Muitos autores inventaram personagens nas quais revestem Cristóvão Colombo como alguém de elevado estatuto social, chegando mesmo a dá-lo como filho da alta-nobreza portuguesa quando não mesmo – e porque não! – bastardo de infantes como D. Fernando ou D. Henrique, irmão, primo e tio de reis. Alguns destes, ainda mais afoitos, querem levar a ilusão ainda mais longe tornando o descobridor do Novo Mundo em D. Diogo, o mesmo que foi vítima do punhal de D. João II.
É evidente que estas ideias não têm qualquer fundamento, mas ainda assim conseguem enganar os mais incautos e esse é maior dano que podem causar.
A tese – chame-se-lhe assim com muito boa vontade – dum Colombo português, como especulação, como hipótese académica ou como divagação que possibilite rever o estado do conhecimento da biografia desta figura, em si nada tem de mal, se se tiver o cuidado e a honestidade intelectual de tornar bem claro de que é disso que se trata.
Ora não é isso que se tem passado entre os defensores de Colombo Português.
O que tem feito confusão a muita gente, mesmo entre os historiadores, é o facto de Cristóvão Colombo ter casado com Filipa Moniz, filha de Bartolomeu Perestrelo, primeiro capitão do donatário da ilha de Porto Santo. Esta confusão parte do facto de pertencer Filipa Moniz à nobreza portuguesa e o futuro almirante das Índias de Castela ter origens humildes.
Antes de se prosseguir para algumas hipóteses que tentem explicar este aparente paradoxo torna-se necessário rever alguns factos e, a partir deles, tentar deduzir outros tantos, mas sempre dentro dum quadro de plausibilidade e possibilidade histórica e passível de afinamento face a melhores dados.
Bartolomeu Perestrelo (c. 1400-1457 ou 1458), filho de Fillippo Pallastrelli, comerciante italiano radicado em Lisboa, serve a casa do infante D. Henrique, sendo mesmo referenciado como cavaleiro da dita casa em 1446 no documento pelo qual o infante lhe doa hereditariamente a capitania de Porto Santo[1] (antes fôra cavaleiro da Casa do infante D. João[2]). Esta doação faz dele capitão do donatário e não donatário. Donatário era o infante D. Henrique que recebera as ilhas da Coroa e assim continuou a sê-lo até à sua morte em 1460 – mas isto é outra história com pouca relevância para a matéria em apreço.
D. Fernando (1433-1470), filho de D. Duarte e filho adoptivo do infante D. Henrique, era irmão de D. Afonso V, pai dos duques D. João e D. Diogo. Do infante D. Henrique herdou a casa, incluindo a Ordem de Cristo e o senhorio das ilhas descobertas e por descobrir. Além de muitos senhorios e direitos que detinha, e segundo Joel Serrão, era também o 9.º mestre da Ordem de Cristo e o 12.º mestre da Ordem de Santiago[3], contudo, na realidade, era o administrador/governador das ordens, mas, mais uma vez, para o caso em apreço tal distinção é irrelevante.
Sucede a D. Fernando o seu filho D. João que morre em 1472, portanto pouco tempo depois de ter herdado.
A casa de D. Fernando passa então para outro seu filho, D. Diogo. Este herda tudo o que era de seu pai, à excepção dos governos da Ordem de Avis[4] e da Ordem de Santiago que são entregues ao príncipe D. João[5].
O arquipélago da Madeira é desde 1433, altura em que foi doado ao infante D. Henrique, património da casa de Viseu e como tal é herdado depois por D. Fernando, D. João e D. Diogo[6].
De facto, em 11 de Janeiro de 1473, D. Afonso V doa vitaliciamente a D. Diogo, duque de Viseu e Beja, a ilha de Porto Santo e as Desertas com todos os direitos, rendas e jurisdições[7]. Cerca de dois meses depois, em 15 de Março de 1473, o mesmo monarca confirma a doação da ilha de Porto Santo a Bartolomeu Perestrelo, criado do infante D. Fernando, filho de Bartolomeu Perestrelo, o Velho. A doação é feita, entre outros privilégios, com a jurisdição cível e crime às quais se põem algumas limitações e resulta da acção deste contra Pêro Correia, cavaleiro da Casa Real e criado do infante D. Henrique, que «tinha e possuía a ilha»[8].
Cristóvão Colombo (1451-1506) tem o seu nome associado aos grandes mercadores-banqueiros italianos Spínola, Centurione e Di Negro.
Em 1476 terá chegado a Portugal como agente comercial ao serviço de mercadores italianos[9]. Trabalhando para a casa de Paolo di Negro, por volta de 1478-1479, está ligado ao comércio de açúcar da Madeira[10].
Os mercadores-banqueiros italianos, principalmente genoveses e florentinos (onde se incluem os já referidos), estão profundamente ligados à produção e ao comércio dos produtos insulares[11], como também financiam os reis, príncipe, infantes e senhores. Chegam mesmo a possuir plantações e engenhos de açúcar, assim como também lhes é entregue ou consignada a cobrança de impostos. Nestes negócios estão por vezes associados a mercadores-banqueiros portugueses. Estas casas comerciais, tanto italianas como portuguesas, umas vezes competindo outras associando-se, duram frequentemente gerações e vemo-las actuar em todas as áreas da economia passíveis de gerar bom rendimento tanto no Reino, como na Índia, como nas ilhas, na África e no Brasil[12].
É evidente que estas ideias não têm qualquer fundamento, mas ainda assim conseguem enganar os mais incautos e esse é maior dano que podem causar.
A tese – chame-se-lhe assim com muito boa vontade – dum Colombo português, como especulação, como hipótese académica ou como divagação que possibilite rever o estado do conhecimento da biografia desta figura, em si nada tem de mal, se se tiver o cuidado e a honestidade intelectual de tornar bem claro de que é disso que se trata.
Ora não é isso que se tem passado entre os defensores de Colombo Português.
O que tem feito confusão a muita gente, mesmo entre os historiadores, é o facto de Cristóvão Colombo ter casado com Filipa Moniz, filha de Bartolomeu Perestrelo, primeiro capitão do donatário da ilha de Porto Santo. Esta confusão parte do facto de pertencer Filipa Moniz à nobreza portuguesa e o futuro almirante das Índias de Castela ter origens humildes.
Antes de se prosseguir para algumas hipóteses que tentem explicar este aparente paradoxo torna-se necessário rever alguns factos e, a partir deles, tentar deduzir outros tantos, mas sempre dentro dum quadro de plausibilidade e possibilidade histórica e passível de afinamento face a melhores dados.
Bartolomeu Perestrelo (c. 1400-1457 ou 1458), filho de Fillippo Pallastrelli, comerciante italiano radicado em Lisboa, serve a casa do infante D. Henrique, sendo mesmo referenciado como cavaleiro da dita casa em 1446 no documento pelo qual o infante lhe doa hereditariamente a capitania de Porto Santo[1] (antes fôra cavaleiro da Casa do infante D. João[2]). Esta doação faz dele capitão do donatário e não donatário. Donatário era o infante D. Henrique que recebera as ilhas da Coroa e assim continuou a sê-lo até à sua morte em 1460 – mas isto é outra história com pouca relevância para a matéria em apreço.
D. Fernando (1433-1470), filho de D. Duarte e filho adoptivo do infante D. Henrique, era irmão de D. Afonso V, pai dos duques D. João e D. Diogo. Do infante D. Henrique herdou a casa, incluindo a Ordem de Cristo e o senhorio das ilhas descobertas e por descobrir. Além de muitos senhorios e direitos que detinha, e segundo Joel Serrão, era também o 9.º mestre da Ordem de Cristo e o 12.º mestre da Ordem de Santiago[3], contudo, na realidade, era o administrador/governador das ordens, mas, mais uma vez, para o caso em apreço tal distinção é irrelevante.
Sucede a D. Fernando o seu filho D. João que morre em 1472, portanto pouco tempo depois de ter herdado.
A casa de D. Fernando passa então para outro seu filho, D. Diogo. Este herda tudo o que era de seu pai, à excepção dos governos da Ordem de Avis[4] e da Ordem de Santiago que são entregues ao príncipe D. João[5].
O arquipélago da Madeira é desde 1433, altura em que foi doado ao infante D. Henrique, património da casa de Viseu e como tal é herdado depois por D. Fernando, D. João e D. Diogo[6].
De facto, em 11 de Janeiro de 1473, D. Afonso V doa vitaliciamente a D. Diogo, duque de Viseu e Beja, a ilha de Porto Santo e as Desertas com todos os direitos, rendas e jurisdições[7]. Cerca de dois meses depois, em 15 de Março de 1473, o mesmo monarca confirma a doação da ilha de Porto Santo a Bartolomeu Perestrelo, criado do infante D. Fernando, filho de Bartolomeu Perestrelo, o Velho. A doação é feita, entre outros privilégios, com a jurisdição cível e crime às quais se põem algumas limitações e resulta da acção deste contra Pêro Correia, cavaleiro da Casa Real e criado do infante D. Henrique, que «tinha e possuía a ilha»[8].
Cristóvão Colombo (1451-1506) tem o seu nome associado aos grandes mercadores-banqueiros italianos Spínola, Centurione e Di Negro.
Em 1476 terá chegado a Portugal como agente comercial ao serviço de mercadores italianos[9]. Trabalhando para a casa de Paolo di Negro, por volta de 1478-1479, está ligado ao comércio de açúcar da Madeira[10].
Os mercadores-banqueiros italianos, principalmente genoveses e florentinos (onde se incluem os já referidos), estão profundamente ligados à produção e ao comércio dos produtos insulares[11], como também financiam os reis, príncipe, infantes e senhores. Chegam mesmo a possuir plantações e engenhos de açúcar, assim como também lhes é entregue ou consignada a cobrança de impostos. Nestes negócios estão por vezes associados a mercadores-banqueiros portugueses. Estas casas comerciais, tanto italianas como portuguesas, umas vezes competindo outras associando-se, duram frequentemente gerações e vemo-las actuar em todas as áreas da economia passíveis de gerar bom rendimento tanto no Reino, como na Índia, como nas ilhas, na África e no Brasil[12].
Hipótese explicativa
Com base nestes factos deduzem-se algumas hipóteses, as quais serão bem compreendidas por aqueles que têm um conhecimento mais alargado da História e assim ponderam as possibilidades epocais sem devaneios românticos, anacrónicos ou simplesmente fantasistas.
A morte de Bartolomeu Perestrelo, cavaleiro da casa do infante D. Henrique, coloca os seus filhos e viúva sob a protecção do seu senhor: o infante D. Henrique. Para esta hipótese contribui o facto de ser obrigação do senhor medieval proteger as viúvas e os órfãos e não parecer plausível que o infante se negasse a essa responsabilidade. Deste modo, Filipa Moniz, filha de Bartolomeu Perestrelo, é órfã da casa do infante D. Henrique.
Por morte do infante D. Henrique a sua casa, dependentes incluídos, é herdada pelo infante D. Fernando, seu sobrinho e filho adoptivo. A família de Bartolomeu Perestrelo terá passado assim para a protecção do infante D. Fernando que continuaria a velar pelos seus interesses imediatos. Tal como do mesmo modo terá passado para a dependência sucessiva dos filhos deste, D. João e de D. Diogo.
Bartolomeu Perestrelo, o filho do primeiro capitão do donatário de Porto Santo, criado da Casa de D. Fernando, recebe deste a capitania da ilha de Porto Santo; uma doação que é confirmada pelo rei dois meses depois de ter doado a ilha ao duque de Viseu e de Beja. Este facto contribui para validar a ideia de que os Perestrelos continuaram na dependência da Casa de Viseu. Assim, e nesta linha de raciocínio, é bem plausível que D. Fernando (ou D. João) na qualidade de protector de Filipa Moniz a tenha internado num convento, já que não era invulgar as meninas serem pensionistas destas instituições na menoridade, permanecendo nessa condição até casarem ou, em alternativa, até ingressarem definitivamente na vida religiosa. A órfã de Bartolomeu Perestrelo é internada no mosteiro de Santos da Ordem de Santiago de que o Duque era o administrador. O que hoje seria considerado peculato de uso é um gesto normal para a época e só causará admiração se se desconhecer o modo como estas instituições funcionavam e se se ignorarem as razões porque interessava a qualquer senhor ter a administração dos bens da Igreja. Os bens que se administram, tal como os próprios, servem para garantir o sustento da casa e da rede clientelar em que se insere o administrador. É de notar que se desconhece qualquer referência que permita deduzir ser Bartolomeu Perestrelo membro da Ordem de Santiago.
A passagem da administração da Ordem de Santiago da Casa de Viseu para a Casa do príncipe D. João, não levaria necessariamente à saída de Filipa Moniz do mosteiro de Santos, nem, tampouco, à passagem desta da Casa de Viseu para a do Príncipe.
Chegada à idade do matrimónio, Filipa Moniz, neta dum comerciante italiano, criada do duque de Viseu e de Beja, é casada em finais de 1479 pelo seu protector, D. Diogo, com alguém compatível com o seu estatuto social: Cristóvão Colombo, agente comercial de mercadores italianos com negócios com a Casa de Viseu e de Beja, entre outras.
Bartolomeu Perestrelo, irmão de Filipa Moniz, para entrar na capitania de Porto Santo provido por D. Fernando necessita de confirmação régia, pois, se a ilha foi doada ao duque, nunca deixa de ser um domínio da Coroa. Já Filipa Moniz, dependente da Casa de Viseu, não carece de autorização régia para casar; também, e pela mesma ordem de razões, não necessita de permissão do administrador da Ordem de Santiago, ou seja, do príncipe D. João.
Esta é uma hipótese explicativa e nada mais do que isso. Assenta em factos – uns mais sólidos que outros – e em probabilidades críveis. Com esta hipótese simples prescinde-se de todo das conspirações, recoloca-se Filipa Moniz no seu devido lugar na hierarquia social e explica-se como é que, neste caso concreto, o favorecimento pessoal ultrapassa alegadas restrições de acesso a casas da Ordem de Santiago – o que aliás já antes se mostrara não ser como se tem sofismado.
[1] Charles Verlinden, «Perestrelo, Bartolomeu (1400?-1457 ou 1458)», Dicionário de História de Portugal, vol. V, Porto, imp. 1992, p. 58.
[2] João Luís Lisboa, «Perestrelo, Bartolomeu», Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, vol. 2, Lisboa, imp. 1994, p. 884.
[3] Joel Serrão, «Fernando, D. (1433-1470)», Dicionário de História de Portugal, vol. II, Porto, imp. 1992, pp. 556-557.
[4] Joaquim Veríssimo Serrão, «Diogo, D. (1452?-1484)», Dicionário de História de Portugal, vol. II, Porto, imp. 1992, p. 309.
[5] João Paulo Oliveira e Costa, D. Manuel I, Lisboa, imp. 2007, p. 46.
[6] Miguel Jasmins Rodrigues, «Madeira, Arquipélago da», Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, Lisboa, imp. 1994, pp. 637-639.
[7] TT, Chancelaria de D. Afonso V, Livro 33, fl. 33 v.
[8] TT, Chancelaria de D. Afonso V, Livro 33, fls. 85-85 v.
[9] João Paulo Oliveira e Costa, «Colombo, Cristóvão», Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses, vol. 1, Lisboa, imp. 1994, pp. 258-259.
[10] Domenico Gioffrè, «Colombo, Cristóvão (1451-1506)», Dicionário de História de Portugal, vol. II, Porto, imp. 1992, pp. 102-104.
[11] Domenico Gioffrè, «Génova, Relações de Portugal e», Dicionário de História de Portugal, vol. III, Porto, imp. 1992, pp. 114-116.
[12] Sobre o papel dos mercadores e as relações destes com os diferentes poderes portugueses tratar-se-á noutra ocasião.
28 comentários:
O autor deste blogue contínua a contradizer-se. Se ele próprio admite que a tese oficial não está correcta, isto é, aquela que defende a tese do genovês, então dá razão aos investigadores que defendem a tese portuguesa e que rejeitam a tese do genovês. Este autor contínua intencionalmente, a não entender, o que eu digo para manter a polémica e a confusão. E o que eu disse, foi que o facto de a tese oficial ter concluído desde há muito que Colombo era genovês, não significa que não tenham surgido novas provas que apontem noutra direcção. E se a tese do genovês tem falhas do ponto de vista científico, como apontam os investigadores portugueses, a culpa também será, à partida dos portugueses, porque eram um dos interessados à partida em investigar e denunciar o facto, o que, ao que parece, só agora começou a ser feito, e se estiverem correctos, a sua tese pode ter algum interesse válido, mais que não seja, o de relançar a discussão, mas as coisas têm que seguir regras científicas, e ninguém, independentemente da tese que defenda, pode violar essas regras, se o fizer está induzir o público em erro. Este blogue contínua a insistir, em acusar determinados investigadores sem ter qualquer tipo de critério que possibilite aos internautas confiar no que diz. Desconhece-se a formação do autor, do ponto de vista científico, para poder estar habilitado a emitir uma opinião sobre aquilo que diz. As coisas têm que ter regras, mesmo que se cheguem a conclusões diferentes. As regras são as regras do método científico que estão estabelecidas internacionalmente. O que é verdade aqui, tem que ser verdade na Itália, nos EUA, na China ou na Espanha. Todos têm que estar de acordo, independentemente da tese que defendam. O autor, por exmplo, apresenta-nos explicações sobre assinaturas. Mas do que é que isso vale, se a maior parte das pessoas, não percebe nada sobre o método científico que deve ser aplicado para chegar a conclusões sobre o facto. Isso não tem valor nenhum e ao contrário do que o autor diz, há que ter critérios científicos de acordo com o estabelecido por quem forma as pessoas como as universidades e outros organismos de estudo científico que estão internacionalmente oficializados e que têm que ser respeitados. O autor acha que não. Mas que capacidade tem o autor para impor a sua opinião sobre isso. Se há de facto teses oficiais que estão erradas, nada têm haver com o método científico estabelecido internacionalmente. Isso é outra história. É uma questão de saber se o método científico foi respeitado ou não, não são as teses em si. Façamos a distinção. É aí que temos que chegar, porque senão como eu disse, qualquer dia até o pedreiro e o carpinteiro discutem as origens do Cristóvão Colombo e vamos lá a ver quem tem razão. Vamos acreditar em quem. Porque é que temos que acreditar em si e não nos outros. Você apresenta as suas razões. Está bem, mas os outros também apresentam as deles.
«como eu disse, qualquer dia até o pedreiro e o carpinteiro discutem as origens do Cristóvão Colombo»
Não é o que praticamente tem acontecido?
Mas não desespere, ainda lá chegaremos!
A idade do matrimónio de Filipa Moniz (1474) antecede em dois anos a suposta chegada de Colombo a Portugal (1476). Filiponne Palestreli, o avô italiano de Filipa, tem ascendência conhecida e documentada - era nobre, casado com uma nobre e com o seu estatuto de nobreza reconhecido pelo Rei de Portugal. Filipa era portanto neta de um mercador italiano nobre (e não nobilitado como escrevem alguns pseudo-historiadores), e o seu estatuto social não era portanto compatível com um agente comercial filho de cardadores/taberneiros. A finta habitual dos genovistas a estes simples factos é invocarem a "teoria não purista", esquecendo que um nobre italiano não estaria em Lisboa como agente comercial de mercadores.
«idade do matrimónio de Filipa Moniz (1474)»
Como assim? Em 1475 Filipa Moniz não estava ainda internada em Santos?
AH tem acontecido e chegaremos lá?!... Pois também me parece, a começar por este blogue.
"Chegada à idade do matrimónio..."
A idade do matrimónio, de acordo com os costumes da época, era antes dos 20 anos.
O processo justificativo de nobreza
de Filippone Palestrello tem data de 8 de Janeiro de 1399, e tem em vista eximir-se o mesmo ao pagamento de um tributo para financiar a expedição a Ceuta. Filiponne apresenta conterrâneos seus que o dizem descendente de fidalgos de cota de armas.Seria ou nao...Ora Filippone era comerciante,o que vem comprovar que o exercício de de determinadas profissões, que normalmente cabiam á burguesia, podia também, mas raramente, ser desempenhado pela pequena nobreza. Em Itália acontecia o mesmo que em Portugal, a burguesia em ascenção misturava-se com a pequena nobreza, não havia compartimentos estanques.Ao que parece, Filipa Perestrelo terá saído de Santos em 1479,altura em que casou.Sendo Filipa neta de um comerciante da pequena nobreza italiana, não é de espantar o seu casamento com um Colombo que comerciava na Madeira por conta de casas genovesas conhecidas.
Maria Benedita
Cara Maria Benedita,
Muito obrigado pela preciosa achega biográfica.
Gosto especialmente do «seria ou não...» pois as testemunhas neste caso são suspeitas.
Mais um facto a necessitar de corroboração independente.
João Carlos
Se olhar bem verifica que esta página tem três autores e vários colaboradores (a quem expresso o meu agradecimento). E aqui a trindade é plural e somente una na materialização da página e nos objectivos que nos unem.
Este espaço serve essencialmente para alertar o grande público para as dificuldades que existem no estabelecimento de factos e para as conclusões pouco racionais de alguns autores. Em suma apela a que todos ponham as células cinzentas a funcionar e a pensar se o que afirmam algumas pessoas cheias de certezas é de facto exequível e credível.
Como já tive oportunidade de dizer nós somos cidadãos do mundo, portanto a nacionalidade de Colombo é completamente irrelevante. A ideia de que Colombo era português é interessante de discutir, contudo até hoje não foram apresentadas provas de que assim o fosse. Mesmo os possíveis indícios são muito fracos comparados com outros.
Provas, indícios, opiniões e crenças são coisas completamente diferenciadas. A História consegue lidar com provas e com alguns indícios, mas as opiniões sem provas e/ou indícios que as sustentem constituem já um limiar que a História não assimila. Crenças são apenas objecto de estudo da História, não fazem parte integrante do seu discurso.
Tem toda a razão, a maior parte das pessoas não sabe o que é o método da História, mas também não sabe as equações necessárias para se fazer uma boa ponte, nem sabe fazer cirurgia ao estômago, por exemplo. Quantos fazem a menor ideia o que é a Física Quântica? ou sabem o que são ondas curtas, médias e longas? No entanto, todos tivemos História na escola, passamos vezes sem conta nas pontes, em alguma ocasião fomos operados ou alguém conhecido o foi e usamos rádio, televisão ou telemóvel.
Alguém se lembrou de ir chatear os rádio-amadores e dizer-lhes que se calhar deviam usar somente um canal e que isso é que é uma boa discussão? Por que raio os historiadores deviam aceitar a “tese portuguesa” se toda a formação que possuem é para criticar e assegurar que o que se afirma tem de estar bem alicerçado com provas? A “tese portuguesa” não sobrevive à crítica e não tem provas.
Quando o pedreiro e o carpinteiro falarem e discutirem as origens do Colombo tal quer dizer que se está numa sociedade culta e isso agrada-me. Contudo, não é disso que se trata, pois quem anda a alardear que os historiadores estão todos enganados é quem anda a repetir os mesmos erros desde 1915 e a plagiar descaradamente os que o antecederam.
A credibilidade deste blogue não depende de ninguém, mas cada um que o avalie com a Razão.
Aprecio a frontalidade. Mas não sei porque insiste em contornar aquilo que digo de que o que está em causa não é saber se o Cristóvão era ou não era português. Toda esta questão que nos apresenta só pode ser discutida do ponto de vista do método científico e não passa disso. Você fala em física quântica. Não sei qual o seu conhecimento sobre o assunto, mas deverá reconhecer as várias interpretações que são dadas pelos cientistas físicos desde 1920 sobre o comportamento do electrão e saiba vossa excelência que ainda hoje a comunidade científica se divide a discutir se é uma partícula, uma onda ou ambas as coisas. O grande físico Albert Einstein, por exemplo, não queria acreditar que o electrão era o produto de uma incerteza por isso afirmou que «Deus não joga aos dados». Mas, nunca conseguiu também demonstrar o contrário. Os cientistas que se seguiram aprofundaram a noção de que a ideia de Einstein não estava correcta mas ainda hoje não existe uma certeza absoluta acerca do facto. Por isso os cientistas dividem-se sobre o assunto embora a maioria aceite que Deus joga aos dados. E vamos fazer o quê? Dizer que o Einstein era um mentiroso. Ou por outro lado que os outros cientistas, que não são pela sua tese, estão malucos por acreditarem na imprevisibilidade do mundo dentro de uma ciência exacta que é a física? Parece-me que esta história assemelha-se à do Colombo, com uma pequena diferença: ao que parece, dentro da física não tem existido espaço para a violação do método científico e por isso, embora possam chegar a interpretações diferentes, todos estão de acordo que o método científico foi respeitado. E, portanto, isto não é um assunto que interesse discutir pelo público, mas pelos profissionais devidamente habilitados para o efeito. Dizer que os que defendem a tese portuguesa estão errados não prova nada. É a mesma coisa que dizer que o Einstein estava errado ou que estava certo e que os outros estão todos certos ou estão todos errados. Como já disse muitas vezes, a tese portuguesa tem tanto valor como as outras e, até prova em contrário, isto é, que o método científico utilizado não foi respeitado, ela não pode ser excluída. Obviamente que fica ao critério de cada um, a interpretação dos factos, ser por uma tese ou por outra, mas não fica ao critério de cada um dizer que a tese do genovês é verdadeira e a portuguesa é falsa. Isso fica ao critério da comunidade dos investigadores internacionais que estejam devidamente identificados e habilitados para afirmar se o método científico utilizado na tese portuguesa foi respeitado ou não. Portanto, este blogue não tem capacidade para o fazer, até porque os autores não estão identificados como habilitados para tal facto.
J.C.S.J.,
Dá para rir ver as voltas que o senhor dá para não admitir que Filipa Moniz era Comendadeira de Santiago porque isso não lhe dá uma saída para génova.
Diga-me lá como é que o Comendador-mor de Santiago era também orfão da casa do Infante Henrique? Como é que filhas de não membros poderiam ser comendadeiras de Santiago?
E por favor explica-nos como um edificio restricto á Ordem de Santiago que era usado espeficicamente para "recolher as viúvas e filhos" dos Cavaleiros da Ordem de Santiago é agora modificado para recolher não membros que sejam "queridos" do Mestre da Ordem de Cristo?
Será que a Ordem de Cristo não possuia nenhuma casa nas suas vastas comendas em que pudessem meter uma mãe e uma filha protegidas pelo Infante?
Com esta o senhor J.C.S.J. segue os mesmos historiadores que inventam detalhes sobre o Colombo da Génova para encaixar-lo nos factos que não batem certo.
Como eu já escrevi no MCR houve tanta invenção que hoje devemos de descartar tudo e começar pelo começo. Mas mesmo com este facto esclarecido o J.C.S.J. vem agora com as suas "invenções" sobre um cavaleiro que era membro da casa do Mestre de Santiago antes desse Mestre morrer e cuja filha foi residir no mosteiro da mesma Ordem mas que não deveria ser membro de Santiago. Diga-me lá quantos membros de Santiago foram parar nos Mosteiros da Ordem de Cristo?
Porque é que insiste em se espernegar para todos os lados fugindo á regra das coisas da época somente para poder encaichar um tecelão genovês nos braços de uma nobre portuguesa?
Está você assim tanto mal informado sobre a época dos descobrimentos e sobre as Ordens Militares e suas regras? Está você assim tão mal informado sobre a nossa própria história para admitir que um Mosteiro usado para recolher filhas e viúvas dos membros da ordem iría recolher pessoas que não pertenciam á ordem?
Não existe uma só prova que o navegador Colon foi comerciante nem que trabalhou para "Spínola, Centurione e Di Negro" nem há prova que o Colombo da Génova alguma vez foi comerciante em Lisboa, Madeira ou Génova. Não venha deturpar os factos e afirmar uma coisa que não pode ser provada.
"Com base nestes factos deduzem-se algumas hipóteses,...."
Deduz-se, claro está, mas com base em todos os factos deduz-se uma história completamente diferente e você deixa fora metade dos factos e assim deduz-se que não quer chegar á verdade.
Qual de nós está então a escrever pseudo-história?
Manuel Rosa
João Carlos:
Agradeço a conclusão que apresentou sobre o método científico e a sua aplicabilidade ou não a esta página. Penso que os nossos leitores já perceberam a ideia.
Manuel Rosa:
Gostaria de responder mas confesso que tenho receio de errar na resposta, pois não consegui seguir totalmente o seu raciocínio. A identificação dos detentores dos cargos e das mercês referidas ajudaria. Também seria útil que quando se referisse ao que escrevi distinguisse o que aponto como factos e o que aponto como hipóteses, pois não gosto de misturar os níveis do discurso, nem de confundi-los.
João Carlos
A História tem o seu método próprio, mas não é o método científico como é entendido e praticado pelas ciências naturais e exactas, pois não há forma de fazer experiências com o passado. Portanto não há comparação possível.
No entanto, posso afiançar-lhe que na Grã-Bretanha se têm feito estudos multidisciplinares onde acontecimentos históricos são analisados quase com um método científico. Estou-me a recordar dum trabalho feito sobre a batalha de Waterloo onde se prova porque razão as tropas perdedoras foram derrotadas. Verificou-se o estado do tempo, as condições do terreno, as condições físicas dos soldados e resolveu-se fazer uma experiência no terreno com “soldados” actuais. Por exemplo, os soldados foram expostos ao desgaste físico, movendo peças de artilharia em terrenos enlameados para demonstrar a inviabilidade do uso atempado da artilharia por Napoleão. Demonstrou-se com isso não ter havido um erro táctico do Imperador. Como vê aproxima-se duma experiência laboratorial, mas em campo aberto. No entanto, é impossível reproduzir e avaliar correctamente todas as centenas de milhar de variáveis envolvidas nessa batalha – como cada um dos envolvidos agiu e desse modo contribuiu para o desenrolar dos acontecimentos, para a História.
Acerca da Física e dos extraordinários desenvolvimentos que tem tido, aconselho-o a ler o livro de João Magueijo é bastante acessível e direccionado para o grande público pois é escrito com palavras e não com equações. Magueijo é um cientista que apresentou a tese revolucionária de que a luz tem uma velocidade variável, ao contrário do que diz Einstein. Contudo, este investigador vai passar o resto da sua vida a tentar provar que está errado, até agora não conseguiu. É a diferença entre cientistas e pseudo-cientistas: uns procuram sempre aperfeiçoar as suas ideias e teorias, enquanto os outros acham que encontraram a Verdade Pura e Absoluta.
A “tese portuguesa” do Colombo não tem bases sólidas, assenta em demasiadas divagações do real. Pode ser interessante discuti-la, mas chega a determinada altura em que esbarra em vários becos sem saída.
Como é que se pode misturar cabala, templários, maçonaria, rosa cruz, e outros exoterismos e ficções e com isso fazer História?
Mais praticamente, como é que se pode fazer História com especulação sobre especulação, criando assim pretensos factos positivos?
Acerca da capacidade do blog, das habilitações e das identificações. Cada um tem a liberdade de se identificar ou não, temos esse direito. A insistência em nomes, currículos e instituições revela uma dependência da autoridade própria da época medieval.
O nosso dever é alertar as pessoas, dar-lhes informações, transmitir-lhes conhecimentos para que possam formar a sua própria opinião. A alternativa era a exposição à mentira sem rectificação.
Em resposta ao F.V.F agradeço muito o conselho, mas nem aqui o F.V.F acerta. Primeiro porque já li. Aliás ele não é o único que defende tal teoria. Há outros cientistas actualmente que referem que a velocidade da luz não é constante nem o foi no passado. Isto significa que as própias leis físicas poderão existir noutros universos com valores de constantes diferentes do nosso. Nesse caso as leis da física clássica que conhecemos e podemos prever seriam diferentes, porque tomam valores diferentes, o que alteraria a sua concepção em relação ao nosso universo. Depois porque o FVF aconselha-me a ler um livro em que diz que o autor é um pseudo-cientista. Então se ele é um pseudo-cientista porque haveria eu do ler?... Depois o FVF não está identificado para poder falar de ciência e chamar pseudo-cientista a um cientista. Depois porque o Einstein, como eu disse no outro comentário, também defende teorias diferentes, neste caso em relação ao electrão como expliquei. Vai dizer que o Einstein por isso está mais certo que os outros físicos ou que os outros físicos estão certos e o Einstein está errado e por isso passam a ser pseudo-cientistas?... Está a ver como as suas explicações sobre ciência não batem certo. Você diz que A História tem o seu método próprio, mas não é o método científico como é entendido e praticado pelas ciências naturais e exactas, pois não há forma de fazer experiências com o passado. Tudo bem, eu não estou dizendo o contrário mas deverá saber que a tecnologia evolui e, por exemplo, determinados documentos ou até esqueletos que não se podiam identificar, possibilitam cada vez mais objectivar os factos da história e diminuir as margens de incerteza, portanto isso não serve de desculpa para nos refugiarmos em concepções da história que estão agarradas ao passado e, talvez por isso, não entendam que através, por exemplo da evolução dos meios tecnológicos e de novos dados que vão surgindo, as teorias históricas não possam ser revistas e reformuladas. Ora o FVF, está agarrado a um conceito de método de estudar a história que não autoriza reformulações. Qualquer ciência, incluindo a história, não pode estar fechada a novas descobertas. Se o fizer deixa de ser ciência e passa a ser um dogma.
João Carlos escreve:
«Depois porque o FVF aconselha-me a ler um livro em que diz que o autor é um pseudo-cientista. Então se ele é um pseudo-cientista porque haveria eu do ler?...»
Quando FVF escreveu:
«Acerca da Física e dos extraordinários desenvolvimentos que tem tido, aconselho-o a ler o livro de João Magueijo é bastante acessível e direccionado para o grande público pois é escrito com palavras e não com equações. Magueijo é um cientista que apresentou a tese revolucionária de que a luz tem uma velocidade variável, ao contrário do que diz Einstein. Contudo, este investigador vai passar o resto da sua vida a tentar provar que está errado [paráfrase do próprio Magueijo], até agora não conseguiu. É a diferença entre cientistas e pseudo-cientistas [ou seja, Magueijo não é pseudo-cientista]: uns procuram sempre aperfeiçoar as suas ideias e teorias, enquanto os outros acham que encontraram a Verdade Pura e Absoluta.»
Isto acontece sistematicamente na pseudo-história: treslêem-se os textos mais simples, deturpando-os, e depois fazem-se as construções que se conhecem.
Desculpe mas não entendo. Está a querer explicar então que o Einstein julgou ter encontrado a verdade pura. Veja bem, se é assim o raciocínio, vai dar tudo no mesmo em relação ao que eu disse.
Caros senhores,
Por mais voltas e reviravoltas que vocês dêm na História ela é o que foi, e passados 500 anos bem podem esgadanhar-se com teses que não foram validadas pelo tempo. Por isso aqui fica decretado de uma vez por todas que mais nenhuma luminária ou oportunista possa duvidar daquilo que é dado como certo CRISTOVÃO COLOMBO ERA....GENOVÊS ( mesmo que por hip+otese pudesse até ter sido luxemburguês) com os melhores cumprimentos Manuel Rialto ( apesar da ponte ser em Veneza eu sou de Alcântara, Lisboa, Portugal )
Caro F.V.F.,
"Como é que se pode misturar cabala, templários, maçonaria, rosa cruz, e outros exoterismos e ficções e com isso fazer História?"
Leia bem e pense no que escreveu.
Será que o senhor nega que os Templários, que a Maçonaria, que a Rozacruz, que o exoterismo e que a Cabala são coisas verdadeiras? Será que quer dizer com isto que são inventadas e não verdadeiras peças da história humana?
É isso que o F.V.F. entende?
Seria então melhor escrever história ignorando esses elementos como se eles fossem fantasia?
Será que você nunca estudou sobre os Templários que professavam a religião da terceira Era? Da Era do Espirito Santo. Nunca ouviu falar deles? E nunca soube também que existia uma ordem mundial chamada Maçonaria que segue uma regra de Igualdade, Fraternidade e Liberdade?
Será que também nega que os Rozacruzes, que a kabala judaica e latina , que o exoterismo, a alquimia, Pitágoras, Hermes, Jesus Cristo, o Culto do Espirito Santo existiram e muitos ainda existem?
Pobre é o historiador que nega a existência daquilo que não conhece em vez de investigar o que lhe é desconhecido. Talvez por você viver no Continente lugar muito avançado e eu ser dos Açores onde ainda somos atrazados nas ciências e fazemos as Festas do Espirito Santo ainda 672 anos depois da Morte da Rainha Santa Isabel posso ser eu que anda enganado e você correcto. Pois no seu país o Culto do Epsirito Santo foi perseguido pela Igreja Católica, deturpado e forçado a se integrar na Igreja ou desaparecer para sempre. Vocês ganharam. Extinguiram-o por isso é hoje para si nada de improtante pois nem sequer sabe o que ele é nem o pode ver nas suas ruas. Mas não só existe ainda nos Açores como existe no Canadá e em todas as Cidades dos EUA onde vivem Portugueses e esse nas suas palavras são os "outros exoterismos e ficções e com isso fazer História".
Mas a verdade verdadeirinha é que essa "ficção" de que o senhor fala ainda hoje faz parar o trânsito nas maoires cidades dos EUA para poderem os Açoreanos passarem em parada com os seus Estandartes e Coroas do Espirito Santo instituído pelos seus invisiveis e não merecedores de palavras os Templários que entendendo que houve uma Era do Pai e uma Era do Filho preparavam agora o mundo para a terceira Era: a Era do Espirito Santo.
Mas não faz mal sigam a inventar tecelões nobilitados, nobres damas desprezadas e reis burlados por um "pobre invidiado extranjero ytaliano" sobre o qual não conseguiram deslumbrar a sua costela judaica nem o seu berço de colmo somente para dar-nos aos apoiantes da "tese portuguesa" algo em que ter esperança embora falsa e baseada em organizmos mundiais que nunca existiram e em cultos divinais que nunca se ouvi falar que são "ficções" da História.
Grandes são os vossos argumentos para a verdade. Aparentemente para chegar á vossa verdade é simples: ignora-se tudo sobre a história da humanidade e sobre a vida do Almirante, isso é, ignora-se tudo menos a palavra "ytaliano"!!!
Manuel Rosa
Sem comentários
Manuel Rosa
Aconselho-lhe a leitura da " Carta Aberta a um Agente Secreto" de Luís de Mello Vaz de São Payo.Especialmente da pág. 11 a 18, em que o autor magistralmente desmascara qualquer tentativa de metamorfosear os Templários na Ordem de Cristo e o papel de D. Dinis face á questão dos Cavaleiros do Templo.E cito " nessa Ordem de Cristo é possivel que tivessem pedido ingressoalguns Templários, mas nenhum documento vi que o comprovasse...pois o primeiro Mestre da Ordem foi o Mestre de Avis, a sua regra era diferente da do Templo, bem como o estandarte...nem consta que os seus freires se considerassem seus continuadores, seus herdeiros, resultado da sua " metemorfose"
Maria Benedita
Cara Maria Benedita,
Uma intervenção muito oportuna.
Os Templários e as pseudo-histórias a ele associadas são outro dos cancros de difícil erradicação na Cultura Pop contemporânea.
Como não poderia deixar de ser, as pseudo-histórias colombinas são-lhe tributárias.
A Ordem dos Cavaleiros do Templo existiu - é um facto histórico. A Ordem de Cristo também - segundo facto histórico. As posses materiais da segunda pertenceram à primeira - terceiro facto histórico. O que a Maria Benedita omitiu no seu comentário é que são raríssimos, para não dizer inexistentes, documentos onde constem o nome dos membros quer de uma ordem, quer de outra. É por isso impossível afirmar que os membros da Ordem do Templo passaram a ser membros da Ordem de Cristo. É igualmente impossível nega-lo. Quer isto dizer que por muito mérito que tenha o trabalho de São Payo, a sua incapacidade de ver documentos comprovativos não tem o menor significado para o caso em apreço.
Estamos perante um novo tipo de "historiador" para juntar à classe dos "pseudo". É o "não-historiador", que se define como aquele que nega a existência dos acontecimentos cada vez que é incapaz de compreender as provas indirectas dos mesmos. Este tipo de historiador, quando está inseguro na matéria, tem o hábito de felicitar os comentários alheios por mera simpatia de causa sem ter compreendido a substância do assunto.
Talvez por isso não o possa felicitar.
A impossibilidade de comprovar a passagem de membros da Ordem do Templo para a de Cristo não autoriza a concluir que essa passagem ocorresse.
Mesmo que, por hipótese, ocorresse essa transferência em números significativos tal não significaria que a doutrina e a prática continuassem a ser as mesmas.
Sendo hipóteses não comprováveis é desonesto transformá-las em certezas, com tudo o que daí deriva.
Mas o mais grave nem é isso. O embuste começa naquilo que se quer fazer crer que a Ordem do Templo era, nunca o tendo sido, e continua com todas as aldrabices que se contam acerca da sua continuação depois da extinção, agora travestida Ordem de Cristo, em cripto-templários ou qualquer outra associação de carácter secreto, iniciático, exotérico, etc.
Pois é. Você sabe tudo aquilo que não é.
Não É?
Assim se faz quando não se consegue explicar o que se passou simplesmente escreve-se que não existia "carácter secreto, iniciático, exotérico, etc." dentro da Ordem de Cristo. Talvez o J.C.S.J. deve ter encontrado algum documento que explica as iniciações e as assembleias por detráz de portas fechadas da Ordem de Cristo.
E sobre a ideia que os Templários não se tornaram na Ordem de Cristo é CONTRÀRIO A TUDO O QUE FOI ESCRITO aqui vão só alguns exemplos:
"Le dernier Maitre du Temple, D. Vasco Fernandes s’était incorporé dans l’Ordre du Christ, où il devint Comnandeur de Montalvâo. Comme ses anciens freres d’armes templiers, à sa signature il ajoutait: «Quondam miles
Templi» (autrefois Chevalier du Temple)." -- Francis P. Gutton
"Não aparece cousa alguma tirada aos Templarios, que sua fosse antes da extincção delles,
e que entre nós não passasse sómente á Ordem de Christo … E he certo que a nossa Ordem de
Christo entrou mais perfeita e absolutamente em tudo o que era da extincta dos Templarios."
Historia da Ordem do Hospital, Hoje de Malta, e dos Sehores Grão-Priores della em Portugal, José Anastasio
de Figueiredo Ribeiro, Parte I, Na Officina de Simão Thaddeo Ferreira, Lisboa, MDCCXCIII
(1793), página 29.
-Manuel Rosa
Caro J.C.S.J.
Luis de Mello Vaz de São Payo, na " Carta Aberta a um Agente Secreto", desmistifica por completo essa pseudo-simbiose Templarios/ Ordem de Cristo. Não é sem mais que eu espefiquei"da pág 11 a 18".E, já agora, face ao comentário do Francisco, digo "11 e segs." Com efeito, há que ponderar que a missão templária não interessava nada a D.Dinis. Já não havia mouros a subjugar,as poucas participações guerreiras da Ordem de Cristo foram a defesa de Castro Marim, e a batalha do Salado. Mas, logo a seguir os freires pediram a tranferência da Ordem para Tomar pois " o estrépito da guerra não é compatível com o recolhimento e a oração" (Mon.Lus., VII,415). O espírito diferia muito do dos Templários, cujo lema era " Jamais recusar combate". D. Dinis não gostaria de ter cá os Templários, milícia submetida a um Grão-Mestre que era um soberano estrangeiro,possuídora de muita riqueza e temerosos castelos,foi providencial para ele que a Ordem deixasse de constituir problema a partir de 1308.Mas João XXII opôs-se a que a riqueza templária ficasse para o rei,daí a criação de uma nova Ordem. Já em França se passara o mesmo, a Bula de Extinçao de 1312 entrega os bens dos Templários á Ordem do Hospital. Em Aragão Jaime II vê-se obrigado, igualmente, a criar uma ordem, a Ordem de Montesa.A Bula Ad ea ex quibus impõe o nome da nova milícia portuguesa, Cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Um abraço
Maria Benedita
Manuel Rosa,
Não confunda praxe com iniciação em mistérios maiores, nem privacidade com segredo ou exoterismo com sincretismo e cristianismo confuso e mal assimilado.
É verdade: autrefois... mais pas encore, ni 200 ans après (pardon my French)!
A autoridade de Figueiredo Ribeiro, deixando-se levar ao sabor das palavras, é, para não dizer mais, a de alguém que escreve quase 500 anos depois dos acontecimentos.
Cara Maria Benedita,
Felicito-a mais uma vez e agradeço a informação, é que de facto nesta matéria, como em todas as outras da História, estou inseguro e assim pretendo continuar.
""A autoridade de Figueiredo Ribeiro, deixando-se levar ao sabor das palavras, é, para não dizer mais, a de alguém que escreve quase 500 anos depois dos acontecimentos."""
Pois é assim. É mesmo assim o Figueiredo estava errado porque escreveu muiot atrsadao. 500 anos depois.
O erro aumentou com o tempo.
E quantos anos depois está o J.C.S.J. a escrever?
Manuel Rosa
A obra em causa trata da história da ordem do Hospital até ao fim do reinado de D. Sancho II.
As passagens citadas inserem-se num contexto completamente diferente do que se quer fazer crer. Ribeiro refere-se ao debate sobre a ocorrência ou não de permutas de bens entre a Ordem do Templo e do Hospital no período coberto pelo título. Deixando-se levar pelas palavras, insere como aparte cronologicamente desfasado, e entre outras, as duas passagens citadas acabando o período com a seguinte frase:
«Mais perfeita e absolutamente, digo, do que em França se verificou a favor da do Hospital, à qual foi lá adjudicada só a maior parte do que fôra da mesma extinta.»
Ou seja, a ordem de Cristo recebeu quase todos os bens da ordem do Templo, enquanto que em França o Hospital recebeu uma proporção menor do que fôra da extinta ordem.
Ou seja, a distância a que escreve (e bem) sobre os acontecimentos não lhe confere autoridade de testemunha, mas tão somente a de historiador.
E já me alonguei em demasia.
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