ou ainda porque o cliente acabou por se satisfazer em saber só o conteúdo do documento. Seja como for, o contexto arquivístico em que o documento se encontra parece, à primeira vista, conceder-lhe autenticidade quanto ao conteúdo.Este documento ajuda a desmistificar duas afirmações da pseudo-história colombina.
Postulado pseudo-histórico: O mosteiro de Santos albergava senhoras da mais alta-nobreza.
Realidade histórica: Como se pode ler, Margarida Vasques, «dona professa» do mosteiro de Santos, é filha do mercador Vasco Eanes e de sua mulher Sancha Rodrigues.
É verdade! A filha do mercador é «dona professa» do mosteiro de Santos. Nenhum deles (pai, mãe, filha) é dom. E a filha dum mercador não é da mais alta nobreza, nem tampouco nobre, é… plebeia.
Conclusão: Dona Maior Pires, comendadeira do mosteiro de Santos, dá licença e outorga a procuração que Margarida Vasques passa. Repare-se que só a superiora tem o título de dona antes do nome, um título que, se mais não for, é inerente ao cargo que ocupa. Também no documento anteriormente transcrito há a distinção entre donas e não donas de direito pelo uso que se faz do título antecedendo os respectivos nomes.
Postulado pseudo-histórico: É invulgar a existência de espaços em branco na documentação e estes ocultam factos que se querem esconder.
Realidade histórica: Só neste documento ocorre duas vezes o espaço em branco. A primeira onde deveria figurar, pelo menos, o nome do procurador-geral do convento de santos e a segunda deveria enumerar um, ou mais, dos muitos poderes delegados no procurador. São situações que resultam, muito provavelmente, do facto do escrivão do século XVII não conseguir ler o que foi escrito no século XIV, fosse por dano no documento fosse por limitação própria a nível da paleografia. O espaço ficou em branco para preenchimento posterior se alguém conseguir ler o que lá está ou souber que lá deve figurar.
Conclusão: Porque a existência de espaços deixados em branco no meio dum texto ocorrem com alguma frequência, o historiador não sente grande estranheza quando estas se lhe deparam. Contudo, perante elas não se sente autorizado a enveredar por especulações delirantes, como aconteceu ao romancista José Rodrigues dos Santos seguindo outros amadores da investigação histórica que antes dele pasmaram diante da palavra «italiano» num espaço previamente deixado em branco na crónica de Rui de Pina.
Adenda: Um exercício útil seria fazer neste manuscrito o levantamento de todos os espaços deixados em branco e preenchidos posteriormente.
17 comentários:
Foi sim " Ytaliano" e não "italiano" ou " italiano". Aqui quem não vê a sombra de uma duvida de fraude nesta transcrição é cego ou demonstra má fé extremamente pre-conceituosa! Tal será o caso dos que nos queiram impingir uma falsa neutralidade sustentada por uma parcialidade inegavel em tudo o que toca a Colombo, este blog como é obvio.
E mais, o que isto tem a ver com Dom Cristovam Colom?
Sabe, é que por um instante pensava que, de maneira desonesta, estava a referir-se a Dona Filipa Moniz ao tentar compara-la com o caso de uma pessoa completamente diferente, Margarida Vasques.
Espero que não estaremos a fazer generalidade de um caso isolado.
Sr. J. C. J. S, os seus métodos são dos mais feios e descarados que já vi até agora.
Cumpre ainda salientar o facto de que o sr. J.C.J.S, de maneira completamente anónima e arrogante, pretende-se supremo rei da "realidade historia", se isto não é marca de um ego mal alinhavado então o que será?!
Um conselho: A demagogia deixa-se na sala de aulas, para quem a precisa. As verdadeiras analises devem sempre ser rigorosamente Objectivas. O contrario transparece claramente do seu "trabalho".
Por favor, leia a minha resposta a sua provocação na secção dos comentários e queira analisa-la como o fez com o primeiro comentário.
PS: Devo agradecer-lhe no entanto por ter suscitado tanta animosidade no circulo dos meus amigos, nem todos professores. Estamos unanimemente ansiosos por descobrir quem se esconde atrás dessas iniciais.
O comentario por analisar (lembre-se os 7 pontos chave) é o seguinte:
"Quarta-feira, Outubro 17, 2007 11:27:00 PM"
Gostaria que me comunica-se a sua verdadeira identidade e as obras que tem vindo a publicar sobre Colom ou qualquer outro estudo histórico.
Obrigado.
Ramon de Mello
"Infelizmente para si, a nossa comunidade privilegia quem procura a verdade a todo custo, e repugna quem declama te-la encontrada com a maior das facilidades."
Sugiro-lhe que reflecte um pouco sobre estas palavras do meu confrade, e que no futuro seja mais humilde para os seus leitores na forma como aborda esta materia.
Roberto de Almeida
Tem razão está grafado com «y», mas eu não estava a transcrever. Preciosismo por preciosismo também lerá no mesmo excerto «Christovam Colonbo» e não «Dom Cristovam Colom».
Transcrevi parte dum documento do mosteiro de Santos que prova que nessa instituição também ingressavam plebeus, quando alguma pseudo-história diz que nesse convento só ingressavam as filhas da grande nobreza. Não digo que Filipa Moniz (que nunca vi tratada como dona na documentação) fosse plebeia. Aliás, já o disse algures aqui que ela é da pequena nobreza, pois seu pai era cavaleiro da casa do infante D. Henrique.
Reafirmo, e a experiência já mo demonstrou muitas vezes, espaços em branco na documentação existem em todo o lado; espaços em branco preenchidos posteriormente pelo escrivão ou por outro também. Caso a caso cada um tem de ser analisado e este em Pina não me oferece dúvidas. Já agora também gostaria de saber que outras ocorrências do mesmo género há no mesmo manuscrito - seria muito interessante.
Quanto a tudo o resto, manda a minha boa educação abster-me de comentar.
Caro J. C. J. S.,
Neste caso o J. C. J. S. mostra mesmo que não quer chegar a uma verdade e transplanta os seus preconceitos do seu "Colombo Humilde Genovês" para tudo o que lê e escreve.
O Senhor J. C. J. S. é que segue uma verdadeira pseudo~história. Eu mostrei no meu livro como essa história que o J. C. J. S. e muitos outros seguem e seguiam não era baseada em factos e foi aumentada por boatos.
Como vê, o meu livro que tem já o mérito de ser aceite 100% pelo Porf. Dr. J. Verissimo Serrão, é também aceite pela multidão de leitores que o leram como sendo a primeira obra a desmascarar por completo uma história falsa que nos ensinaram e que o J. C. J. S. segue em impimgir.
Se queres deveras resolver o assunto de Cristóvão Colon vais ter que fazer muito melhor que isto e levar anos e anos atrás da verdade porque nem tu nem eu ainda chegámos lá. Eu consegui somente chegar ás mentiras e falsidades e essas estão reveladas no meu livro.
Agora sobre o teu preconceito que a dona Margarida Vasques era "plebeia" onde estão as tuas provas?
Sabes explicar o parentesco dela?
Qual a linhagem dos pais Vasques Anes e Sancha Rodrigues?
Ou achas que ser cahamado um "comerciante" é automáticamente referindo a um plebeu?
Para a dona Margarida Vasques viver em Todos os Santos não teria seu pai que ser cavaleiro membro da Ordem de Santiago?
Provaste o contrário ou a tua cegueira não o deixa já pensar objectivamente?
Margarida Vasques viveu lá desde 1361 até 1402 com dote de: várias casas, casas e vinha, em Alcácer, uma quintã, e 3/4 de outra quintã, em Palma.
...........
( A.N.T.T., Mosteiro de Santos, cx.6, m.u., s/nº.
A.N.T.T., Mosteiro de Santos, cx.17, m.u., nº16.
A.N.T.T., Mosteiro de Santos, cx.17, m.u., nº21.
A.N.T.T., Mosteiro de Santos, cx.6, m.u., nº24.
A.N.T.T., Mosteiro de Santos, cx.6, m.u., nº15.) - Prof. Joel Mata
................
Pelo que eu entendo daquela época, (pois admito que não investiguei muito para além de temas relacionados com C.C.) os plebeus NÂO tinham terras, casas nem quintas mas trabalhavam e viviam nas terras e casas dos outros.
Mas dar um tão grande salto como ver a palavra "comerciante" e fazer dele "plebeu insignificante" é deveras bem contrário ao que dizes que se deve de fazer com os documentos, ou seja não presumir algo que não está lá e procurar documentos corrobores.
Como deves saber a maioria dos fidalgos e nobres da época eram na realidade comerciantes também.
Deixo-te aqui ainda uma excelente intervenção de outro leitor que diz:
-- Há na TT online documentos do início do século XVI em que um senhor faz mercê de quantidades importantes de açúcar a familiares seus. Este senhor seria portanto um comerciante de açúcar. O seu nome era Manuel, tinha direito ao tratamento de Dom, e ficou para a história com o cognome de "O Venturoso". [http://www.geneall.net/P/forum_msg.php?id=170634#lista]
Pelo menos eu posso dizer uma coisa. O meu livro e os meus leitores têm-te feito investigar um tema que tu parecias estar já completamente resolvido 500 anos atrás. Tão resolvido que tu, ao saberes que o meu livro ía ser lançado, começaste a juntar uma guerrilha para me atacar e ainda dizias que deveria de ser tudo com cautela para se acaso viesse a falhar não haver percussões na tua vida professional.
Sim, pela primeira vez estás a ver o tema de "Colonbo Ytaliano" quase como um verdadeiro historiador e pode ser que ainda venhas a dar um verdadeiro contributo para a verdade.
Sugero-te que comeces não a atacar o historiador Manuel Rosa nem de presumir que O MISTÉRIO COLOMBO REVELADO é uma pseudo-história mas que faças algo proveitoso e imparcial em busca de cada pedaço do "puzzle" sem precomceitos como eu fiz.
Era mesmo isso que eu queria que acontecesse. Eu queria que se começasse a investigar em Portugal em busca da verdade.
Fico contente que pelo menos um historiador em Portugal está agora a comparar documentos na TT com os factos.
Cumprimentos,
Manuel Rosa [www.colombo.bz]
Fui aluno do prof. Veríssimo Serrão no último ano em que leccionou. Conheci-o, pois na fase final da sua vida académica e nos seus seminários mostrava ser uma pessoa nostálgica, afável e muito prestável, como que querendo fazer daqueles seus últimos alunos os seus discípulos, os seus herdeiros académicos. Prezei muito aqueles seus seminários de História da Cultura e das Mentalidades na época da Expansão onde ainda dava mostras da sua enorme erudição e de conhecimento profundo da historiografia e dos arquivos. Hoje guardo com afecto essas memórias tal como preservo os livros autografados que me ofereceu.
Contudo, o respeito por um mestre e a admiração por alguns aspectos do seu trabalho não me obrigam a concordar com ele a 100% em questões de Teoria ou Filosofia da História ou ainda em algumas das interpretações que faz da realidade passada. O professor que conheci nos anos 90 já não era o historiador que escreveu nos anos 60 e 70 – e ele mesmo o reconhecia então – presumo que o homem de hoje já não seja nem um nem outro, enfim é a vida…
Sobre cavaleiros, mercadores, religiosos, ou seja sobre a vida medieval recomendo um historiador recentemente referido nos comentários deste blogue: Georges Duby, A Europa na Idade Média, A Sociedade Cavaleiresca, As Três Ordens ou o Imaginário do Feudalismo, Economia Rural e Vida no Campo no Ocidente Medieval e já agora, porque não – é boa literatura –, Guilherme, o Marechal. É evidente que há muitos outros tão ou mais importantes que Duby por isso recomendo mais um: Jacques le Goff, A Civilização do Ocidente Medieval e Mercadores e Banqueiros da Idade Média.
Sr. Manuel Rosa relembro-lhe que este blogue foi criado na sequência do que se passou na Wikipédia Lusófona. Caso esteja esquecido tendo eu e outros colegas constatado a adulteração da entrada sobre Cristóvão Colombo chamámos à atenção dos leitores, na secção de comentários da mesma entrada, para o facto de algumas ideias aí explanadas serem altamente contestadas pela comunidade científica, comentários esses que foram sistematicamente apagados. Isto aconteceu em Novembro de 2006. Se falha na verdade do que se passou há menos de um ano como falhará no que se passou há mais de 500?
Caro J.C.J.S.
Uma vez mais venho prestar homenagem a este Blog e ao meritório trabalho nele desenvolvido em prol da história.
O documento que apresenta é mais uma prova de que a frequência do Mosteiro de Santos não era exclusiva da nobreza e menos ainda da tão badalada "alta nobreza" .
Acrescento que me parece haver confusão na cabeça de alguns intervenientes entre aquele que era designado como comerciante e um outro qualquer que, eventualmente, praticasse um acto de comércio, sem disso fazer profissão.
Com os meus melhores cumprimentos
Maria Benedita Vasconcelos
Cara Dra. Maria Benedita,
Obrigado pelas palavras amáveis.
Este documento só demonstra o que é há muito sabido por qualquer pessoa minimamente informada. Se alguém tiver paciência para correr todos aqueles contratos de emprazamento e procurações encontrará muitas mais situações como esta.
A nobreza, dum modo geral, não se preocupava com minudências comerciais, preferindo entregar a gestão corrente dos seus negócios a procuradores, comerciantes e mercadores, que lhe rentabilizavam os capitais.
Nesses tempos era uma terrível falta protocolar permitir-se que um nobre fosse identificado como mercador. Querer hoje fazer passar essa ideia como possível é simplesmente risível.
Com os melhores cumprimentos
J
Caro J. C. J. S,
O seu erro é em crer que tudo é preto e branco e que por Rui de Pina ter escrito Ytaliano que NÃO é preciso de investigar o assunto. Está claro era Italiano. Caso resolvido.
Sobre a Wikipedia eu sou responsável por ter-la mudado para reflectir a VERDADE histórica coisa que você tentou impedir várias vezes mas falhou tal como falha neste blog muitas vezes porque está ceguinho por um barrete de um tecelão genovês.
E eu ainda li o seu post noutro blog a pedir auxilio de seus amigos para escreverem aqui consigo, o que eu aplaudo que se faça, mas não gostei foi da forma de serem todos anónimos e da razão para este blog já mentalizado que era Pseudo-História "O Mistério Colombo Revelado" sem saber o que o livro era e cautelosamente dizendo que poderia prejudicar a sua carreira se acaso isto desse para o torto.
Eu gostaria que tivesse começado este blog com uma mentalidade de rever as coisas uma por uma em vez de tentar derrubar uma teoria que hoje é a mais provável de todas.
Não tenha medo de-a a cara fale o que quizer porque a Inquisição já não existe mas pelo menos baseie-se na verdade da História de Portugal.
Primeiro vem com a Margarida Vasques NÃO SER NOBRE sem saber a verdadeira linhagem dela, depois vem com um atentado a abaixar e minimizar o Prof. Serrão básicamente passando-o como "tarado por velhice", depois vem com esta dos "nobres não serem comerciantes" e ao que parece a sua fã Benedita nem notou a invenção feita pelo J. C. J. S. aqui que, passando-se como o único "historiador deste tema que sabe a verdade" tenta pintar tudo com o mesmo pincelo e mesma cor.
Será que o senhor alguma vez pára para pensar no que escreve?
Ou está assim tão certo que está certo que não precisa de pensar?
Sobre os nobres não serem referidos como comerciantes na época.
"Filipe Palestrello (filho de Gabriel Pallastrelli) vivia no Porto em 8.9.1399 quando, como "CAVALEIRO italiano e mercador", teve carta de privilégio (Chancelaria de D. João I).
Como vê senhor "estoriador" não ºe nada "simplesmente risível", nem tudo é como o senhor pinta. Não é preto nem branco é tudo escuro por isso abra os olhos.
Cpts,
Manuel Rosa (sempre empenhado em desmascarar Colombo como sendo um falso Colon.)
É com enorme alegria que vejo uma pessoa com os conhecimentos necessários para encontrar e transcrever os documentos existentes da TT sobre o mosteiro de santos dar-se ao trabalho de os partilhar com muitos interessados nesta matéria. Já são dois documentos em menos de um mês! A este ritmo teremos conclusão para esta história lá para 2020.
Sem dúvida que este documento ilustra bem os argumentos que faz J.C.S.J.
Sobre o estatuto social das donas professas no dito mosteiro, para que este documento passe de uma ilustração útil para um documento relevante, seria interessante resolver as seguintes questões:
- em 1368 o mosteiro de Santos estava afecto à ordem de Santiago?
- em 1368 a ordem de Santiago em Portugal era já independente da congénere Espanhola?
- em 1368 o mestre da Ordem de Santiago era Rei de Portugal?
Sobre os espaços em branco nos documentos, por si, não tem o menor significado. Aceito a observação de J.C.S.J que se trata de uma característica frequente nos documentos da época. Acontece que no caso de Cristóvão Colombo estes espaços em branco inserem-se num padrão consistente de ocultação de origem e identidade. O J.C.S.J saberá melhor que muitos o contexto em que foi escrita e publicada a obra Rui de Pina.
O que o Manuel Rosa viu foram dois comentários meus a um texto de H. Leitão no blogue O Cachimbo de Magritte de 20 de Novembro de 2006 [http://cachimbodemagritte.blogspot.com]. Escrevia H. Leitão sobre pseudo-história a propósito de Gavin Menzies e do seu embuste da descoberta da América pelos chineses em 1421, sobre o romance Código Da Vinci e sobre a inutilidade de dialogar com os seguidores das teorias da conspiração e da pseudo-história.
Qualquer historiador, sensível à cronologia, verificaria que a PHC nasceu a 15 de Novembro, cinco dias antes do texto de H. Leitão e seis antes dos meus comentários no mesmo blogue.
Convidei, de facto, vários investigadores para participarem neste blogue e, à excepção dos que actualmente participam, todos declinaram deixando alguns para um momento posterior a possibilidade de se associarem. À parte de motivos pessoais e de falta de tempo, foram invocadas razões várias para a não participação neste projecto. Entre outras respostas, que por decoro aqui não ponho, as mais simpáticas para os crédulos da pseudo-história foram: «não discuto com não-historiadores!» ou «eu não estou para ser constantemente insultado/ameaçado por aquela gente».
Melhor que eu sabiam o que a casa gastava.
Um destes investigadores (certamente um dos mais ignorantes do que por aí se publica) disse-me que alinharia num projecto de verdadeira pseudo-história: queria que inventássemos uma tese em que Colombo era filho bastardo e oculto do infante D. Henrique e de Isabel, a Católica. Meteríamos pelo meio uns conventos, viagens secretas, espiões, amores serôdios e temporões com o aliciante extra de abalarmos, inclusivamente, algumas teses sobre a castidade e virilidade do Navegador.
Se estivesse a apelar a amigos fazia-o particularmente, como fiz em relação aos investigadores que foram convidados. Se me preocupava com o meu bom-nome (como me preocupo) é porque não sou anónimo e o único bem que possuo é a qualidade do trabalho associado a esse nome. Se este trabalho não vingasse (como muito bem vingou), se não tivesse recepção na comunidade científica (na qual os autores não são desconhecidos) não fazia sentido mantê-lo ou manter-me nele como me mantenho (lixo demais já há por aí muito). As iniciais que aqui me distinguem das dos meus colegas só causam engulho aos que preferem atacar as pessoas em vez de criticarem educada e racionalmente aquilo que se escreve.
Filipe Palestrello: “CAVALEIRO italiano e mercador”
Vasco Eanes: “mercador vezinho e morador…”
São coisas diferentes, não são?
Porque é que um cavaleiro não é referenciado pela própria filha como tal (ou com qualquer outro grau de nobreza), mas somente como mercador vizinho e morador na cidade, como se faz em relação a qualquer plebeu?
Se eu quisesse sofismar no erro, em vez de me afundar alegando que ser nobre ou mercador é a mesma coisa, usaria um outro argumento: lapso do tabelião; lapso do tabelião copista (este último é mais fraco pois o original ainda pode ser encontrado).
Francisco,
Esquecendo as ironias, com este documento só se pretende demonstrar que filhas de mercadores podiam ingressar no mosteiro de Santos, mais nada. Este é o facto, a não ser que se prove haver um qualquer erro no documento.
Sobre Pina: temos interpretações diferentes.
J. C. J. S.,
Entenda uma coisa. O Mosteiro dos Santos alojava as filhas e viúvas dos Cavaleiros de Santiago.
Se a Margarida Vasques estava lá é porque o seu pai (ou marido) era um Cavaleiro de Santiago.
Note a palavra CAVALEIRO que não é nem plebeu nem um simples mercador.
Reviste a sua história sobre a Ordem de Santiago primeiro.
Manuel Rosa
E não pode haver excepções?
"E não pode haver excepções?"
A lógica e o bom senso dizem-nos que se o Mosteiro foi doado pelo rei á Ordem de Santiago para albergar os membros e suas filhas e viúvas, que as mulheres lá dentro eram filhas e viúvas de um membro de Santiago.
A lógica e o bom senso dizem-nos que as Ordems protegiam os seus territórios e privilégios e que havendo lugar para somente 12 comendadeiras naquele mosteiro os Cavaleiros jamais cediam o lugar de uma filha ou viúva a uma mulher que não fosse filha de um cavaleiro da ordem.
A verdadeira questão será se na cavaleria de Santiago entravam mercadores, plebeus ou vilãos?
Provando que sim então já aí o J. C. J. S., terá uma "excepção" que não eram todos nobres e que o cavaleiro, pai desta Vasques, provaria isso.
Mas como deve de saber as Ordens militares em Portugal eram restrictas e não abertas a qualquer vilão por isso deve de usar o bom senso e levar em mente que aqueles que entravam nas ordens não eram pessoas quaisqueres mas eram pessoas de alguma importãncia sendo o seu "mercador" mais provavelmente um Cavaleiro da Ordem de Santiago cuja filha tinha todo o direito de lá residir. E ainda deve de levar em mente que não era um qualquer convento de professas mas que todas as pessoas que recebiam o hábito tinham que ser aceites pelo Mestre.
Se pretende entender isto hoje basta somente tentar entrar na Maçonaria. Se eles não o quiserem nunca mais lá entrará.
Manuel Rosa
"E não pode haver excepções?"
Ai, haha
Vocé gostava não é?
O documento fala por si. Do mesmo modo, as interjeições são desnecessárias no discurso escrito.
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