A pseudociência tem como um dos seus atributos a recusa da crítica. O mesmo se passa com a pseudo-história, como já se mostrou nesta página. A crítica é o instrumento de verificação do conhecimento e não pode haver conhecimento sem crítica.
Qualquer discurso que procure passar por História mas que recuse a crítica passa a ser pseudo-história. Como a crítica é geralmente feita por especialistas e estes se encontram principalmente em instituições – universidades, academias e centros de investigação –, a pseudo-história passa a identificar esses organismos com os seus críticos e torna-se assim anti-institucional. Esta rejeição das instituições, confundindo-as com os seus membros, também nisso é reveladora da ignorância do processo de produção historiográfica.
Não deixa por isso de ser curioso que à recusa, por princípio, das instituições se procure sustentar nelas as suas próprias convicções quando erradamente se pensa estarem elas a dar o apoio para as ideias que se professam. É este mesmo raciocínio equivocado que faz pensar serem as instituições a validar um qualquer conhecimento e não os cientistas que na área em causa trabalham, como se a Universidade A pudesse validar, ou não, a Proposição X e a partir daí mais ninguém pudesse defender o seu contrário ou algo de diferente.
Na produção do conhecimento não há qualquer instituição certificadora de verdades e mesmo quando verdades são descobertas são-no feitas por homens, eventualmente institucionalmente enquadrados.
É por isso que, quando, por todo o lado (como aqui e aqui), vão aparecendo afirmações de que a Sorbonne apoia a ideia de ser Cristóvão Colombo português, estamos perante mais uma fraude feita por quem isso afirma. Tal como é fraudulento dizer que François Baradez é professor e é da referida universidade.
Conforme está amplamente demonstrado na página de Kristol Goulm, o jornalista François Baradez escreveu – sabe-se lá porquê – um pequeno artigo laudatório numa revista (Marins et Océans, n.º 3, 1992) de que se publicaram três números antes de fechar. O mesmo Baradez fez publicar noutros periódicos textos laudatórios do livro de Mascarenhas Barreto, facto que poderá indiciar um esforço sistemático de divulgação dos erros do autor do ... Agente Secreto de D. João II. O artigo na Marins et Océans é uma opinião que não é subscrita publicamente por nenhum professor, passado ou presente, da Sorbonne ou de qualquer outra instituição das que geralmente estão associadas à investigação histórica. Tendo cessado a publicação, essa revista foi posteriormente digitalizada e posta em linha por algum instituto ligado à Sorbonne. Quem nisto quiser ver um qualquer endosso pela universidade da opinião de Baradez sobre Colombo – ou de qualquer outro autor da revista sobre os vários temas publicados – erra tanto como aquele que vir na existência de livros numa biblioteca o apoio da mesma às ideias expressas nesses livros – pura burrice!
É, também, nestes pequenos detalhes que se manifesta toda a incoerência da pseudo-história. Esta rejeita a autoridade dos académicos e menospreza as suas instituições, mas ao mesmo tempo procura afincadamente obter o reconhecimento destes. Quando isso não acontece os seus praticantes inventam graus - usados como se de títulos se tratassem - e criam novas instituições que mimetizam as que desprezam.
Qualquer discurso que procure passar por História mas que recuse a crítica passa a ser pseudo-história. Como a crítica é geralmente feita por especialistas e estes se encontram principalmente em instituições – universidades, academias e centros de investigação –, a pseudo-história passa a identificar esses organismos com os seus críticos e torna-se assim anti-institucional. Esta rejeição das instituições, confundindo-as com os seus membros, também nisso é reveladora da ignorância do processo de produção historiográfica.
Não deixa por isso de ser curioso que à recusa, por princípio, das instituições se procure sustentar nelas as suas próprias convicções quando erradamente se pensa estarem elas a dar o apoio para as ideias que se professam. É este mesmo raciocínio equivocado que faz pensar serem as instituições a validar um qualquer conhecimento e não os cientistas que na área em causa trabalham, como se a Universidade A pudesse validar, ou não, a Proposição X e a partir daí mais ninguém pudesse defender o seu contrário ou algo de diferente.
Na produção do conhecimento não há qualquer instituição certificadora de verdades e mesmo quando verdades são descobertas são-no feitas por homens, eventualmente institucionalmente enquadrados.
É por isso que, quando, por todo o lado (como aqui e aqui), vão aparecendo afirmações de que a Sorbonne apoia a ideia de ser Cristóvão Colombo português, estamos perante mais uma fraude feita por quem isso afirma. Tal como é fraudulento dizer que François Baradez é professor e é da referida universidade.
Conforme está amplamente demonstrado na página de Kristol Goulm, o jornalista François Baradez escreveu – sabe-se lá porquê – um pequeno artigo laudatório numa revista (Marins et Océans, n.º 3, 1992) de que se publicaram três números antes de fechar. O mesmo Baradez fez publicar noutros periódicos textos laudatórios do livro de Mascarenhas Barreto, facto que poderá indiciar um esforço sistemático de divulgação dos erros do autor do ... Agente Secreto de D. João II. O artigo na Marins et Océans é uma opinião que não é subscrita publicamente por nenhum professor, passado ou presente, da Sorbonne ou de qualquer outra instituição das que geralmente estão associadas à investigação histórica. Tendo cessado a publicação, essa revista foi posteriormente digitalizada e posta em linha por algum instituto ligado à Sorbonne. Quem nisto quiser ver um qualquer endosso pela universidade da opinião de Baradez sobre Colombo – ou de qualquer outro autor da revista sobre os vários temas publicados – erra tanto como aquele que vir na existência de livros numa biblioteca o apoio da mesma às ideias expressas nesses livros – pura burrice!
É, também, nestes pequenos detalhes que se manifesta toda a incoerência da pseudo-história. Esta rejeita a autoridade dos académicos e menospreza as suas instituições, mas ao mesmo tempo procura afincadamente obter o reconhecimento destes. Quando isso não acontece os seus praticantes inventam graus - usados como se de títulos se tratassem - e criam novas instituições que mimetizam as que desprezam.
Adenda de 12-12-2008.
Ver também:
CHRISTOPHE COLOMB ET LE PORTUGAL: ÉTAT DE LA QUESTION
Ouvrages de référence pour comprendre le livre de Barreto...
Les détracteurs du livre de Mascarenhas Barreto
Le professeur Mascarenhas Barreto est-il un mystificateur?
Adenda de 21-12-2008:
Fábrica de diplomas (diploma mill)
Life-experience diplomas from the Web are all the rage
Diploma mill: Bennington University
Adenda de 26-1-2009:
Qui est Mascarenhas Barreto?
9 comentários:
Bravo !
http://kristol-goulm.blogspot.com/2008/04/les-mystifications-de-pizzaro-barreto.html
É mesmo difícil manter-se calado na face de tantos disparates.
"Oportunismo - Por: J. C. S. J. às 4:11.
É este mesmo raciocínio equivocado que faz pensar serem as instituições a validar um qualquer conhecimento e não os cientistas que na área em causa trabalham, como se a Universidade A pudesse validar, ou não, a Proposição X e a partir daí mais ninguém pudesse defender o seu contrário ou algo de diferente.
Na produção do conhecimento não há qualquer instituição certificadora de verdades e mesmo quando verdades são descobertas são-no feitas por homens, eventualmente institucionalmente enquadrados."
Obrigado por validar com estas palavras tudo aquilo que os apoiantes do Colombo Português têm andado a fazer por quase 100 anos.
O refere neste artigo veio já bem explicado no livro do Porfessor Manuel Rosa, o qual sempre lamenta a falta de envolvimento das instituições portuguesas em corrigir as falsidades e em rejeitar a ideia de algum tecelão de Génova poder ter casado com uma nobre em Portugal.
Eu vou ainda mais além, não é só lamentável é uma vergonha e ainda uma falta de honestidade os nossos académicos apoiarem esse casamento promovendo o tecelão para Burguês e demovendo a Filipa Moniz de Dama privilegiada para serviçal.
O facto é que enquanto historiadores ou académicos portugueses não levarem a sério o trabalho do Professor Manuel Rosa, que é um dos "cientistas que na área em causa trabalham" (como é óbvio pelo conteúdo das suas intervenções) seguiremos sempre lendo este tipo de artigos escritos com a premissa de que aquele meio mundo que anda às avessas é aquele que recusa acreditar num tecelão da Génova e que quem está correcto são aqueles que apoiam a vida de um tecelão sem estudo e ignorante mas que andava já a participar nas audiências e obras de D. João II 20 anos antes de ser alguém.
"É, também, nestes pequenos detalhes que se manifesta toda a incoerência da pseudo-história" do genovês.
Lourenço
Sr Lourenço
Por favor defina-me o que era um burguês, na época, para ver se entendo o seu espanto pela inserção nesse estrato social social de Colombo.
Sobre o estatuto social de Filipa Moniz já aqui se escreveu, por isso queira ler seguindo a ligação com o respectivo nome na barra lateral esquerda.
Os graus académicos (de bacharel a doutor) resultam da prestação de provas de competência técnico-científica dos seus portadores perante os seus mestres e servem para graduar essas competências. Acessoriamente os graus podem ser usados como títulos de distinção social, precisamente porque ilustram a posse de duma habilitação. Do mesmo modo não se pode usar de um título correspondente a um posto militar-naval ou a um grau das ordens honoríficas quando nunca se foi militar ou nunca se foi agraciado, também quem não possui um grau académico não deve usar o título correspondente - é fraudulento!
E por aqui se começa a ver como a pseudo-história distorce a realidade histórica e o que entende por rigor.
Já agora, repito a pergunta acima,
defina o que é burguês.
Ce qui a été réellement publié par la Sorbonne ce trouve sur cette page nos venons de recevoir le texte digitalisé :
http://kristol-goulm.blogspot.com/2008/12/christophe-colomb-et-le-portugal.html
Une note importante dans ce livre indique :
La publication du livre de A. MASCARENHAS BARRETO, o Portugués Cristovâo Colombo agente secreto do Rei D. Joâo Il, Lisboa, Referendo, 1988, a suscité de vigoureuses réfutations:
- Luis de Albuquerque, "Duvidas e certezas na historia dos descubrimentos Portugueses", Vol 1, Lisboa, Vega, 1990, p105-156.
- Alfredo Pinheiro Marques, As teorias fantasiosas do Colombo "Portugués", Lisboa, 1991 ;
- Vasco Graça Moura, Président de la Commission Nationale des Découvertes, dans "Cristovao Colombo e a floresta das asneiras", Lisboa, Quetzal, 1991.
- D. Luis de Lancastre e Tavora, "Colombo, a cabala e o delirio".Lisboa, Quetzal, 1991.
Ceci est la position de la Sorbonne ou luis de Albuquerque à enseigne.
Cordielement.
Kristol Goulm
Merci par la publication du texte de Georges Boivert, que j'avais envie de connaître. C'est trés éclairissant.
Mais um livro para os especialistas da Pseudo História Colombina criticarem sem ler:
http://www.xpoferens.cat/nitoverdera/
NUEVO LIBRO DE NITO VERDERA YA A LA VENTA
Cristóbal Colón
El libro de las falacias
y relación de cuatro verdades
ISBN: 978-84-611-8722-5
Primera edición: Barcelona, septiembre 2007
232 páginas, 15.60 € (Euros)
CAPÍTULO I
La falacia del Colón italiano.
Ni colombo, ni Colonne
Cristoforo Colombo
Cristóbal Colón en los documentos españoles
Primera conclusión
Bartolomeo Colombo
Bartolomé Colón
Segunda conclusión
Giacomo Colombo
Diego Colón
Tercera conclusión
La falacia de Cristoforo Colonne
CAPÍTULO II
La falacia del Colón mallorquín
El Príncipe de Viana en Sicilia y Mallorca (1458-1460)
Juan Alfonso de Aragón y de Navarra
El Príncipe de Viana en Sicilia
El Príncipe de Viana en Mallorca
El Príncipe de Viana y Georges Desdevises du Dezert
Guiomar de Sayas, amante mallorquina del Príncipe de Viana
Enfermedades y edad de Cristóbal Colón. Informes genéticos y antropológicos de los doctores José A. Lorente y Miguel Botella
Edad del Almirante
A modo de conclusión
Notas y bibliografía consultada
CAPÍTULO III
La falacia del Colón portugués
Más teorías sobre el Colón portugués
Cuba versus Cuba
Menéndez Pidal y la lengua materna de Cristóbal Colón
La lengua de Colón vista por un filólogo portugués
CAPÍTULO IV
La falacia del Colón gallego
CAPÍTULO V
Falacias en el Colón catalán
Cristóbal Colón, catalán
Luis Ulloa y Cristóbal Colón
Recomendaciones de Luis Ulloa y Cisneros
Los Colom de Barcelona y Ricard Carreras Valls
La falacia del Cristóbal Colón de Barcelona
La falacia del Cristóbal Colón de Tarroja de Segarra
CAPÍTULO VI
Verdades acerca de la lengua de Colón
La lengua materna de Cristóbal Colón
Caracteres cifrados
Colón y el alfabeto hebreo
Léxico coloquial colombino
Léxico náutico y toponímico utilizado por Colón
Cristóbal Colón, creador de la lengua castellana
La lingua franca como coartada
Cristóbal Colón, escritor
Presuntos italianismos en la carta de Colón a Luis Santángel
El estudio de Josep M. Castellnou
El lenguaje de Colón, según Caius Parellada
Aproximación lexicométrica a las interferencias de base fonológica en los escritos autógrafos de Cristóbal Colón
La lengua de Colón en el “Libro de las Profecías”
La escritura de Cristóbal Colón: gótica cursiva de la Corona Catalano-Aragonesa
CAPÍTULO VII
Verdades sobre el léxico de Cristóbal Colón
Léxico coloquial, náutico y toponímico en los escritos del Almirante
Léxico coloquial
Léxico náutico y toponímico
Segunda conclusión
Joan Coromines i Vigneaux y Cristóbal Colón
CAPÍTULO VIII
Teoría del Cristóbal Colón de Ibiza
Los Colom de Ibiza y pobreza documental de los archivos históricos
Archivo Histórico de la Pavordía de Ibiza
Archivo Histórico Municipal de Ibiza
La toponimia como ciencia auxiliar de la historia
Distribución de topónimos utilizados por Colón y porcentajes
Topónimos de Ibiza y Formentera
CAPÍTULO IX
Verdades sobre la religión de Colón
Cristóbal Colón, criptojudío
Cristóbal Colón, Ramón Llull, Arnau de Vilanova, Francesc Eiximenis y Joan de Rocatallada
Sarah Leibovicci
Amigos y protectores conversos de Cristóbal Colón
Colón se lamenta por la ruina del Templo
El Libro de las Profecías
¿Un proyecto criptpjudío?
Beatriz Enríquez de Arana
CAPÍTULO X
Colón no era noble de cuna, sino de “mérito”
Las armas que “solía tener” Cristóbal Colón
La armas de Colón: un sello judío hecho a su medida como signo externo de elevado rango social
Colores propios del blasón de Cristóbal Colón
Las armerías del Almirante: Fundamentación jurídica de un acrecentamiento heráldico
CAPÍTULO XI
El ADN de Cristóbal Colón no coincide con el de los Colom, ni Colombo, ni Colomb
El “limitado” ADN de Hernando Colón
El cromosoma “Y” del presidente Thomas Jefferson indica que era de ascendencia judía
Oscurantismo calculado en torno al ADN y origen de Cristóbal Colón
CAPÍTULO XII
La falacia del Cristóbal Colón déspota y cruel: se limitaba a aplicar las leyes dictadas por la Corona
Los colonos
Delitos y penas corporales
CAPITULO XIII
De Cristóbal Colón a Juan Ponce de León
Enfin la vérité à propos du pseudo "Professeur Mascarenhas Barreto".
http://cristobal-colon.net/Colon/origines/barreto.htm
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