sábado, 11 de abril de 2009

D. João II, Regedor e Governador da Ordem de Santiago

A pseudo-história deturpa frequentemente a nomenclatura histórica de modo a servir os seus interesses; deturpa também a terminologia da época, distorcendo-a de forma mais ou menos grosseira até que esta reflicta os fins a que se propõe desde início.
É o que se passa com o cargo de D. João II na Ordem de Santiago. A pseudo-história afirma-o sistematicamente como sendo mestre dos espatários, quando na realidade a documentação o mostra como «Regedor e Governador» da mesma.
Frequentemente, neste tipo de cargos, a títulos diferentes não correspondem funções diversas, mas mesmo assim reflectem situações, estatutos, intenções ou missões subtilmente desiguais*.
Se não passa pela cabeça de ninguém chamar governador a um vice-rei da Índia, ou vice-versa, então porquê insistir em chamar mestre de Santiago a D. João II ou dona a Filipa Moniz?



Nos o princepe e regedor e governador da hordem cavalaria de Santiaguo destes reynos de Portugal

(...)

O qual alvara de licença em cima scripto eu Ruy de Pina scripvã da camara do princepe nosso senhor e notario pubrico por sua autoridade, trelladey fielmente do proprio original; E porem asyney aquy de meu nome, em testemunho de verdade.
Rui de
Pyna



(TT, CC, 1, 1, 29.)

Como é evidente pela assinatura final, a fiabilidade deste documento é nula, pois, como tem sido afirmado até à exaustão pela pseudo-história colombina, Rui de Pina é um falsário.
Mas se dermos o documento assinado pelo escrivão da câmara do Príncipe Perfeito como autêntico podemos comparar a intitulação de D. João II com a de seu filho bastardo, D. Jorge, e tentar ver nelas as diferenças formais.
Nos o mestre e duque (...)


(TT, CC, 2, 15, 31)


* Quem quiser saber essas diferenças, faça o favor de pesquisar e não esperar que o preto lhe faça o trabalho de sapa.

6 comentários:

Cristóvão Colon disse...

Srº J.C.S.J. é muito triste de ver como falha de novo no seu intento de mostrar a diferença entre os PODERES de um Mestre comparados com os de um Administrador.
Falha porque não deve entender o esquema das Ordens Militares em Portugal.
No comentário que lhe fiz na Quinta-feira, Abril 09, 2009 4:07:00 PM, eu pedi-lhe para explicar a quem não saiba a diferença em poderes e funções entre um Mestre e um Governador/Administrador de uma ordem. Não foi por eu não saber. Foi para que explicasse a todos os seus leitores para que eles soubessem que os Mestres tinham menos poder que os Administradores / Governadores.
A diferença era que os Mestres eram eleitos pelos membros enquanto os Governadores eram indigitados pelo REI.
Parece que o J.C.S.J. não está a par disso. Pois com D. João I tudo mudou e os Mestres eleitos foram substituidos por "Mestres" indigitados a que se deu o titulo de Governador. Estes tinham maiores poderes que qualquer outro mestre anterior por serem ao mesmo tempo Principes.
Não vê que o último Mestre eleito de Santiago foi substituido por outro mais poderoso escolhido por D. João I?
E essa de D. Jorge ser titulado de "Mestre" não lhe faz nenhuma perturbação, pois não?

Quando é que o Duque D. Jorge foi eleito Mestre de Santiago pelos membros?
Será que D. João II juntou os Espatários em Cabido e houve algum voto?
Não! D. João II disse simplesmente agora eu largo o cargo ao meu filho D. Jorge.
Tanto pai como filho teriam o MESMO PODER sejam titulados de Mestre ou de Administrador.
E tanto o Infante D. João, como o Infante D. Fernando, como o Principe D. João II, como D. Jorge detinham mais poder na Ordem de Santiago que qualquer um Mestre eleito que era somente "Mestre" enquanto D. João II era "Mestre, Principe e REI." Chame-lhe Administrador se quizer mas D. João II até tinha mais poder que o seu filho esse "Mestre e Duque" na Ordem de Santiago, poqrue D. Jorge nunca foi rei por isso os seus sujeitos eram também sujeitos da coroa de outro.

Mas nada disto importa porque o imporante é que o J.C.S.J. prove aquilo que afirmou, sem base nenhuma, que uma membro de Santiago mantinha-se ao mesmo tempo debaixo do poder da Casa de Viseu em 1478.
Prove que quando alguém entrava na Ordem de Santiago que as regras eram feitas à forma da casa de onde vinha e que todas as donas e os comendadores não necessitavam seguir as regras da Ordem por serem pertencentes a outras casas.

Ou talvez era a Filipa Moniz a única que fugia de novo à regra?

- Manuel Rosa

charlie disse...

Tive o cuidado de ler aturadamente este blogue e isto depois de ter tido o prazer de conhecer pessoalmente o dr Manuel Rosa assim como o Dr Manuel Luciano da Silva.
É notável o esforço que o autor do blogue faz para ridicularizar a tese de Cristóvão Colon seria de origem Portuguesa.
Bastaria tão somente comparar argumentos, provas e circunstâncias.
Como por exemplo essa coisa única certamente em todas as cortes da Europa, que faria um zé-ninguém estrangeiro surgido do nada tomar por esposa gente de alta linhagem e ser tratado pelo Rei por " o especial amigo". Especial amigo que foi de seguida dar os seus préstimos aos reis católicos vizinhos com quem andavam de candeias às avessas.
Do mesmo modo não entendo a chacota a respeito do étimo "colon", da sua abrangência de signigicados. Também não vejo porque assinaria Cristóvao "colombo" por ..Xpofer ./ em vez de escever que seria: Colombo.
Também não sei porque sendo ele supostamente genovês precisaria de um tradutor para italiano, enquanto escreveria perfeitamente o português, e o castelhano com os erros típicos e actuais dos que tendo nascido lusos se embrenham em punho próprio pela imortalização em papel das sonoridades de Cervantes.
Gostaria de ver neste blogue em vez do permanente rídiculo como contraprova, provas efectivas de como o descobridor da América seria filho do artífice Genovês.
Se os argumentos que os cientístas atrás citados defendem não tem o peso suficiente para que na óptica dos mais cépticos se prove a origem portuguesa de Cristóvão Colon, nenhum argumento em contrário tem sequer a aproximação e rigor dos que citei.

Maria Benedita Vasconcelos disse...

"Como por exemplo essa coisa única certamente em todas as cortes da Europa, que faria um zé-ninguém estrangeiro surgido do nada tomar por esposa gente de alta linhagem e ser tratado pelo Rei por " o especial amigo"."

"Também não sei porque sendo ele supostamente genovês precisaria de um tradutor para italiano, enquanto escreveria perfeitamente o português, e o castelhano com os erros "

"Gostaria de ver neste blogue em vez do permanente rídiculo como contraprova, provas efectivas de como o descobridor da América seria filho do artífice Genovês."

Decididamente NÃO leu atentamente este bolg, pelo que convido a segunda letura

Cpts

Anónimo disse...

Charlie, estou totalmente de acordo. Embora eu não tenha ainda lido o livro do Manuel Rosa, espero poder ler agora que há uma nova edição, tenho lido as intervenções dele neste blogue e sempre acho que são bem fundamentadas. Pelo contrário quando se lê os escritos dos autores deste blogue parece que eles fazem tudo possível para afirmar a história do genovês mesmo até nos casos em que os factos são completamente contrários à tese de um analfabeto tecelão. Acho também ridículo que as respostas dos dois lados sejam sempre presunções.

Anónimo disse...

A mesma irresponsabilidade com que se alega a falsidade dos testemunhos que demonstram a naturalidade italiana de Cristóvão Colombo é a mesma que leva à atitude criminosa dos negacionistas do Shoah.
(=Holocausto)
Artigo neste blog
«Pseudo-história: alerta à navegação»
Autor:FVF - 28 Março 09)

* Quem quiser saber essas diferenças, faça o favor de pesquisar e não esperar que o preto lhe faça o trabalho de sapa.
Artigo neste blog
«D.João II Regedor e governador da Ordem de Santiago»
Autor JCSJ - 11 Abril 09

Conclusão:
O mesmo despudor e arrogância com que os autores deste blogue tentam hostilizar quem demonstra a falsidade dos testemunhos sobre a naturalidade italiana de Cristóvão Colon leva-os também a demonstrar o seu despudor e a sua arrogância de cariz racista.

Adamastor

Maria Benedita Vasconcelos disse...

Adamastor

Aqui não se apresentam apenas testemunhos da nacionalidade genovesa de Colombo, apresentam-se também documentos comprovativos da mesma, coisa que NUNCA vi fazer aos defensores da portugalidade daquele.
Quanto ao "racismo" dos autores deste blog, gostaria que me explicasse onde está. É que me parece que desconhece completamente o significado da palavra!

Cpts